por Ricardo Noblat - 24.3.2008
Aécio está bem na foto
Aécio Neves, governador de Minas Gerais, está rindo à toa. Logo mais à tarde, em Brasília, reúne-se o Diretório Nacional do PT para discutir a política de alianças do partido com vistas às eleições deste ano. Até o fim da semana, Geraldo Alckmin espera que pelo menos parte do PSDB se manifeste a favor de sua candidatura a prefeito de São Paulo.
Do que ri Aécio?
Ele só tem a ganhar com o que decidir o PT. Como só tem a ganhar com o futuro desfecho da crise que abala o PSDB de São Paulo.
Contra a vontade da direção nacional do PT, Aécio tenta juntar o PSDB e o PT mineiro em torno de um candidato comum à prefeitura de Belo Horizonte.
Contra a vontade do governador José Serra, Aécio dá corda em Alckmin para que ele seja candidato. Serra detesta Alckmin e prefere a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM), seu discípulo. Alckmin detesta Serra. Aécio e Serra disputam a indicação do PSDB para candidato à vaga de Lula.
Se a direção nacional do PT liberar sua sucursal mineira para apoiar o candidato escolhido pela dupla Aécio e Fernando Pimentel, o atual prefeito de Belo Horizonte (PT), Aécio sairá para o abraço. Porque partiu dele a idéia do candidato único.
Aécio terá então estabelecido um novo paradigma político – o de que o PSDB e o PT não estão condenados a se opor para sempre. Desfilará como a nova encarnação do avô Tancredo Neves. Ou como o “pós-Lula” na definição dele mesmo.
Se a direção do PT, no entanto, proibir a aliança, ficará claro quem foi o intransigente. Aécio lucrará da mesma forma.
Aécio e Lula são bons parceiros. Lula se empenha em atrair Aécio para o PMDB e acena com o apoio à sua candidatura a presidente. Aécio finge que pode ir para o PMDB interessado, na verdade, em se fortalecer mais dentro do PSDB.
O PMDB merece tudo, menos confiança. Dividi-se na hora de eleições para se unir mais tarde em torno do vencedor. Cobra caro por isso.
Fernando Henrique Cardoso governou com o PMDB. Da primeira vez, Lula governou apenas com um pedaço dele. Foi às compras no mercado dos pequenos partidos. E aí? Quase afundou com o escândalo do mensalão.
A próxima eleição presidencial será a sexta consecutiva a se realizar sob o signo de Lula, que perdeu as três primeiras e ganhou as duas últimas.
Salvo se o inesperado fizer uma surpresa, Lula comandará sua própria sucessão. Poderá não eleger seu substituto. Mas tê-lo como duro adversário será um pesadelo para qualquer aspirante ao seu lugar.
O sonho de Lula – como, de resto, de todo presidente prestes a deixar o poder – é fazer o sucessor, aliado incondicional ou não. Para ele, se der Dilma Rousseff, maravilha! Ciro Gomes? Bom de mais. Aécio? Estará em casa. Serra? Não. De jeito nenhum.
Mesmo que tentasse, Serra jamais se livraria do rótulo de candidato anti-Lula. Primeiro porque enfrentou Lula em 2002. Segundo porque quis enfrentá-lo quatro anos depois. E terceiro porque faz questão de se demarcar dele.
O confronto com Alckmin serve para reforçar outro rótulo que desafetos de Serra tentam colar nele – o do político pouco ou nada aglutinador, capaz de se valer de todos os meios para alcançar seus próprios objetivos.
Aécio marcará pontos dentro e fora do PSDB se Serra barrar a candidatura de Alckmin. E marcará mais pontos ainda se Alckmin atropelar Serra e se eleger prefeito.
Antonio Carlos Magalhães costumava dizer que presidência da República é destino. José Sarney, vice de Tancredo, é um exemplo. Itamar Franco, vice de Fernando Collor, também.
Fernando Henrique mal tinha votos para se eleger deputado federal em 1994. Pois o Plano Real empurrou-o duas vezes rampa acima do Palácio do Planalto.
Serra tem pela frente sua última chance para chegar lá. A idade não lhe oferecerá outra. Aécio tem idade para esperar, sim, mas está convencido de que essa é sua grande chance.
Por ora, e no âmbito do PSDB, Aécio está em alta e Serra, no mínimo empacado.
