Hoje, domingão seco e vento solto, na Má-ringa; levantei correndo para não perder a missa. Nessa missa não tinha padre. Tinha violeiros. Homens do interior do Paraná, do norte do Paraná. Velhos e novos. As músicas, longe das músicas gospels, eram aquelas que aprendemos com nossos pais, avós, bisavós. Uma platéia cheia de gente humilde; estavam orgulhosos de cantar e tocar em uma Universidade. Lembrei do meu pai. Cantava o dia todo. As músicas deixavam-no feliz, triste, saudoso de histórias que eu nunca soube. Coisas do seo Octávio. Lembro-me dele aos 72 anos, com um câncer roendo sua saúde e sua dignidade e ele ouvindo e vendo o programa da TV Cultura, SP, Viola caipira ou coisa assim. Morreu assim.
Ouvindo hoje, na II Mostra de Música caipira da Universidade Estadaul de Maringá, a música Menino da Porteira pensei em como eu comecei a entender a história da vida humana. É mais ou menos assim. Você está feliz. Tem amigos, trabalha, canta ... e um dia um lindo menino que você amava, morre. Resta a saudade. A dor. A vida é também fatalidade. Lição de casa caipira: um dia estamos felizes, em outro uma fatalidade te abate. E eu vivia com medo desses dias. Sabia que não daria para escapar. E foi assim que cresci.
Bacana as orquestras de violeiros caipiras.
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