TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Uma boa opinião ou Pensar dói.


Imagem: Banksi
Da MARY também


E já que estamos ressuscitando. Eu queria falar rapidamente sobre o caso do menor que participou do assassinato do João Hélio. E que foi solto depois de cumprir os três anos de ressocialização. E que depois foi colocado e tirado do programa de proteção. E isso que todo mundo sabe. Eu acho super importante mas não vou tratar aqui daquilo que inventaram. Que ele tava na Suiça. Eu não entendi nada sobre essa invenção, mas dou conta de especular bastante. Sobre todo esse lugar que a Suiça tem no imaginário brasileiro. E sobre isso de entrar num programa de proteção ser considerado um prêmio. Uma ideia que as pessoas mais liberais espalharam. E aí eu penso se isso do "Estado cuidar de mim" ainda é a meta.

A contradição está, obviamente, que os liberais deveriam afastar essa ideia e considerar uma merda ser colocado num programa proteção. Eu sou toda esquerdinha e não consigo pensar numa coisa pior pra minha vida. Mas enfim. Não vou falar sobre isso. Eu passei esse mês às voltas com o ECA, isso que eu quero dizer. E dentre tantas coisas que li sobre isso, a mais legal diz respeito à revolução que o ECA representa. Que antes dele, a legislação só se preocupava com o menor se ele oferecesse um risco aos adultos. Então você tinha uma legislação apenas punitiva. O menor não era sujeito dos direitos. Mesmo quando ele tinha direitos, eram os direitos que interessam aos pais etc. A criança e o adolescente mesmo, não tinham nenhum. Então, a Constituição de 88 propôs um novo olhar, mais democrático, sobre tudo isso. E resolveu transformar crianças e adolescentes em sujeitos de direitos. E aí tem esse gesso, né? Você tem que definir o que é criança e adolescente e a nossa sociedade usa faixa etária pra fazer isso. E ninguém gosta muito desse critério, porque ele realmente é pobre. Mas ninguém consegue dizer outro. Então as crianças passaram a ter direitos. E você pode dizer que quase não são aplicados. Mas fez bastante diferença. Em alguns sites, de ONGs etc., há relatos de como o ECA mudou minha vida. E claro que são bobos e meio mal escritos. Mas mostram pra gente algumas coisas.

Um deles conta história de um menino deficiente que precisava de cuidados especiais na escola e não tinha vaga em escolas públicas que ofereciam isso. E então o promotor ficou fuçando e encrencando até que o estado foi obrigado a pagar uma particular pro moleque até que uma vaga na pública aparecesse. Entendeu? O moleque tem o direito. E assim por diante. Sei que a gente escolheu isso. Como a infância e a adolescência passaram a ser vistas como fases do desenvolvimento, precisam ser protegidas. A gente escolheu proteger porque consideramos que algumas coisas que acontecem durante esse período podem ser extremamente nocivas pra criança e que temos responsabilidade, caso aconteçam. A criança e o adolescente, por exemplo, não podem ficar em situações de risco. E isso é extremamente complicado. Baseado nisso, de criança em situação de risco que o juiz daqui criou o toque de recolher para menores de 18 anos. Ele considera que a rua oferece riscos depois das 11 da noite. E a ideia é impedir o risco. Eu vejo alguns problemas com essa lei, mas entendo que é uma interpretação possível do ECA. Tanto que tentam revogar e não conseguem. É uma preventiva exagerada essa, eu acho. Mas o principal problema, pra mim, é que para algumas crianças a casa é um ambiente de risco e se a gente radicalizar daqui a pouco ninguém mais pode ficar em lugar nenhum. O menino que participou do assassinato. Ele estava numa situação de risco quando o crime foi cometido. Isso que eu acho. Porque nós decidimos assim. Que quando menores de 18 anos estão na companhia de criminosos é porque o Estado #fail. Ele não deveria estar ali. Os danos são imensos e ele precisa ser reabilitado. Então ele cumpriu uma pena e o juiz achou que ainda não estava totalmente pronto. E então ele tem que fazer semiaberto etc. O caso da proteção não deveria nem precisar de explicação. Quando ele vai pra audiência, a segurança tem que ser reforçada. Quando a gente vê a reação popular, a tecla única é a do linchamento. Se eu fosse juíza, não soltava esse menino sem proteção de jeito nenhum. Veja que assumimos um compromisso com proteção e desenvolvimento dos nossos menores. Falhou quando ele estava na companhia dos assassinos e participou do assassinato. Tá falhando na hora de reabilitar. E vai falhar de novo na hora da integração? Pelo visto sim. Eu não vejo por onde ficar puto com a proteção sem mudar TODA a concepção que temos de infância e juventude. É preciso que as pessoas entendam o que é visão de mundo. Se temos essa na nossa Constituição, temos que bancá-la e fazê-la funcionar. #irãfeelings e #taliãofeelings falaram no twitter. E essa a impressão mesmo. De que a proposta das massas é o retrocesso. Então decidam aí. O que não pode é todo mundo ficar feliz quando o promotor arranja uma vaga pro menino deficiente e irado quando outro garoto é colocado no programa de proteção. Fica difícil pensar o país, o futuro e qualquer merda assim. Fica difícil fazer sentido.

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Peço desculpas antecipadas pelos erros na abordagem do estatuto. Principalmente pra cam. Ou quase que exclusivamente.


O texto fica confuso porque é a medida da minha confusão. Eu tenho dificuldades em entender leis etc. Muita mesmo.

ai ai ai ai ai ai ai ai



da Mary


Eu tive uma chefe que está afastada do cargo. Eu admiro muito essa mulher e sempre que puder fazer algo por ela, farei. Meio que em cima da hora, a faculdade pediu pra ela organizar o curso preparatório para concurso de professor. Ela veio aqui em casa no carnaval (porque tá morando em outra cidade) e pediu pra eu dar aula de 3 livros indicados. Eu disse que ok e fiquei com a primeira aula pra amanhã. Porque os outros professores não toparam, com prazo tão curto. Mas eu faço coisas impossíveis por ela. Na boa, é uma das pessoas que mais ajudou profissionalmente. Quarta-feira ela me liga. Eu teria que dar aula de um quarto livro. Pra amanhã também. E me mandou o livro. E é, talvez, o livro mais chato do mundo. É um desses livros sobre pedagogia do futuro. Ou o ensino em tempos tecnológicos. É uma bosta. Ele faz toda uma teoria a respeito das mudanças da corporeidade (ui). E como cérebro e mente estão se adaptando ao cibernético. É um teólogo que escreveu esse livro. Na capa ele mente e diz que é filósofo e sociólogo. Ninguém é filósofo e sociólogo. Só Marx. E ele fica só dizendo aquelas coisas. Que o paradigma cartesiano foi superado e que agora temos novas referências para pensar a realidade e o corpo humano. A anatomia não dá mais conta e ela tem que pedir ajuda para a teoria do caos e as teorias dos sistemas complexos. Como ele nem sabe direito o que nenhuma dessas teorias que ele tanto cita, a gente só consegue ler uma coisa durante todo o livro. Bláblábláblábláblá. Minha aula é amanhã à 1 da tarde. Eu tô na metade do livro. Porque tenho que montar a apostila e tô lendo e montando ao mesmo tempo. Aí inventei uma coisa arrojada, né? Dormi a tarde inteira. E dou aula agora e depois entro a madrugada até acabar isso tudo. Pra ser sincera. Tô sem intenção de dormir. Termino de fichar às 6 da manhã. E fico formatando as apostilas até a hora da aula. Não tem nada mais chato que dar aula pra concurso. Porque você não pode discutir. Criticar. Ilustrar com imagens ou um curta-metragem. É só informação, informação e informação. No caso de um concurso para professores. A informação é a respeito de como uma aula não deve ser apenas centrada na informação.
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É o segundo concurso pro qual eu dou aula, organizado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Tô pra ver um órgão mais incompetente. Eles tem essa mania de pedagogia do amor. E tudo aquilo que o tonto do Gabriel Chalita nos ensinou. Daí que sempre tem montes de teológos e coisas assim na bibliografia. Na boa, é de chorar.

