TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Natal...

Desenho do Solda
Três paixões, simples mas avassaladoras, me dominaram a vida: o desejo de amor, a busca do saber e a insuportável piedade pelo sofrimento humano. Três paixões, como vendavais, me lançaram aqui e ali, em rumo desordenado, sobre as profundezas de um mar de angústia beirando o desespero.
Busquei o amor, primeiro, por trazer consigo o êxtase – êxtase tão imenso que, muitas vezes, teria de bom grado sacrificado todo o resto de meus dias por algumas horas de felicidade. Busquei-o depois para alívio da solidão – a terrível solidão na qual uma trêmula consciência vê, dos confins do mundo, o frio, imponderável e inerme abismo. Busquei-o, enfim, porque, na união do amor vislumbrei, em mística miniatura, um esboçar da visão do paraíso imaginada por santos e poetas. Foi o que busquei e, embora talvez pareça bom demais para um ser humano, foi – finalmente – o que encontrei.

Com idêntica paixão, busquei o saber. Quis entender os corações dos homens. Quis saber por que brilham as estrelas. E tentei captar o significado da potência pitagórica na qual o número sobrepuja o fluxo. Disso, um pouco, mas não muito, consegui. Amor e saber, no que me foi possível, elevaram-me aos céus.
Mas, sempre, tristeza e pena traziam-me de volta à terra. Ecos dos gritos de dor reverberam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas pelo opressor, velhos indefesos – carga odiada pelos filhos – e todo um mundo de solidão, pobreza e dor, caricatura do que deveria ser a vida humana. Desejo aliviar o mal mas não consigo, e também eu sofro. Foi essa minha vida. Valeu a pena vivê-la e a viveria novamente, se me fosse dada a oportunidade.

Bertrand Russell, (1872-1970). Autobiografia
Comentando ... tô passeando pelos blogs deixando uma mensagem aos amigos virtuais, reais. Na MEG, Sub Rosa encontrei meu predileto Bretrand Russell. Trouxe-o para cá, Meg. O espirito de Natal que bashô em mim (e que basha todo ano) é similar ao escrito de Bretrand. Fico serelepe, cansada e emocionada. Passo pelas ruas com meu carro "versalão" verde velho, vejo as pessoas caminhando entrando no ritmo das festas (e eu entro junta) e choro com os carregadores de carrinhos de recicláveis, restos nossos carregados por homens, crianças e mulheres. As vezes, desço do carro e converso com um deles. São tantos! Tenho essa insuportável piedade pelo ser humano. DÓI, mas dói tanto que as vezes eu penso que vou ter um enfarte. Ontem fui ao centro da cidade e quando todos compram, penso: Como estão os miseráveis? As crianças que esperam em vão? Pobreza e dor são mesmo a caritura do que deveria ser o humano.
No sebo encontrei e comprei o livro Memórias de um anarquista japonês. Nunca soube de anarquista japonês. É Osugi Sakae (edição Clássicos Conrad). leiam o que ele escreveu em 1920:
"Nós somos frequentemente derrotados nas greves. Mas, seja como for, não importa o quanto sejamos batidos, não há como esquecer a alegria que sentimos durante a luta. O prazer de exercitar nossa força de vontade. O prazer ao testar nossa força. O prazer de ver a manifestação de camaradagem real entre camaradas. O prazer de ver as froças inimigas claramente definidas. E acima dos prazeres, o prazer de ver uma imagem, ainda frágil e fugidia, do futuro e do futuro da sociedade".

Nenhum comentário:

Braziu!

Braziu!

Arquivo do blog

Marcadores

Eu

Eu

1859-2009

1859-2009
150 anos de A ORIGEM DAS ESPÉCIES

Assim caminha Darwin

Assim caminha Darwin

Esperando

Esperando

Google Analytics