TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Eros...

Do Leonardo Ferrari

“Femme à la vague” [A Mulher nas Ondas”] (1868) de Gustave Coubert.

“As Lágrimas de Eros” é o nome da exposição. Iniciará dia 20 de outubro em Madri, até 31 de janeiro de 2010, no Museu Thyssen-Bornemisza. Não vou falar aqui de pulsão sexual, não vou falar da pulsão de morte, não vou falar da Eva de Avedon, a magnífica Nastassia Kinski enrolada pela serpente, ou, melhor, não será ela quem enrola a pobre bichana? Me recuso a falar da primeira parte da exposição chamada “O Beijo”, ai, ai, ai, já pensei não sei por que naquela cigana encantadora do Miguel Sousa Tavares que diz ao menino antes do sexo: “Niño, amor mío, dulzura mía, ¡cómo eres guapo! Vás a vivir dos vidas, no una sola. Te vas a casar, harás hijos...pero distintos. Vas a viajar...muy lejos. Vas a amar, muchísimo, vas a sufrir y harás sufrir. Al final, te perderás, te encontrarás, no sabría decirlo, pero la decisión será tuya. El camino lo haras tu” (fonte: Rio das Flores, ed. Cia. das Letras, 2008, p.18). Não é belíssimo isso? Que cigana querida! Me desviou, me desencaminhou e depois fugiu de Carazinho para nunca mais voltar, desgraçada, mas não vou falar de Santo Antônio, nem do Aparecida – o nome do colégio de onde ela saiu, tal Vênus - nem de êxtase amoroso – ai, ai, ai - muito menos nos preservativos que o Museu vai distribuir com a mulher nas ondas de Coubert impresso neles (fonte: Ángeles García in El País, 2/10/2009) – o leitor já pensou o que significa utilizar, digamos, esse “objeto” naquela, vamos ver a palavra, hora preciosa – ou melhor, precisa! -, ter uma mulher nas ondas envolvendo, protegendo, homenageando, como dizer, as lágrimas de Eros? Não é lindo isso? A propósito, o nome da exposição e seu projeto foi retirado do maravilhoso livro de Georges Bataille chamado “Les Larmes d’Éros” – infelizmente ainda não traduzido em português. Há uma ótima edição em espanhol pela editora Tusquets (1997). De qualquer modo, em português há os indispensáveis “O Erotismo” pela Arx (2004) e o magnífico “História do Olho” pela CosacNaify (2003). História do olho? Ai, ai, ai, o balançar daquela cigana...

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