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Mary:
Um dos GRANDES problemas das secretárias de educação é a quantidade de lixo que vai indicada aos professores. Se em São Paulo a fase é a da pedagogia do amor, Chalita, e mais baboseiras, no Paraná é a teoria histórico crítica. É a teoria pseudo-marxista Faça a guerra contra o amor. Tudo vira história, tudo vira crítica, mas a escola é a mesma. Jeitão de Chalita de esquerda. Professores lendo repetindo chargões... Dá um bruta sono!

Cats


Ronald Searle

Viva o povo brasileiro...

Foto: lauro cabral de Oliveira ; 1938
Esta foto ... eu a via nas revistas que meu pai comprava quando eu era criança. Ficava com medo. Meu inconsciente estava sendo domesticado. Se errar nesse país, terá teu pescoço cortado.

O que falar quer dizer...


Foto Bresson
sabe aquela vontade de atacar? aquela vontade de ir às últimas consequências? Furar o bloqueio? Mandar tudo aos ares? Poizé!

Braziu, brazilha...


Não confunda ...

DO MILLÔR

Continuando...

Não confunda:

- menos com MENAS
- reflexão com ginástica
- percepção com impressão
- modo de produção com história
- classificação com metodologia
- dar aulas com solilóquio
- patinar com patinhar (de acordo com Ledo Ivo, patinar é andar de patins, patinhar é andar como pato)
- enquanto com COMO (aquelas frases odiosas enquanto professor)
- escrever com jogar letras e palavras (eita, são as dissertações que leio)

e por aí vai....

Uma coisa é certa ...

... se o FHC, narciso, continuar a falar em nome do ZÉ Serra, dos tucanos, a Dilma ganha a eleição. Ninguém suporta tanto desdém.

Hoje eu acordei assim ...(e a semana vai do mesmo modo)

Escultura de Camille Claudel

Eita, Braziu!


Não sei quem me enviou. Adorei!

Mais uma opinião...


Sua majestade, o professor Cap-tirado da UOL
Pesquisa de sociólogo da UnB aponta que, para a maioria dos alunos, um bom docente vale mais do que instalações luxuosas

Marta Avancini


Num tempo em que a concorrência entre as instituições de ensino superior se acirra, a questão da sobrevivência das organizações coloca-se como preocupação central para muitos gestores. O que faz a diferença nesse contexto? A infra-estrutura, a gestão ou o relacionamento entre alunos, professores e funcionários?

Uma pesquisa realizada pelo sociólogo Gilson Borda, que resultou na sua tese de doutorado, defendida na Universidade de Brasília, contém algumas ideias que podem ajudar as instituições a se posicionarem nesse contexto. A partir de questionários e entrevistas aplicadas a 351 alunos de duas instituições de ensino superior particulares do Distrito Federal, Borda concluiu que um bom professor vale mais do que instalações luxuosas. O resultado é válido para 80% dos estudantes que participaram do estudo e está relacionado, segundo o autor do trabalho, a uma mudança das relações que estão em curso no mundo contemporâneo.

Além de alunos, que responderam a um questionário com questões semi-abertas, foram entrevistados 14 gestores e profissionais das duas instituições. Uma delas existe há mais de 40 anos e localiza-se no Plano Piloto (área central de Brasília); a outra é pequena, nova e fica numa cidade-satélite (periferia). O autor conta que optou por investigar instituições com perfis diferentes para obter mais abrangência de resultados.

"Na segunda metade do século passado prevaleciam o capital econômico e o capital intelectual como valores das organizações. No cenário atual, o capital social está ganhando cada vez mais espaço como fundamento da relação de confiança que uma organização estabelece com as pessoas", diz Borda, explicando que capital social diz respeito às relações das instituições com clientes, prestadores de serviço, funcionários ou a comunidade em geral. Na opinião dele, a importância do capital social só tende a aumentar.

E, nesse processo, os professores desempenham um papel fundamental, afinal, são eles que convivem com os estudantes no dia a dia, constituindo-se na face mais visível da instituição. "O professor consolida ou não a confiança que o aluno mantém com a instituição de ensino", sintetiza o pesquisador. Ele considera que a sobrevivência das instituições está relacionada ao estabelecimento de relações de confiança, sobre as quais se constrói a credibilidade.

Para Borda, esse resultado implica o rompimento de algumas ideias preconcebidas, como a de que a imagem se constrói apenas por meio de uma comunicação eficiente. "A espiral de confiança é construída à medida que são reforçados os valores fundamentais", explica o pesquisador. Ele constatou um grau de satisfação maior dos alunos da instituição mais nova e menor, onde os resultados indicam a existência de maior engajamento dos professores. Por isso, ele reitera que o capital econômico e tudo que se associa a ele (investimento em infraestrutura, por exemplo) está vinculado ao capital social (o bom ou mau relacionamento com alunos, por exemplo). Novamente, os docentes são fundamentais nesse processo: o estudo aponta que a qualificação dos professores é o principal fator de atração de uma instituição .

Para Fábio José Garcia dos Reis, diretor de operações do Centro Unisal, em Lorena, no interior de São Paulo, o reconhecimento da importância do professor numa instituição educacional é algo que se constata ao longo da história e continua valendo até hoje. "Os professores tornam-se referência pelas suas publicações, pelo relacionamento com o mercado, pela sua capacidade de elaborar novos projetos e serviços e pelas diversas conversas com os alunos na orientação para o estudo, pesquisa ou trabalho", afirma.

Para Roberto Lobo Leal e Silva Filho, diretor da consultoria Lobo & Associados, o professor é o "DNA da instituição". "Não adianta ter um salão de mármore se os professores forem omissos", sintetiza. Entretanto, ele considera que o professor tem peso maior ou menor dependendo do perfil da instituição. "Nas instituições de massa, o valor da mensalidade pode ser um forte fator de atração", analisa. Mas mesmo nessas instituições, ressalva o consultor, não se pode esperar a oferta de um ensino de qualidade somente com professores horistas.

Reis se contrapõe, enfatizando que a credibilidade não está relacionada, necessariamente, ao tempo de dedicação do professor, embora reconheça que é importante ter muitos docentes vinculados a fim de se levar adiante projetos de pesquisa, ensino e extensão. "É ideal, mas o alto custo torna isso inviável para muitas instituições privadas."

Titulação é atrativo

Ao realizar a pesquisa para a sua tese de doutorado pela Universidade de Brasília, o sociólogo Gilson Borda pediu, em questionário distribuído aos alunos, que eles enumerassem, de forma classificatória (1º, 2º, 3º lugar), o que mais os atraiu no momento de escolha de uma instituição de ensino superior.

Para 86,6% dos participantes, a qualificação e a titulação dos professores foram marcadas como um dos cinco atrativos mais importantes para a escolha da instituição, distribuídos da seguinte forma: 32,5% dos alunos consideram a qualificação dos professores como o item mais importante; 20,7% como o segundo item; 13,6% como terceiro; 9,3% indicaram como quarto item e 10,5% marcaram como quinto fator. Apenas 1,9% dos participantes enumeraram a qualificação e a titulação dos professores como item menos importante entre os expostos.

Em sua tese, Borda observa que a marca da instituição também é um fator de referência para a credibilidade. "Em um momento inicial, caso o aluno não conheça o professor, ou não tenha informação suficiente sobre ele, é [a instituição educacional] quem pode validar o docente e sua formação", escreve. Em outros casos, especialmente se a instituição está em fase de desenvolvimento de sua imagem institucional, é o professor, pelo seu bom currículo, que gera valor e atratividade para a marca.

