As Câmaras (de vereadores, deputados e senadores) deveriam ser o espaço do debate, marca da democracia. Porém, há um lado obscuro nessa democracia. Vejamos, por exemplo, as Câmaras dos vereadores nas cidades brasileiras. Estas mostram outro mundo: o lado fashion do "puder". É fashion ser vereador. Imaginem, vocês, um indivíduo que nasceu pobre, mal pago, pouco reconhecido. Foi uma criança pobre, excluída dos círculos ricos de sua cidade, esperou os presentes de Natal com sapatinhos cheios de capim, seu pai brigava com sua mãe todo o dia, sentia fome da comida do vizinho, era um aluno medíocre...
Quando ele vira vereador se vê imbuido do "puder". Passa a andar com ternos ou roupas melhores (mesmo bregas), compra um carrão zero Km, constrói uma casa no bairro dos "nobres", enfeita seu jardim com gnomos, fadas, sapos (o lado infantil do menino pobre que não tinha brinquedos e sonhava com Papai Noel e suas renas), passa a comer em restaurantes, a acenar feliz para os transeuntes ...
Alguns mantêm aquela corrente de ouro 18 com uma cruz, também de ouro 18, no pescoço. Às vezes, também usam aquela pulseira de corrente no pulso. Chacoalham-na, pois o peso do ouro é grande. Incomoda o braço, mas reluz.
Passam a sonhar que estão sendo abraçados pelo prefeito. Gostam de um pai, mesmo que for um simbólico. Parece que, em suas infâncias, seus pais foram ausentes, maus, sujos e feios. Querem ser amados pelo prefeito como se este fosse o pai biológico de suas vidas crianças. É fashion ser paparicado pelo prefeito, o novo pai simbólico, o pai que eles não tiveram. O pai real.
Assim, caminham legiões de homens grandes (desculpem-me o pleonasmo), casados, alguns com mais de cinquenta anos como se fossem crianças...se divertindo agora (na vida adulta) para se vingar de suas vidas ruins na infância.
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