As mãos de meu pai
As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor da terra.
— como são belas as tuas mãos pelo quanto lidaram,
acariciaram ou fremiram da nobre cólera dos justos...
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam no braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah! como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas maõs!
E é, ainda, a vida que transfigura as tuas mãos nodosas...essa chama de vida — que trancende a própria vida...e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.
MARIO QUINTANA
Ah! como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas maõs!
E é, ainda, a vida que transfigura as tuas mãos nodosas...essa chama de vida — que trancende a própria vida...e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.
MARIO QUINTANA
do livro "Nova Antologia Poética"
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Toda semana ,ao ir à Feira do Produtor aqui em Maringá, lembro-me dessa poesia que dediquei ao meu pai nos intensos anos de 2003 e 2004 que antecederam sua morte.
Compro legumes e vejo as mãos marrons da terra que nos passam os frutos das lavouras. Ontem foi dia de feira. Lá entro na Idade Média de minhas recordações e angústia. Um viva aos feirantes!
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