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Comentário: nas faculdades e universidades privadas é difícil um aluno ter contato com seus professores. os docentes são expoliados minuto a minuto.

Nas públicas, isso gerará outro texto....

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Uma opinião para pensar, debater


Imagem: Andy W.
texto enviado pelo Raymundo de Lima
Grata!
O Conselheiro Andrógino e o Intelectual Frio - Uma Alternativa Inexistente
Beth A. Keiser - 1º.mar.2002/Associated Press

Cena de "As Tetas de Tirésias", ópera de Poulenc baseada na peça de Apollinaire, em Nova York, com cenário de David Hockney
CLASSE MÉDIA INTERNACIONAL DISPENSA OPINIÕES E CONSELHOS DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS HUMANAS, QUE DEVEM ADMITIR QUE SUA FUNÇÃO NA SOCIEDADE É A DE PENSAR E IMAGINAR O QUE NINGUÉM MAIS PENSA NEM IMAGINA

por Hans Ulrich Gumbrecht

Um velho amigo, desses que têm o dom de nos irritar, mas de quem nunca conseguimos nos desligar, me perguntou outro dia se não achava que nós, professores de ciências humanas e intelectuais, deveríamos nos empenhar mais em recuperar nosso tradicional papel de conselheiros em assuntos públicos e também particulares. "Que outros seriam mais cultos, mais economicamente independentes e, portanto, mais eficientes nessa tarefa que nós?", indagou a este seu amigo cético. E não pude deixar de atribuir o entusiasmo dele a um texto recentemente publicado numa coluna da revista dominical do "New York Times", um texto sobre um doutor em filosofia que fazia fortuna atuando como consultor existencial, por assim dizer, a despeito dos protestos e até das ações legais de todo tipo de comunidades, clubes e associações psicanalíticas. Mas minhas dúvidas quanto à possibilidade de virar um conselheiro são mais de ordem histórica do que de natureza sistemática. É de uma ingenuidade grotesca (embora encantadora) pensar que somos ou já fomos um dia economicamente independentes. A idéia do intelectual como conselheiro é mais um exemplo dessa crença de que algo existiu no passado porque nunca existiu na realidade. Talvez só haja duas exceções a essa regra: uma digna de apreço, outra paradoxal. A digna de consideração refere-se àqueles "médicos" de que falam alguns cronistas medievais espanhóis e portugueses. São descritos como indivíduos sábios, em geral pertencentes à comunidade judaica, e destituídos de qualquer ligação formal com a corte, embora acompanhassem os reis em suas horas mais tristes e difíceis, dialogando com eles de forma franca, sem jamais se tornar alvo da cólera real. A exceção paradoxal é constituída pelos psicanalistas de hoje (já prestes a se converter numa das idiossincrasias culturais sul-americanas). A renda de um psicanalista depende de seus clientes. No entanto estes se comportam como se não tivessem nenhum poder sobre aquele profissional, eis a essência do contrato entre ambas as partes. Possíveis queixas de ineficácia do tratamento serão imediatamente interpretadas e reprimidas como sintomas neuróticos ou até mesmo psicóticos do cliente.

Projeto de vida
Decerto, já prevendo minha opinião e os argumentos que expus acima, embora nada lhe tenha dito, meu amigo invocou fenômenos bem prosaicos da cultura contemporânea. Citou um tipo de literatura sempre encontrada nas caras livrarias dos aeroportos e shopping centers, livros especializados em conselhos práticos para toda espécie de situação, em projetos de vida "com embasamento científico". "Lebenshilfe" (literalmente: assistência de vida), assim chamam na Alemanha essa literatura de auto-ajuda. Tais livros costumam ficar em evidência por um curto período, durante o qual figuram em várias listas de "mais vendidos" e são resenhados nas revistas mais lidas.
Contudo esses períodos de exposição ostensiva são curtos demais para fixar os nomes de seus autores ou tornar largamente aceitas as formas de comportamento por eles prescritas.
A exceção paradoxal é constituída pelos psicanalistas de hoje (já prestes a se converter numa idiossincrasia cultural sul-americana)
A moda é tão volúvel no vestuário quanto nas dietas, estas só duram mais que seus efeitos. Acreditar no dr. Atkins, por exemplo, parece hoje tão antiquado, tão retrógrado, quanto usar calças boca-de-sino sem uma óbvia intenção nostálgica. A velocidade das mudanças e a concomitante leveza da escrita já bastariam para excluir o professor de ciências humanas do mercado dos livros de auto-ajuda. Além disso, e esse é o fato decisivo, os conteúdos que lemos e ensinamos não nos tornam mais abalizados do que o cidadão comum na maioria das questões práticas. Quem pediria a opinião de um professor de filosofia sobre o mercado financeiro? Quem pediria conselhos conjugais a um especialista em poesia medieval? É perfeitamente compreensível, portanto, que nunca tenhamos sido consultados profissionalmente sobre questões de natureza prática.
Mas quais funções designariam hoje nossas genealogias profissionais e por que me refiro a "genealogias" no plural? Ao examinar nossa pré-história, logo constatamos: nós, intelectuais contemporâneos, somos fruto de duas tradições diferentes que convergiram e acabaram por se fundir já no início do século 20 -a do scholar e a do intelectual do Iluminismo. Para complicar, existiam duas versões de scholar. Sempre metido num paletó de tweed, o "gentleman scholar" anglo-americano era um leitor sofisticado, comentava e discutia os clássicos com pequenos grupos de alunos sob sua orientação e supervisão de "tutor". Tratava-se de um pedagogo que agia como se não tivesse profissão alguma e que se orgulhava disso. Dar a impressão de se esfalfar no trabalho ou, pior ainda, escrever muito constituíam claros sinais de mau gosto aos olhos do "gentleman scholar". Ser admirado pelo bom gosto em matéria de literatura, arte ou música, nisso consistia o objetivo máximo, a distinção suprema para ele. Em contrapartida, os professores de ciências humanas alemães do século 19 tinham por ideal de vida e meta profissional a "pesquisa" (palavra que o "gentleman scholar" jamais usaria para descrever seu ofício) e, a exemplo de Jacob e Wilhelm Grimm, seus mais ilustres antecessores, sonhavam em conscientizar a nação de sua autêntica identidade por intermédio de seu passado. Com isso, ganharam dos inimigos a irônica alcunha de "praeceptores Germaniae" (preceptores da Alemanha).

