Por Carla Rodrigues, Rio de Janeiro
Crivela e o discurso conservador da Igreja Universal do Reino de Deus
Ela é avó de duas crianças, filhas de sua filha mais velha, que aos 21 anos já tinha dois filhos. Um dia, enquanto fazia minha unha, essa manicure moradora de uma das maiores favelas da cidade, a Rocinha, me perguntava se eu sabia como encontrar um determinado médico de Niterói que aceitava fazer cesarianas por preços módicos para, na mesma cirurgia, fazer também a ligadura de trompas. Era, achava a avó, a única saída para o futuro da filha e criticava a Lei do Planejamento Familiar, que só permite a realização do procedimento de esterilização a partir dos 25 anos. Estava disposta a pagar – e caro – para fazer aquilo que a saúde pública se recusava a fazer de graça.
Os anos 1970 e 1980 foram campeões de esterilização cirúrgicas em mulheres por iniciativas dos médicos, que tomavam a decisão da laqueadura considerando a situação de pobreza ou número de filhos das mulheres. A regulamentação da esterilização de homens e mulheres foi uma conquista e tanto.
Mas é claro que o candidato Marcelo Crivella, ao propor a mudança na lei, falando sobre o tema em comunidades carentes, sabe que existem milhares de avós como a minha manicure, que preferem esterilizar a filha a tratar de educação sexual em casa, buscar métodos contraceptivos menos radicais ou mesmo pensar em vasectomia para seu genro.
O discurso de Crivella ainda aparece travestido de “moderno” por se opor ao aspecto mais conservador da Igreja Católica, a proibição do uso de qualquer método “não-natural” de contracepção, conforme determina, há 40 anos, a encíclica Humanae Vitae, recentemente questionada por organizações defensoras dos direitos das mulheres.
No entanto, ao tentar se diferenciar do discurso católico, Crivella comete erro ainda mais grave, porque se associa aos que acham que deve-se regular o nascimento de pobres para regular a pobreza, ao invés de combatê-la com as políticas públicas adequadas, e ainda ignora que decidir o número de filhos que se quer ter é um direito inquestionável de homens e mulheres. Torna-se não apenas conservador, como anti-democrático. Assim, não apenas não vamos arrumar o Rio, como ainda corre-se o risco de reforçar sua proposta ruim de mudança de uma coisa rara no Brasil - uma boa lei.
Ela é avó de duas crianças, filhas de sua filha mais velha, que aos 21 anos já tinha dois filhos. Um dia, enquanto fazia minha unha, essa manicure moradora de uma das maiores favelas da cidade, a Rocinha, me perguntava se eu sabia como encontrar um determinado médico de Niterói que aceitava fazer cesarianas por preços módicos para, na mesma cirurgia, fazer também a ligadura de trompas. Era, achava a avó, a única saída para o futuro da filha e criticava a Lei do Planejamento Familiar, que só permite a realização do procedimento de esterilização a partir dos 25 anos. Estava disposta a pagar – e caro – para fazer aquilo que a saúde pública se recusava a fazer de graça.
Os anos 1970 e 1980 foram campeões de esterilização cirúrgicas em mulheres por iniciativas dos médicos, que tomavam a decisão da laqueadura considerando a situação de pobreza ou número de filhos das mulheres. A regulamentação da esterilização de homens e mulheres foi uma conquista e tanto.
Mas é claro que o candidato Marcelo Crivella, ao propor a mudança na lei, falando sobre o tema em comunidades carentes, sabe que existem milhares de avós como a minha manicure, que preferem esterilizar a filha a tratar de educação sexual em casa, buscar métodos contraceptivos menos radicais ou mesmo pensar em vasectomia para seu genro.
O discurso de Crivella ainda aparece travestido de “moderno” por se opor ao aspecto mais conservador da Igreja Católica, a proibição do uso de qualquer método “não-natural” de contracepção, conforme determina, há 40 anos, a encíclica Humanae Vitae, recentemente questionada por organizações defensoras dos direitos das mulheres.
No entanto, ao tentar se diferenciar do discurso católico, Crivella comete erro ainda mais grave, porque se associa aos que acham que deve-se regular o nascimento de pobres para regular a pobreza, ao invés de combatê-la com as políticas públicas adequadas, e ainda ignora que decidir o número de filhos que se quer ter é um direito inquestionável de homens e mulheres. Torna-se não apenas conservador, como anti-democrático. Assim, não apenas não vamos arrumar o Rio, como ainda corre-se o risco de reforçar sua proposta ruim de mudança de uma coisa rara no Brasil - uma boa lei.
Um comentário:
O Crivela eh hiper amigo do OME!!!!
Cervo™ $$$$$$$$$$$ Servo™
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