Fotocharge do SoldaPor Ricardo Noblat Por que salvar Renan
Então fica combinado assim: o PT entra com os votos da maioria dos seus senadores para salvar na próxima quinta-feira o mandato de Renan Calheiros (AL), acusado de quebra de decoro. Em troca, Renan renuncia de véspera à presidência do Senado e seus mais fiéis vassalos dentro do PMDB ajudam o governo a prorrogar até 2011 a cobrança da CPMF.
Faz sentido? Faz. Convém ao governo acreditarmos que tudo não passará de uma barganha. De resto, caberá ao Senado – e não a ele - pagar o preço do desgaste de ter absolvido seu presidente duas vezes em menos de 60 dias. Governar é mandar todos os escrúpulos às favas – e os princípios também se eles atrapalham.
A prorrogação da CPMF renderá ao governo algo como R$ 40 bilhões por ano. Como correr o risco de vê-la ir pelo ralo por causa da eventual cassação de um senador que usou lobista de empreiteira para pagar despesas pessoais e comprou um jornal e duas emissoras de rádio com dinheiro omitido à Receita Federal?
A essa altura, cada voto de senador vale ouro puro – e eles sabem disso. Uma vez cassado, Renan só poderia voltar a ser candidato em 2018. Imagina se ele deixaria barato seu banimento da política por tanto tempo. Seria capaz de orientar com sucesso alguns dos seus colegas a votar contra a CPMF. Certo?
Errado. Que senador do PMDB iria para o pau com o governo só para se vingar da cassação de um deles? José Maranhão (PMDB-PB), o candidato de Renan à sua vaga? Maranhão espera suceder o governador da Paraíba Cássio Cunha Lima, acusado de abuso do poder econômico. Precisará do apoio de Lula para governar.
Wellington Salgado (PMDB-MG), que assumiu como suplente a vaga do ministro das Comunicações Hélio Costa? A universidade da família dele deve uma fortuna ao governo de impostos sonegados. Se fosse o caso, bastaria devolver Costa ao Senado apenas por 48 horas para votar pela cassação de Renan.
Almeida Lima (PMDB-SE), um vozeirão à procura de uma idéia? O sonho dele era controlar o partido no seu Estado. Renan não lhe entregou o que prometera. A liberação de grana para obras nos redutos eleitorais de Lima seria o suficiente para apascentá-lo. Talvez o suplente de Renan retaliasse o governo votando contra a CPMF – talvez...
Renan se salvará porque a maioria dos seus pares gosta dele. Porque uma parte dos seus pares cometeu os mesmos crimes dos quais ele é acusado. E porque Lula é solidário com aliados em dificuldades – a não ser que a sorte de um deles ameace sua própria sorte. Foi assim com José Dirceu e Antonio Palocci, por exemplo.
Em meio à tormenta do mensalão, Renan fechou com Lula. Não lhe faltou nos momentos difíceis seguintes – CPI do Bingo, escândalo dos aloprados, eleição do ano passado. Sairá mais barato para Lula manter no Senado um aliado enfraquecido do que gastar mais um pouco para assegurar os votos do PMDB em favor da CPMF.
Anotem aí: outra vez o PT estenderá a mão para Renan. E Lula continuará fazendo de conta que nada teve a ver com isso.
Então fica combinado assim: o PT entra com os votos da maioria dos seus senadores para salvar na próxima quinta-feira o mandato de Renan Calheiros (AL), acusado de quebra de decoro. Em troca, Renan renuncia de véspera à presidência do Senado e seus mais fiéis vassalos dentro do PMDB ajudam o governo a prorrogar até 2011 a cobrança da CPMF.
Faz sentido? Faz. Convém ao governo acreditarmos que tudo não passará de uma barganha. De resto, caberá ao Senado – e não a ele - pagar o preço do desgaste de ter absolvido seu presidente duas vezes em menos de 60 dias. Governar é mandar todos os escrúpulos às favas – e os princípios também se eles atrapalham.
A prorrogação da CPMF renderá ao governo algo como R$ 40 bilhões por ano. Como correr o risco de vê-la ir pelo ralo por causa da eventual cassação de um senador que usou lobista de empreiteira para pagar despesas pessoais e comprou um jornal e duas emissoras de rádio com dinheiro omitido à Receita Federal?
A essa altura, cada voto de senador vale ouro puro – e eles sabem disso. Uma vez cassado, Renan só poderia voltar a ser candidato em 2018. Imagina se ele deixaria barato seu banimento da política por tanto tempo. Seria capaz de orientar com sucesso alguns dos seus colegas a votar contra a CPMF. Certo?
Errado. Que senador do PMDB iria para o pau com o governo só para se vingar da cassação de um deles? José Maranhão (PMDB-PB), o candidato de Renan à sua vaga? Maranhão espera suceder o governador da Paraíba Cássio Cunha Lima, acusado de abuso do poder econômico. Precisará do apoio de Lula para governar.
Wellington Salgado (PMDB-MG), que assumiu como suplente a vaga do ministro das Comunicações Hélio Costa? A universidade da família dele deve uma fortuna ao governo de impostos sonegados. Se fosse o caso, bastaria devolver Costa ao Senado apenas por 48 horas para votar pela cassação de Renan.
Almeida Lima (PMDB-SE), um vozeirão à procura de uma idéia? O sonho dele era controlar o partido no seu Estado. Renan não lhe entregou o que prometera. A liberação de grana para obras nos redutos eleitorais de Lima seria o suficiente para apascentá-lo. Talvez o suplente de Renan retaliasse o governo votando contra a CPMF – talvez...
Renan se salvará porque a maioria dos seus pares gosta dele. Porque uma parte dos seus pares cometeu os mesmos crimes dos quais ele é acusado. E porque Lula é solidário com aliados em dificuldades – a não ser que a sorte de um deles ameace sua própria sorte. Foi assim com José Dirceu e Antonio Palocci, por exemplo.
Em meio à tormenta do mensalão, Renan fechou com Lula. Não lhe faltou nos momentos difíceis seguintes – CPI do Bingo, escândalo dos aloprados, eleição do ano passado. Sairá mais barato para Lula manter no Senado um aliado enfraquecido do que gastar mais um pouco para assegurar os votos do PMDB em favor da CPMF.
Anotem aí: outra vez o PT estenderá a mão para Renan. E Lula continuará fazendo de conta que nada teve a ver com isso.
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