Pretensão de preceptor
Nenhum desses dois modelos -o do pesquisador-preceptor e o do "gentleman scholar"- sobreviveu. Dado o reduzido número de estudantes por ele contemplados, o modelo de ensino tutorial do "gentleman scholar" deixou de ser economicamente viável, exceto em universidades que cobram US$ 40 mil por ano de cada aluno. E hoje os próprios professores acham divertida a pretensão do "preceptor" de exercer um papel político tanto no plano nacional quanto no internacional.
A classe média internacional está bem consciente dos desafios econômicos, ecológicos, demográficos e culturais que enfrenta, dispensando o auxílio de intelectuais para lhe despertar essa consciência
A genealogia do intelectual não acadêmico recua bem mais na história. Até já se apontou como pai dos intelectuais o misantropo de Molière, essa criatura moralmente cândida, que se sente deslocada na sociedade por desprezar a hipocrisia e a agressividade nela reinantes. Em meados do século 18, indivíduos cultos que se julgavam vítimas da sociedade começaram a intitular-se "philosophes" e a atribuir sua excentricidade e seu sacrifício a uma vocação para "conduzir a sociedade através da noite, guiando-se pela tortura chamejante da verdade", segundo propõe Diderot na "Enciclopédia". E esse seria precisamente o papel dos "philosophes" consagrado pela Revolução Francesa. Cem anos depois, já na ambiência histórica do fim-de-século, a visão do "philosophe" como um líder nato se reduziu a uma nova autodefinição do intelectual como aquele que assume o compromisso de ser incondicionalmente crítico, e só então a palavra "intelectual" se tornou o termo de referência. O intelectual invariavelmente crítico não mais se reputava detentor da verdade ou de valores éticos. Talvez por isso os intelectuais almejem tanto desde então se associar ao "proletariado" ou às "massas", nos quais vêem a encarnação da legitimidade moral.
Neste princípio de século 21, embora poucos intelectuais profissionais (e quase todos são também professores) admitam ter abandonado esse modelo de intelectual absolutamente crítico e marcado por uma consciência de classe, não restou muito -se é que restou algo- de sua tradição no plano político-social do mundo industrializado. A classe média internacional em sentido amplo está bem consciente dos desafios econômicos, ecológicos, demográficos e culturais que enfrenta, dispensando o auxílio de intelectuais para lhe despertar essa consciência. Não se trata de conscientizar, mas de encontrar um meio de realizar as mudanças cuja necessidade todos reconhecem.
Nós, herdeiros dos "philosophes" do século 18 e dos "scholars" do século 19, sem dúvida não nos habilitamos para o cargo de engenheiros dessas mudanças. Coube-nos, porém, pensar o que quer que se revele demasiado complexo e portanto arriscado de conceber no âmbito dos mecanismos muitas vezes precários de nossas realidades cotidianas. Noutras palavras, pensar e imaginar o que ninguém mais pensa nem imagina (justamente por não ser nada "prático" fazê-lo), acumulando assim uma reserva de pensamentos, visões e desejos não pragmáticos, mas capazes de manter a sociedade receptiva a possíveis mudanças futuras, capazes de preservar a flexibilidade social.

Opção única
Meu exasperante amigo consideraria essa descrição do papel dos intelectuais muito abstrata e fria, quando não cínica. Num dia propício, eu tentaria convencê-lo de que não nos restou outra opção: ser catalisadores da complexidade -de uma complexidade intransitiva, sem utilidade e aplicação imediatas- é tudo o que podemos ser hoje. Como meu amigo diz apreciar a literatura de língua alemã, eu poderia argumentar: minha visão afina-se com a de Robert Musil em seu incomparável romance "O Homem sem Qualidades". Quando inventou há mais de 70 anos a personagem de Ulrich, Musil criou nosso precursor ficcional, pois o herói daquele romance tem tantas possibilidades que não consegue formar uma identidade. Por um breve período, Ulrich é feliz e bem-sucedido como matemático, profissão que lhe permite e até lhe exige, conforme escreve Musil no capítulo 11, pensar de modo diferente, "cultiva[r] um pensamento diverso do das pessoas comuns". E acrescenta: "Acontece periodicamente que algo até então considerado erro de repente inverta todas as idéias ou que um pensamento insignificante e desprezado comece a dominar todo um novo reino de idéias". Infelizmente, o protagonista acaba cedendo aos insistentes convites de Graf Leinsberg, aristocrata e político influente no Império Austro-Húngaro de Musil, para ser seu conselheiro no projeto de uma celebração pública do multinacional Estado austríaco e seu imperador. O desempenho de Ulrich nessa nova função não poderia ser mais desastroso. Sua maior qualidade, a de pensar sempre no amplo leque do possível, do concebível, se transforma na inconveniente inaptidão para agir. Sob o efeito dessa experiência tão deprimente quanto banal de ser incapaz de agir pelas mesmas razões que fazem dele um pensador privilegiado, Ulrich se apaixona por sua irmã Agathe. Bonita e inteligente, Agathe não possui o fulgurante intelecto do irmão. Não mais vivendo o amor apaixonado de sua juventude, desperdiça anos num casamento com um ambicioso professor de ensino médio, tão maçante a seus olhos que não consegue nem odiá-lo. Mas Agathe toma a decisão de pôr fim ao casamento, irreversivelmente. Ulrich chama de "misticismo" o que admira na irmã, isto é, a capacidade de agir resolutamente, guiada por sentimentos intensos tanto quanto ou até mais do que por idéias e juízos.
O conselheiro perfeito teria de ser ao mesmo tempo Ulrich e Agathe; um conselheiro com o poder de análise e a intensidade de sentimentos esperados por seus clientes teria de ser uma figura andrógina
Nesse aspecto, o romance de Musil poderia escandalizar os leitores de hoje, em geral esclarecidos pelo feminismo. Como seu protagonista, o autor parece associar às mulheres e talvez apenas a elas tal "misticismo", tal confiança nos próprios sentimentos, tal sabedoria mundana e, sobretudo, tal capacidade de ação. Uma vez que já ingressei no arriscado território da controvérsia, por que não levar mais longe essa reflexão sobre a (im)possibilidade de o intelectual atuar como conselheiro? O conselheiro ideal deveria ser capaz de conjugar uma maior complexidade de pensamento a um sentimento de zelo e a uma habilidade para agir solucionando problemas. Noutras palavras, o conselheiro perfeito teria de ser ao mesmo tempo Ulrich e Agathe. Um conselheiro com o poder de análise e a intensidade de sentimentos, o ardor, esperados por seus clientes teria de ser uma figura andrógina. Para quem acredita na sabedoria atemporal de intuições arcaicas, não é surpresa alguma a existência na mitologia grega de uma personagem que parece corresponder exatamente a esse híbrido. Trata-se, é claro, de Tirésias, o famoso adivinho tebano e conselheiro que tenta ajudar a família dos reis locais com profecias, interpretações e conselhos, mas nada disso, conforme demonstra o caso de Édipo, tem grandes conseqüências práticas. A tradição mítica descreve Tirésias como personagem andrógina, condição essa explicada por diferentes versões. Segundo uma dessas variantes do mito, Tirésias encontra duas serpentes copulando, mata a serpente fêmea e em decorrência disso muda de sexo. Sete anos depois, vendo-se diante da mesma cena, mata a serpente macho e torna a ser homem. Em outra versão, mais psicológica e menos poética, Tirésias é chamado a arbitrar uma discussão entre Zeus e Hera sobre quem sente mais prazer no amor físico. Nada mais natural nessa disputa que consultar aquele que teve a experiência de ambos os sexos. Mas, ao afirmar que o prazer feminino seria nove vezes maior do que o masculino, é punido pela deusa com a cegueira. Não por acaso, durante a Primeira Guerra Mundial, preocupado com a questão demográfica na França, Guillaume Apollinaire chamou sua peça de teatro sobre um adivinho que dá à luz centenas de crianças todos os dias de "Les Mamelles de Tirésias" (As Tetas de Tirésias). Meu querido amigo irritante estaria torcendo o nariz já há algum tempo. Não por me atribuir preconceitos pequeno-burgueses (como poderia tê-los?) e muito menos por julgar que discrimino pessoas adultas com desejos incestuosos ou corpos andróginos. Mas talvez concordássemos num ponto: a androginia não é algo que alguém possa ou deva estabelecer como meta, por mais que alguns desejem ardentemente ser andróginos.

Alegoria da impossibilidade
Se a androginia não é algo a que possamos ambicionar, então Tirésias serve perfeitamente de alegoria dessa impossibilidade de os intelectuais atuarem como conselheiros. Uma existência eminentemente prática, feita de decisões e ações, é incompatível, ao menos nas atuais circunstâncias, com o tipo de vida intelectual ainda válido para nós, ou seja, aquele em que desempenhamos o papel de catalisadores da complexidade. Sem dúvida, trata-se de um papel que prima pela frieza. Mas por que desejaríamos uma vida profissional mais "calorosa"? Por que não reservar isso para as ocasiões em família, os momentos entre amigos?
Nossos alunos merecem algo melhor, outro tipo de energia da parte de seus professores. Antes de mais nada, deveríamos perguntar a eles se têm algum interesse em nossos conselhos práticos.
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Hans Ulrich Gumbrecht é teórico da literatura e professor no departamento de literatura comparada da Universidade Stanford (EUA). É autor de, entre outros, "Modernização dos Sentidos" (ed. 34). Tradução de Bluma Waddington Vilar.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Dum dia desses de fevereiro

Do Blog do Guto Cassiano
"Nosso trabalho exige a sedimentação de uma consciência moral de nossas responsabilidades, a obstinada decisão de não cometer erros, de jamais aceitar qualquer arranhão nos procedimentos éticos que devem nortear nossa conduta: transparência, moralidade, eficiência e trabalho.”