Aécio está bem na foto
Aécio Neves, governador de Minas Gerais, está rindo à toa. Logo mais à tarde, em Brasília, reúne-se o Diretório Nacional do PT para discutir a política de alianças do partido com vistas às eleições deste ano. Até o fim da semana, Geraldo Alckmin espera que pelo menos parte do PSDB se manifeste a favor de sua candidatura a prefeito de São Paulo.
Do que ri Aécio?
Ele só tem a ganhar com o que decidir o PT. Como só tem a ganhar com o futuro desfecho da crise que abala o PSDB de São Paulo.
Contra a vontade da direção nacional do PT, Aécio tenta juntar o PSDB e o PT mineiro em torno de um candidato comum à prefeitura de Belo Horizonte.
Contra a vontade do governador José Serra, Aécio dá corda em Alckmin para que ele seja candidato. Serra detesta Alckmin e prefere a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM), seu discípulo. Alckmin detesta Serra. Aécio e Serra disputam a indicação do PSDB para candidato à vaga de Lula.
Se a direção nacional do PT liberar sua sucursal mineira para apoiar o candidato escolhido pela dupla Aécio e Fernando Pimentel, o atual prefeito de Belo Horizonte (PT), Aécio sairá para o abraço. Porque partiu dele a idéia do candidato único.
Aécio terá então estabelecido um novo paradigma político – o de que o PSDB e o PT não estão condenados a se opor para sempre. Desfilará como a nova encarnação do avô Tancredo Neves. Ou como o “pós-Lula” na definição dele mesmo.
Se a direção do PT, no entanto, proibir a aliança, ficará claro quem foi o intransigente. Aécio lucrará da mesma forma.
Aécio e Lula são bons parceiros. Lula se empenha em atrair Aécio para o PMDB e acena com o apoio à sua candidatura a presidente. Aécio finge que pode ir para o PMDB interessado, na verdade, em se fortalecer mais dentro do PSDB.
O PMDB merece tudo, menos confiança. Dividi-se na hora de eleições para se unir mais tarde em torno do vencedor. Cobra caro por isso.
Fernando Henrique Cardoso governou com o PMDB. Da primeira vez, Lula governou apenas com um pedaço dele. Foi às compras no mercado dos pequenos partidos. E aí? Quase afundou com o escândalo do mensalão.
A próxima eleição presidencial será a sexta consecutiva a se realizar sob o signo de Lula, que perdeu as três primeiras e ganhou as duas últimas.
Salvo se o inesperado fizer uma surpresa, Lula comandará sua própria sucessão. Poderá não eleger seu substituto. Mas tê-lo como duro adversário será um pesadelo para qualquer aspirante ao seu lugar.
O sonho de Lula – como, de resto, de todo presidente prestes a deixar o poder – é fazer o sucessor, aliado incondicional ou não. Para ele, se der Dilma Rousseff, maravilha! Ciro Gomes? Bom de mais. Aécio? Estará em casa. Serra? Não. De jeito nenhum.
Mesmo que tentasse, Serra jamais se livraria do rótulo de candidato anti-Lula. Primeiro porque enfrentou Lula em 2002. Segundo porque quis enfrentá-lo quatro anos depois. E terceiro porque faz questão de se demarcar dele.
O confronto com Alckmin serve para reforçar outro rótulo que desafetos de Serra tentam colar nele – o do político pouco ou nada aglutinador, capaz de se valer de todos os meios para alcançar seus próprios objetivos.
Aécio marcará pontos dentro e fora do PSDB se Serra barrar a candidatura de Alckmin. E marcará mais pontos ainda se Alckmin atropelar Serra e se eleger prefeito.
Antonio Carlos Magalhães costumava dizer que presidência da República é destino. José Sarney, vice de Tancredo, é um exemplo. Itamar Franco, vice de Fernando Collor, também.
Fernando Henrique mal tinha votos para se eleger deputado federal em 1994. Pois o Plano Real empurrou-o duas vezes rampa acima do Palácio do Planalto.
Serra tem pela frente sua última chance para chegar lá. A idade não lhe oferecerá outra. Aécio tem idade para esperar, sim, mas está convencido de que essa é sua grande chance.
Por ora, e no âmbito do PSDB, Aécio está em alta e Serra, no mínimo empacado.
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