Veja nóis!

DA MARY

A Veja de hoje saiu com uma reportagem sobre como salvar o país, nas diferentes áreas. Há 8 saídas para a Educação. Dezenas para a Economia. Apenas uma saída para a Imprensa etc. O que me encheu foi uma das saídas para a Educação. Que diz respeito a aumentar o ensino técnico superior etc. Abre assim, o tópico: "ensinar geografia e ciências humanas não serve pra nada". E aí fala a respeito da importância da matemática etc. Fiquei puta, óbvio. Primeiro porque foi dito que o que eu ensino não importa. Mas a ofensa pessoal passou logo. E eu fiquei olhando aquele povo ali. Que debateu e tal. Só tinha cientista humano ou quase isso (economistas). E uma coisa que eu acho super datada aparece outra vez. Isso de que as ciências sociais são meio perigosas porque fazem as pessoas pensar e tal. A revista Veja é coalhada de humanóides que tecem a agenda do país. Contam-se nos dedos os cientistas que conseguem ser ativistas das causas que pesquisam. Fica uma coisa assim. Estudem e pesquisem e deixem a parte crítica para nós, jornalistas. Me poupe. A Folha está empenhada numa denúncia de plágio que rolou na USP. No departamento de Física. O jornal encheu tanto o saco essa semana com isso. Hoje a reitora escreveu um artigo. Deu dó do artigo dela. Naquela linha nota oficial. Tá na cara que não foi ela que escreveu. Um artigo incolor, inodor e insípido. Explicando os procedimentos de qualquer denúnica. Relatório, comissão de ética, processo administrativo. E dizendo que a USP é um centro de excelência. Tresantontem a Folha publicou um editorial sobre o assunto. Pra mim, é sinal evidente que a briga está comprada. E a reitora sai com essa. Há alguém na FFLCH disposto a ajudar, please? Daí o que me incomoda não é pedir mais ensino de matemática. É excluir o ensino de ciências sociais. Como se ele atrapalhasse o desenvolvimento da matemática. Em verdade, vos digo. Esses tais alunos anarfas que andam pelo país não sabem mesmo matemática. Mas também não sabem NADA de sociologia. Têm dificuldade de compreender qualquer funcionamento sistêmico. Só conseguem debater um assunto qualquer se for na base da causa-efeito. Daí que a Veja, faz tempo, vem batendo na tecla de que as escolas só ensinam ideologias e que estão interessadas em formar militantes de esquerda ao invés de seguir o currículo. Fico asfixiada. Você precisa ter tentado discutir o conceito de alienação com um aluno de 1o ano de faculdade pra saber que as coisas estão bem longe de ser assim.

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Claro que o ensino e a avaliação nas ciências sociais são mais abertos. E é por isso que há a impressão de que os alunos vão melhor nelas. Mas é do ethos da disciplina. Para trazer o aluno à esse tipo de reflexão, você não pode desacreditar a fala dele. Eu nunca dei ZERO pra um aluno e nunca vou dar. Porque eu não posso!! Se ele está refletindo sobre a realidade, alguma coisa se aproveita. Nem que for o fato de que a realidade em que ele está inserido o impossibilita de refletir e de abstrair essa mesma realidade. Ver o analfabetismo sociológico dos meus alunos é uma preciosa informação sociológica. Instrumentalizá-los a partir desse deserto crítico, é a minha missão. Ai, tão óbvio isso. Vou até parar.

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Comentário:

Creio que o povo da VEJA não vê a escola. Começa pela arquitetura. Qualquer lata velha serve para acumular crianças. Salas escuras e cheias. Mais densas impossível. Cheias de bactérias da tuberculose. Lousas ruins. Luz em excesso ou falta. MAS, isso não é IDEOLOGIA. Blá blá. Daí que nenhum ser humano enxerga nada. Barulho externo e interno. LIVROS DIDÁTICOS péssimos. Aliás, a Editora Santillana está vinculada à Abril. Livros ruins, cheios de erros. Uma m*.

O ensino de língua portuguesa. ORAs, os próprios professores não lêem. Claro, lêem só a m* do Livro didático, a partitura do professor. Licenciaturas péssimas. Formação horrível tanto nas públicas quanto nas privadas (sic). A VEJA é dona de livros didáticos também. Eles são ruins. A Revista Nova Escola é uma piada. Tenho dito: joguem fora os livros didáticos e salvem seus cérebros. Todos. Os de matemática também. Por que é que a VEJA centra-se na matemática. Será que esta é neutra? Blá.