TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Poesia da Adelina


Do Miran
Por Adelina khul
A primeira vez

Toquei espumas de hortelã,

Cachos de dores, nuvens de chá verde.

Abri jabuticabas, suguei bagos de fruta,

Delícias de framboesa.

Senti finos espinhos, cactos latejantes,

Linhas certas do cacau.

Mordi macios círculos,

Fina pele, erva-doce,

Barulho de grãos, música dos meus tambores.

Corri o barro,

Esculpi fios, margens, galhos,

Deslizei em arames,

Descrevi morangos,

Cumpri caminhos,

Abri silêncios e algodão tardio.

Mergulhei em vasos,

Apanhei flores silvestres,

Abracei torres de mel.

Senti tremores,

Vi planícies subirem,

Pradarias repletas de uvas.

Brinquei pelos corredores,

Toquei orquídeas, violetas,

Caminhei com melancias,

Abracei meu vale de dores.

Sumi no meio, no fim, início,

Deitei pra sempre,

Ouvi grilos, guardei risadas,

Choveu ameixas, correram rios.

******************
Adelina Khul foi minha aluna no Curso de Ciências Biológicas (epistemologia das ciências). Reencontrei-a mês passado e, para minha surpresa, descobri seu mundo aberto à poesia.

Um comentário:

Luiz Modesto disse...

Que lindo esse poema, Marta. Parabéns a tua amiga bióloga-poetisa.

Abraços

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