José Sarney (PMDB-AP), na reabertura dos trabalhos do Senado

Frase do dia do Blog do Noblat
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COMENTÁRIO: Hoje, segundona braba, mesmo com uma hora a mais de sono, ouvi pela CBN nacional que um senhor, senhor, do Rio de Janeiro, chamou a polícia quando viu duas meninas se beijando.
Por increça que aparível, ou por INCRÍVEL que pareça, isto é BRASIL!!!!!! Ninguém chama a polícia pros senhores corruptos, para a ladroagem, para a malandragem política. Mas, para um lindo e gostoso ato de se beijar. Aiii, que tesão sufocado, o do delator!
Tô desconfiada que o pobrema no braziu é sequiço. Tesão reprimido, recalque antigo... Beijar pode, mas só escondinho no congreçio.

Nofa!


Da Cremilda Teixeira, de São Paulo

20/02/2010 - 20:07
Todo mundo quer ser professor


Abertas as inscrições para professor de escola pública. Este ano tem metade dos candidatos… tem 26 candidatos para cada vaga. O ano concurso passado tinha 50. Tanta gente que precisou a Polícia Militar para organizar a fila.
A esperança de entrar na escola, gente nova, sangue novo. Pessoas capacitadas e avaliadas pelo concurso durou pouco.
Alegria de pobre dura pouco mesmo.
Como noventa e dois por cento dos professores que já davam aula como temporários, não foram aprovados… entendeu-se que ia haver uma renovação saudável na rede… Seriam pessoas chegando com novas propostas, pessoas de fora, sem nenhuma interferência de fora. Talvez desses novos professores, a maioria seria gente comprometida e com vocação.
Ledo engano…
A Apeoesp fez uma movimentação monstro contra o resultado do concurso: “invadiu” a Assembleia Legislativa de SP e os deputados foram “sensíveis” ao problema dos professores… professores que não conseguiram passar no concurso. Questionavam o critério e queriam que os professores reprovados fossem avaliados pelo tempo de serviço que já tinham…
Ora, um professor que tem nove anos dando aula, sem ter condições, foi agraciado com uma reviravolta… onde – não se sabe como, mas foi efetivado.
Quem passou no concurso e estava fora da rede, continuou de fora.
Então, o concurso só era mesmo para efetivar quem já estava na rede.
Isso a gente pode chamar de concurso ??? Acho que nem no dicionário tem o nome desse recurso…..
O mesmo acontece com a provinha aplicada o ano que passou. Era uma provinha para avaliar o professor na sua matéria. Mesmo quem não passou vai continuar dando aula…
Então, essa multidão de professores, que se inscreveram, está jogando tempo de dinheiro no lixo, uma vez que apenas 8 por cento dos concursados aprovados é vão entrar.
Uma concorrência desleal… Mas ainda tem muita gente querendo ser professor

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COMENTÁRIO: Cremilda, perdoe-me as palavras.. o babado agora é não estudar. Estudar para quê, se o professor ganha tão pouco? Assim, fica meior pro Serra, seus secretários, pro Lula, preçe pessoá...

Amanhã


Amanhã, amanhã vou falar com o reitor. Aiii.

Para que serve?

Do Leonardo Ferrari, Psicanalista, Curitiba

Obra de Kerry Tribe no outdoor da Avenida LaBrea, em Los Angeles, na exposição do MAK Center for Art and Architecture, “How Many Billboards? Art in Stead”, espalhada em 21 outdoors com obras de diferentes artistas pela cidade. Fotografia de Gerard Smulevich/cortesia MAK Center for Art and Architecture na coluna “Seeing Things” de Brooke Hodge in The New York Times, 18/2/2010.

Em uma das cenas mais belas da história do cinema, Steve Martin para o carro no meio da freeway e começa a conversar com um dos milhares de outdoors da cidade. Está no lindo “L.A. Story”, de 1991, dirigido por Mick Jackson. Essa foi um pouco a idéia maravilhosa de Kimberli Meyer, diretor do MAK Center de Los Angeles, na substituição da onipresente propaganda por obras de arte, como essa sensacional de Kerry Tribe. Eis aqui a essência da arte em sua resposta magnífica à pergunta síntese de nossa época: para que serve? Para nada!
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COMENTÁRIO: Ferrari, linda arte! Lindo texto! Hanna Arendt respondeu certa vez à essa questão: " Para que serve isso?" com outra pergunta: PARA QUE SERVE SERVIR? Meus alunos das ciências biológicas já perguntaram para que serve a disciplina história das ciências e da metodologia de pesquisa. RESPONDO: Para nada! Para tudo. Depende de quem.
Hoje vindo da universidade para casa a pé não vi a arte do artista, mas da natureza. O pôr do sol, as árvores, pássaros... cada arte dessa tirando minha raiva e desgosto passado em mais um dia de luta com a "burrocracia".
Pensei assim:
1 - Um anú preto gritando para outro na grama em frente à biblioteca. Este pássaro é mais feliz do que o chefe que me enrola para fazer vista grossa ao meu pedido. Se não for isso, pelo menos a pequena ave é mais charmosa do que o rapaz vislumbrado com seu gabinete.
2 - esta árvore é mais bonita do que a chefa que encaminha minha solicitação há 20 dias para lugares que não alcanço.
3 - essa grama fininha é mais esplendorosa do que as pessoas com as quais tenho tido contato nesses dias. Ninguém quer me ouvir. Ai, um desliga o telefone na minha cara. Outro diz (berrando) que serei responsável pelo fechamento do departamento dele se levar a "sua" secretária. Outra lava as mãos diante de minhas denúncias.... Ei, alguém aí! Alguém aí quer me ouvir? O anú grita: EU!
Bom, quando nem a arte me acolhe, eu faço guerra. Amanhã começarei!

Na Má-ringa, a boa notícia!


Do Blog da FRAN

Segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Resfolegando com o DIA MUNICIPAL DE COMBATE A HOMOFOBIA!


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No dia 19 de Agosto de 2009 a AMLGBT (Associação Maringaense de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) encaminhou a câmara legislativa da cidade de Maringá, com a devida atenção da Frente Parlamentar pelos direitos LGBT, o projeto de Lei que institui dia 17 de Maio como dia MUNICIPAL DE COMBATE A HOMOFOBIA. A qual conta com o apoio dos vereadores: Dr. Manoel, Dr. Sabóia, Mario Verri, Bravin, Wellington Andrade, Luiz do Postinho, John Alves.


Este projeto de lei tem por objetivo a promoção do direito à livre orientação sexual. Com a instituição do Dia Municipal Contra a Homofobia verifica-se o incentivo de ações que proporcionam a discussão sobre o direito à livre orientação sexual, bem como a visibilidade de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Ações salutares considerando o atual quadro de violência e discriminação contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.


O projeto retornou para assinaturas dos vereadores autores no dia 10 de Fevereiro de 2010, os quais se encontram acima citados, após as assinaturas o Projeto será protocolado e ganhará um número o qual corresponderá como Lei. Para em seguida sem encaminhado às comissões de Políticas Publicas e Constituição e Justiça, para então ser votado na Casa.


POR QUE UMA LEI DE COMBATE A HOMOFOBIA?


