TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Mary W. fala!

Foto de Robert Mapllethorpe
Do Blog de Mary W
Eu acho que a grande questão da Parada Gay foi dita nuns comments aí. Que é se essa visibilidade compensa a caricatura em que o evento acaba se transformando. A minha opinião preferida sobre isso quem me deu foi a srta. rhodes, na Bela Paulista, a many years ago. Ela também acha que a nossa conversa a respeito foi boa. Tanto que postou. Foi a melhor, repito. Ela me disse basicamente que se você acha caricato e não se vê representado, você devia ir. Então vá, ela disse, se represente. Daí você estará mostrando o outro gay que existe. Você. Nem todas as lésbicas me representam, por supuesto. E eu não represento todas elas. Mas nós somos, eu e elas. Lésbicas. E isso passa a ter um significado a partir do momento que sofremos por isso. Ué, sofremos. Posso fingir que eu não sofro e que nada mais me lembro. Mas não é verdade. Eu era lésbica no Colégio Objetivo na década de 80. Eu era lésbica num colégio público na década de 70. Eu era lésbica numa universidade federal na década de 90. E eu sou uma professora universitária lésbica no século XXI. E em nenhum desses lugares ou momentos, foi ok. Durante um determinado tempo, eu pensei que eu tivesse trancado o armário. Aos poucos eu notei, que as instituições que não permitem que ele seja aberto. Que empurram a porta toda vez que eu tento sair. Então, lá eu fico. Às vezes, ainda, com medo. De que isso possa me causar problema. O caso é que a visibilidade que a Parada permite não é o único movimento que nós temos feito. É um dos. Acho que eu já disse que exigir da Parada o que ela não está interessada em fazer, me parece um pouco demais. Ela quer visibilidade, ela quer o gay's pride. E falar do gay's pride já pressupõe plumas e paetês. É preciso mostrar a punjança dessa subcultura. E quem diz que não é subcultura é porque não entende nada de conceito de cultura. Porque você tem a cultura mainstream e algumas subculturas que vão circulando a tal. Algumas dessas sub se colocam efetivamente contra a cultura mainstream. E a gente chama de contracultura. Outras apenas vivem de forma diversa. Mormóns* são subcultura tanto quanto os gays. Elementos da subcultura muitas vezes são incorporados pela cultura. A ponto de modificá-la totalmente. Vide contracultura dos anos 60. Alguns elementos da subcultura gay estão bastante incorporados. Notadamente os meninos sarados sem camisa fazendo point em academias. Isso era gay. Virou mainstream. E as baladas todas sofreram influência. Eu, que mal saio de casa, sei disso. O caso é que. Se você faz uma parada GAY. É lógico que os elementos pelos quais você é lembrado estarão em evidência. Por isso não vejo nada demais nas drags e nos meninos bombados desfilando. Pode ser que eles estejam se representando, o que é sempre válido. E pode ser que eles estejam representando a causa. E seria super válido também. Montados. Para representar seu povo. A partir do histórico de discriminação, perseguição e conseqüente formação da subcultura. Nós não sofremos discriminação toda hora do dia. Não é assim. Mas isso é da nossa história e tem que ser levado em conta quando é o caso. E uma festa feita para nos dar visibilidade é o caso, né? Enfim. 4 milhões de pessoas na Paulista. Só uma coisa a dizer:
Nós somos gaysNós estamos aquiAcostumem-se com isso
Adooooooooooooooro :*

*Um beijo, Angels in America, pela sabideza do argumento.
Mas não era nada disso que eu ia falar. Eu ia dizer das estratégias contemporâneas de visibilidade. E que a internet é uma ferramenta que faz muito pela visibilidade. Acho que a maioria de nós usa/usou a rede pra afirmação de identidade. E que já faz tanto tempo mas todas devem se lembrar. Do quanto era legal encontrar blogs de lésbicas e perceber logo como esses blogs acabavam se conectando e formando redes mesmo. E que hoje há vários lugares e espaços. Mas eu acho que a internet foi meio a fundadora disso. Pelo menos pra mim, o primeiro espaço lésbico livre que eu conheci, foi esse. Mas outro dia eu posto sobre isso.
Eu escolhi essa imagem por isso. Tipo há na Uol um espaço dedicado, em primeira página etc. Ontem, tava escrito "Feriado Gay", ali, onde se lê "Parada Gay". Meu olho encheu de lágrima quando eu li. Feriado Gay. Depois tiraram. E ficou Parada. Eu entendo. É muito subversivo mesmo. Eu entendo. Pelo tanto que me emocionou, eu entendo que é mesmo too much
.

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