Segundo pesquisas realizadas pelo Prof. Dr. Luiz Mott, no ano de 2002, 126 (cento e vinte e seis) homossexuais foram assassinatos, totaliza-se no período de 39 anos (1966 a 2002), 2.218 (dois mil duzentos e dezoito) homicídios no Brasil. Número que representa apenas a ponta do iceberg deste quadro de violência e discriminação. Ademais, segundo dados fornecidos pela Unesco, em alunos do ensino fundamental e médio, 39,4 % dos entrevistados do sexo masculino e 16,5% do sexo feminino não gostariam de ter homossexuais como colegas de classe, enquanto entre pais de alunos do ensino fundamental e médio, verificou-se que 41,5% dos homens declararam que não gostariam que homossexuais fossem colegas de classe dos filhos. Em pesquisa recente o INEP (Instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais) concluiu que o bullying escolar no que concerne vítima instaura-se com 17,4% contra homossexuais no ambiente escolar, índice que segue: 10,9% por ser mulher, 18,2% por ser pobre e 19,9% por ser negro. Ademais, direitos são negados diariamente a gays, lésbicas e transgêneros pela omissão legislativa. Verifica-se que o legislativo deixou de criminalizar atos homofóbicos, diferentemente do que ocorre com cidadãos que sofreram injúria em razão de sua raça, cor, etnia, religião ou origem (artigo 140 3º§ do Código Penal). Há omissão legal sobre o reconhecimento legal das uniões homoafetivas como entidade familiar, bem como a inexistência de dispositivo legal que regre os casos de alteração de prenome às (os) transexuais. Historicamente, no dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade do rol de enfermidades, sendo que até então era considerada como doença ou perversão. O referido ato reconheceu que a homossexualidade é um estado mental tão saudável quanto a heterossexualidade, sendo um dos mais importantes marcos para o avanço da cidadania de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Solenizar anualmente o 17 de maio como Dia Municipal Contra a Homofobia, além de aproximar o Brasil dos países mais emancipados no campo dos direitos de seus cidadãos, países estes que já incluíram tal data em sua agenda anual de celebrações, proporciona uma profunda discussão e reflexão sobre o cenário discriminatório que gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais convivem em nosso país. Discussões e reflexões que levam a mudanças comportamentais e culturais tão necessárias para promoção da cidadania plena de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Abraço das letras: bom domingo!


Casamento: sim ou não...


Uma colega contou-nos. Foi a um casamento de amigos evangélicos. O pastor, segundo minha colega, fez uma cerimônia longa, cheia de adjetivos, muitas metáforas, hipérboles, e sacou esta: " Agora, fulana, seu marido será seu DONO." - Como ainda os pastores, padres e cia ainda são capazes de falar uma coisa dessas?!", perguntou?

Para mim não há nada de novo. Só de velho, medieval. Essa idéia de dono é surpreendente no século XXI. Mas, vivemos numa mistureba de séculos quando se trata de tradições. Para mim as mulheres nem precisam mais se casar. Trabalham, sustentam-se sozinhas, compram escadas para trocar as lâmpadas (rsrs), cuidam de seus filhos ... casar para quê?*
É claro, quem quer casar que se case. Mas, o casamento é algo se esmaece na história. Está desbotado. Acho estranho casamento na igreja. Casamento com vestido branco, brocado, véus ... vestidos de princesas. Uma coisa romântica misturada às tradições religiosas... Os padres dirão: "E o homem será teu dono"! UAU! Quem precisa de dono? Já temos tantos! O patrão, o prefeito, os vereadores, os deputados, os senadores ... O discurso religioso no casamento põe a mulher na condição de escrava. Abençoadas serão!
***************
* Não sou contra nem a favor ao casamento. Mas, passo longe de vestidos brancos, de festas, convites e de donos.

Poizé!


Arte e lixo....


Dos artistas Tim Noble e Sue Webster. Imagens cap-tiradas do Blog português DE RERUM NATURA

Tim Noble and Sue Webster
From Wikipedia, the free encyclopedia
Jump to: navigation, search

Dirty White Trash (With Gulls), 1998, by Tim Noble and Sue Webster, made from rubbish.Tim Noble (born 1966) and Sue Webster (born 1967) are artists based in England, whose work is collected by Charles Saatchi. They are associated with the post-YBA generation of artists emerging after the Young British Artists of the 1990s.[1]

Tim Noble was born in Stroud, and Sue Webster in Leicester.

They live and work together in Shoreditch, East London. Some of their notable pieces are made from piles of rubbish collected from London streets. A light is projected against the pile, and the shadow on the wall creates an entirely different image, typically one of the couple themselves: this is not at all apparent from looking directly at the pile. Their work was included in the exhibition Apocalypse: Beauty and Horror in Contemporary Art at the Royal Academy in 2000, as well as the opening show of the Saatchi Gallery in County Hall.

Sue and Tim met whilst studying on the BA (Hons) Fine Art course at Nottingham Trent University in the 80's.

Ai, sujou!


Crimes...



Do Blog do Roberto Romano

No blog de Z. Guiotto...(link abaixo).
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Crime na universidade
Glaucio Ary Dillon Soares*


Há alguns anos, um professor assistente de espanhol, que alugava minha casa na Flórida, cometeu alguns crimes contra mim. Eu estava no Brasil, em licença médica da Universidade da Flórida, para enfrentar um câncer. Os acordos foram verbais; no plano da confiança. Quando retornei, para resolver algumas inexplicáveis questões burocráticas, descobri que o professor não fizera um só pagamento e, para encobrir a inadimplência, sequestrou a minha correspondência. Quando o confrontei, tentou me enganar afirmando que levara a correspondência para o centro no qual eu trabalhava para ser reenviada. Bastou uma reunião com o pessoal do escritório, para confirmar que nunca estivera lá. Contratei uma advogada que, em dias, o despejou, mas antes a esposa do professor me entregou alguns sacos plásticos grandes com a minha correspondência. Ele também retirara meus livros da casa, deixando-os num depósito. Como tampouco pagou o aluguel do depósito, minha biblioteca tinha sido vendida.


O prejuízo foi grande: contas que não me foram remetidas não foram pagas e quase perdi a casa. Para receber parte do que o professor me devia contratei um advogado que me aconselhou a fazer um acordo. O professor (cubano) de espanhol aceitou o acordo para pagar os aluguéis devidos em um ano, sem pestanejar. Recebi muito menos do que o prejuízo e o advogado (encarregado da cobrança) ficou com 40% desse subtotal.


Conversando com meu filho Sergei expressei minha indignação de que isso fosse feito por um professor universitário com uma pessoa que lutava contra uma doença mortal. Esse tipo de criminoso não é incomum. Mentem até onde podem. As mentiras repetidas e as contradições o entregaram: é um psicopata, não sente remorso. Sergei, na sua sabedoria, me perguntou: pai, quem te disse que professores universitários são mais éticos do que lixeiros, serventes ou quem quer que seja? É verdade: eu tinha uma imagem deturpada, muito melhorada, dos meus colegas. Não somos uma versão melhorada da humanidade.


Pode ser pior. Há poucos dias uma professora de biologia da Universidade de Alabama foi acusada de matar três colegas a tiro. O motivo seria a negação do pedido de estabilidade. Na famosa e elitista Yale uma estudante de doutorado foi encontrada morta e emparedada. Um técnico de laboratório foi acusado e preso pelo crime.


Em agosto passado, em Harvard — e nada menos do que na Escola de Medicina — seis estudantes foram parar na emergência, envenenados com um preservativo tóxico que era usado no laboratório. A polícia não conseguiu concluir se foi uma tentativa de assassinato ou se foi incompetência e descuido.


Em 2000, os promotores acusaram Bruce Edwards Ivins, um pesquisador do United States Army Medical Research Institute of Infectious Diseases de matar cinco pessoas e infectar muitas outras usando o antrax produzido no laboratório — em 2001. Ivins se suicidou e o caso foi encerrado.


Um geneticista de renome mundial, W. French Anderson, com centenas de publicações e um dos que bolaram a terapia genética, foi condenado a 14 anos de prisão por abusar sexualmente da filha de um colega durante vários anos, começando quando ela tinha 10 anos.


Um renomado historiador perdeu uma das cátedras mais cobiçadas em estudos latino-americanos, em San Diego, porque agrediu sexualmente várias alunas; outro, na Universidade de Harvard, perdeu importante posição pela mesma razão. O escândalo foi abafado no estilo Harvard: houve acordo, as vítimas foram compensadas com dinheiro e/ou cargos, e algum tempo mais tarde o agressor foi discretamente substituído.


A lista seria muito grande se o mundo acadêmico não encobrisse os crimes de seus membros; as instituições não querem que esses crimes venham à tona, causando prejuízo e baixa de prestígio.


No Brasil, o mundo acadêmico segue uma combinação da lei de Gerson e do corporativismo. Professores que não trabalham, que não dão aulas, que não estudam, que não pesquisam, que faltam inclusive no dia da defesa dos seus orientandos, cujas teses não leem, podem passar 20, 30 anos fazendo essas barbaridades sem sanções. Alunos e alunas são, frequentemente, vítimas de abusos de todo tipo, mas a cultura brasileira é permissiva no que concerne a abusos sexuais e violências contra minorias. Nas universidades públicas, criminosos e preguiçosos contam com a proteção adicional de serem funcionários públicos.


Os nobres valores do mundo acadêmico não são proteção eficiente contra crimes, grandes e pequenos. Os psicopatas constituem entre 1% e 3% da população e nada impede sua entrada no mundo acadêmico. Entram, e não saem mais. Hoje me dou conta da minha ingenuidade quando acreditava que professores e pesquisadores tinham, obrigatoriamente, patamar ético de conduta mais elevado.
__________________________________________________________
*Sociólogo, pesquisador do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj)
Fonte: Correio braziliense online, 20/02/2010

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COMENTÁRIO:


Não há como discordar.


ODEIO professores que não dão aulas. ODEIO. Não há mais nada odioso que a preguiça de professor. Preguiça, safadeza ... Ensina o aluno a ser como ele. Ensina-o a burlar.


tenho visto outra na universidade: orientadores que escrevem a dissertação de alunos analfabetos. Fazem-no para dar número, quantidade. Oh, raça!


Depois da prisão do Arruda


Do Millôr

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Por que hoje é sábado

Elliot Erwitt
Sem créditos dessa foto linda, sublime

Putz!


Desde o dia cinco deste fevereiro quente e chuvoso, estamos (eu e mais dois colegas da Universidade) em uma banca de concurso de professores para o meu departamento. Duas vagas, 97 inscrições, compareceram 47. Muitos candidatos estão trabalhando em escolas privadas. cansaram-se do chicote dos patrões. As faculdades privadas levam seus professores ao desespero. Aulistas. Aulas, aulas, aulas. Os colegas docentes nessas privadas comem o pão que o diabo/patrão amassa. Fico imaginando ser professor das faculdades do senATOR Wellington. Ai, que culto, o patrão é! Com botas e sapatos dão nas costas de seus professores. Situação estranha é a dos candidatos professores da UNESP em São Paulo. Seus contratos na época do tucanês José Serra são precários. Dois anos, mais dois anos e os professores ficam na corda bamba. A UNESP não faz mais concurso. Faz meio concurso e depois despede seus docentes. Nada diferente dos professores que estão indo para as recém universidades federais. Concurso para dois anos. Que se virem os novos profes quando o contrato acabar. RUA!
É enojante a política de contratação das privadas. Chicote na turma. Salas com um monte de alunos. 40 aulas/semana. Mercado cheio! A política do Serra e do governo federal é de arrasar. Poizé! Taí, a destruição de gerações de alunos.



DEM: o carnaval continua...


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

I know, i know...


Feyerabend ...


"A depressão esteve comigo durante um ano; como um animal, distintamente, uma coisa que se podia encontrar no espaço. Eu poderia levantar, abrir meus olhos, escutar -- Ela está aqui ou não? Nem sinal. Talvez esteja dormindo. Talvez ela me deixe em paz hoje. Cuidadosamente, muito cuidadosamente, eu saio da cama. Tudo está em silêncio. Eu vou até a cozinha, começo a preparar o café. Nenhum barulho. TV -Bom dia América-, David Qual-é-seu-nome. Eu como e vejo os convidados. Lentamente a comida preenche meu estômago e me dá força. Agora uma rápida ida ao banheiro e saio para minha caminhada matinal - e lá está ela, minha fiel companheira, a depressão: "Achou que poderia sair sem mim?".

Carnaval ideal (ou sem sátira não há alegria)

Na Alemanha, banqueiros ladrões (maus banqueiros)
Berlusconi e sua relação íntima coma Máfia

Angela Merkel e os altos impostos


Mamma mia, que peitões tem a mãe Estado.




Obama desastrado




Realeza decadente
Foto: REuters
Cap-tiradas do Blog do Toinho da Passira.
SUGEStÃO para o próximo carnaval na Má-ringa:
1 - Carro com os laptops superfaturados comprados pela Câmara Municipal;
2 - Carros simbolizando as vias binárias da Má-ringa, a confusão, os nós...
3 - carros simbolizando políticos (ai, Meu Deus). E por aí vão.....
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Minha tese:
O problema da corrupção está ligado ao tesão. Os políticos, parte da burguesia, gangues têm tesão reprimido e recalcado. Ereção rima com corrupção (para eles)





Dubai: assim rasteja a humanidade

Dubai: 1990

Dubai 2003
Hotel em Dubai atual



Dubai: atual


De Dubai em Dubai .... o planeta vai pros ares!
Não tenho os créditos das fotos.

Arrudão no quadradão!




Mamma mia! Porca miséria!


Do Blog de Roberto Romano

Colégio Salesiano Dom Bosco. É um tanto esquisito notar que suas frases integram exames escolares. Mostram velhice, proximidade com o Padre Eterno...
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO


(Unitau) "Certas instituições encontram sua autoridade na palavra divina. Acreditemos ou não nos dogmas, é preciso reconhecer que seus dirigentes são obedecidos porque um Deus fala através de sua boca. Suas qualidades pessoais importam pouco. Quando prevaricam, eles são punidos no inferno, como aconteceu, na opinião de muita gente boa, com o Papa Bonifácio VIII, simoníaco reconhecido. Mas o carisma é da própria Igreja, não de seus ministros. A prova de que ela é divina, dizia um erudito, é que os homens ainda não a destruíram.


Outras associações humanas, como a universidade, retiram do saber o respeito pelos seus atos e palavras. Sem a ciência rigorosa e objetiva, ela pode atingir situações privilegiadas de mando, como ocorreu

com a Sorbonne. Nesse caso, ela é mais temida do que estimada pelos cientistas, filósofos, pesquisadores. Jaques Le Goff mostra o quanto a universidade se degradou quando se tornou uma polícia do intelecto a serviço do Estado e da Igreja.


As instituições políticas não possuem nem Deus nem a ciência como fonte de autoridade. Sua justificativa é impedir que os homens se destruam mutuamente e vivam em segurança anímica e corporal. Se um Estado não garante esses itens, ele não pode aspirar à legítima obediência civil ou armada. Sem a confiança pública, desmorona a soberania justa. Só resta a força bruta ou a propaganda mentirosa para amparar uma potência política falida.

O Estado deve ser visto com respeito pelos cidadãos. Há uma espécie de aura a ser mantida, através do essencial decoro. Em todas as suas falas e atos, os poderosos precisam apresentar-se ao povo como pessoas confiáveis e sérias. No Executivo, no Parlamento e, sobretudo, no Judiciário, esta é a raiz do poder legítimo.


Com a fé pública, os dirigentes podem governar em sentido estrito, administrando as atividades sociais, econômicas, religiosas, etc. Sem ela, os governantes são reféns das oligarquias instaladas no próprio âmbito do Estado. Essas últimas, sugando para si o excedente econômico, enfraquecem o Estado, tornando-o uma instituição inane." (Roberto Romano, excerto do texto "Salários de Senadores e legitimidade do Estado", publicado na Folha de São Paulo, 17/10/1994, 1Ž caderno, página 3)


4. Indique a alternativa em que existe voz passiva analítica:

a) As instituições políticas não possuem nem Deus nem a ciência como fonte de autoridade.

b) Com a fé pública, os dirigentes podem governar em sentido estrito, administrando as atividades sociais, econômicas, religiosas, etc.

c) Acreditemos ou não nos dogmas, é preciso reconhecer que seus dirigentes são obedecidos porque um Deus fala através de sua boca.

d) Só resta a força bruta ou a propaganda mentirosa para amparar uma potência política falida.

e) Se um Estado não garante esses itens, ele não pode aspirar à legítima obediência civil

Quem tem medo do Arruda?


Cap-tirado do Blog do Professor Roberto Romano
Blog de Josias de Souza.
No artigo abaixo, um trecho toca fundo no voto e nos bolsos paulistanos:

"No pleito municipal de 2008, a máquina ‘demo’ de Brasília borrifou verbas nas arcas de comitês de campanha instalados em várias partes do país.Arruda ajudou a forrar, por exemplo, o caixa de campanha de Gilberto Kassab, o prefeito ‘demo’ reeleito em São Paulo."

Cúpula do DEM teme que Arruda abra a boca e o baú

A informação de que o STJ estava prestes a decretar a prisão de José Roberto Arruda chegou à cúpula do DEM na véspera, com antecedência de quase 24 horas. Alertados, integrantes da Executiva do partido analisaram em segredo os efeitos do terremoto brasiliense sobre a sigla. No centro da encrenca estava Paulo Octávio, um filiado que o DEM evitara lançar ao mar em dezembro do ano passado, quando o panetonegate explodira.

A iminência da prisão de Arruda reacendeu uma divisão que eletrifica os subterrâneos do DEM. A tribo ‘demo’ está cindida em dois grupos.De um lado, a turma do “mata-e-esfola”. Do outro, a ala do “deixa-como-tá-pra-ver-como-é-que-fica”.Foram à mesa algumas propostas. Entre elas a dissolução do diretório do DEM-DF e o desembarque coletivo dos filiados da legenda dos quadros do GDF. Um dos participantes das conversas contou ao repórter uma passagem emblemática. A certa altura, um dirigente do DEM disse que, antes de tomar qualquer providência, conviria ouvir o vice-governador Paulo Octávio, mandachuva da legenda no DF.Abespinhado, um senador interveio: “Você não está entendendo. O Paulo Octávio tem que ser expulso do partido”.


Lero vai, lero vem o DEM optou por administrar a crise a golpes de barriga. No dia seguinte, quinta-feira (11) da semana passada, sobreveio a prisão de Arruda.E o vice Paulo Octávio foi à cadeira de governador. Reacendeu-se o incêndio que o DEM imaginara ter apagado em dezembro, no alvorecer do escândalo.O DEM tenta apregoar a lorota de que lida com o seu mensalão com um rigor que o PT não foi capaz de imprimir ao mensalão dele. Porém... Porém, a firmeza do DEM tem a consistência de um pote de gelatina. Mesmo a exclusão de Arruda foi às manchetes com a forma de uma pseudoexpulsão.


A Executiva do partido deu tempo a Arruda para recorrer ao Judiciário. Malogrado o recurso, o DEM deu prazo ao governador para se desfiliar, antecipando-se ao vexame da expulsão.De resto, a cúpula do DEM decidiu fingir que Paulo Octávio estava limpo. Uma ilusão que se desfaz nos desvãos do inquérito do panetonegate. Para complicar, em pleno recesso do Congresso, o diretório brasiliense do DEM, comandado por Paulo Octávio, saiu-se com uma nota de apoio ao pseudoexpulso Arruda.


Liderada por Demóstenes Torres e Ronaldo Caiado, a turma do “mata-e-esfola” voltou à carga. Acenou-se com a hipótese de dissolução do diretório de Brasília e abertura de processo contra Paulo Octávio. Sob o barulho, vicejou, de novo, a inação. Como explicar? Simples: o pedaço do DEM adepto à tese do “deixa-como-tá-pra-ver-como-é-que-fica” lida com a crise movida pelo medo. Medo de que Arruda, agora hospedado no PF’s Inn, resolva abrir a boca e o baú que armazena os segredos financeiros do DEM.
Único governador eleito pela legenda em 2006, Arruda tornou-se um grande provedor do DEM. No pleito municipal de 2008, a máquina ‘demo’ de Brasília borrifou verbas nas arcas de comitês de campanha instalados em várias partes do país.Arruda ajudou a forrar, por exemplo, o caixa de campanha de Gilberto Kassab, o prefeito ‘demo’ reeleito em São Paulo.A direção do partido alega que todo dinheiro vindo de empresas fornecedoras do GDF ingressou nos livros do DEM pela porta da frente, mediante recibo.A turma de Arruda insinua que a coisa não foi bem assim. Uma parte do dinheiro teria transitado por baixo da mesa. As hesitações da direção do DEM tonificam as suspeitas. Paira no ar a impressão de que, se resolver destravar os dois ‘Bs’ que lhe restam (boca e baú), Arruda pode produzir um novo escândalo, tão devastador quanto o primeiro.


Na Má-ringa, carnaval rima com curral...

Foto: o bondinho de Santa Teresa. RJ Foto de Hugo Pontes, O Globo, 2009 cap-tirada do Blog do Leonardo Ferrari


Nasci em Porto Ferreira, SP. O carnaval nesssa cidadezinha operária era de rua. Lá aprendi que, pelo menos em fevereiro, os pobres diabos saem nas ruas sem serem presos. A elite brincava o carnaval no Clube e os pobres invadiam a Praça da Matriz. Homens vestidos de mulheres, Bloco do Boi, um boi de pano escorregando de tanta bebida... Mulheres, crianças no local mais limpo da cidade, o centro. Hoje não sei mais como está a arruaça. Um prefeito tentou organizar a farra dos excluidos. Copiou o Rio de Janeiro. Cercou as ruas e "bolou" escolas de samba. Pobre efeito. Porca miséria. Aquelas escolinhas romando com Rio. Não deu certo. Ninguém limpava a rua depois. Ficava para a prefeitura.


Tantos anos depois e eu estou na Má-ringa. Antes de mais nada aviso: adoro essa cidade. Mas, não sou débil mental e sei avaliar os percalços dos mais pobres nesses tempos de inclusão social. O carnaval da Má-ringá é de inclusão. Dessa vez, cada bairro teve seu carnaval. Ouvi na rádio universitária a Secretária da Cultura: ... o carnaval começa as 20h em ponto e termina 23h em ponto. Depois cada bairro arruma o local.*


Então, fica assim: o carnaval é consentido pela administração. A elite vai lá nos bairros e monta seu espetáculo. OITO horas da noite em ponto (EM PONTO) COMEÇA. Vão, meus excluídos, mas somente no horário que a elite suporta. ONZE acaba. Todos limpam sua festa e vão sonhar com o carnaval em Olinda, do Rio de Janeiro. Assepsia. Quem sabe não seria bom chamar os pastores e padres para benzer os locais depois da festa pagã**. A higienização fica mais perfeita.
_____________________________________
* Não preciso dizer, mas vou. Pareceu minhas professoras primárias a dizer com seus dedos em riste: Olhem meninos, vocês têm que fazer a lição de casa em meia hora. Se não fizerem, castigo, hein?!
** Eita, Maringá tem uma política higienista, diz minha amiga Valéria. Concordo. Haja tanto curral. Tantas regras, tanta limpeza. Os blocos mais frequentes são os dos religiosos. Só que o carnaval é o ano inteiro.

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