TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sobre a gafe da Folha de São Paulo

Foto: ai que meda!

Da MARY, A Feminista
Por que eu estava realmente surda com tanto silêncio. Com articulistas palpiteiros que comentam cada deslize verbal de políticos e coisas assim. Silenciando sobre isso. E o Fernando de Barros e Silva resolveu responder. E foi bem, no artigo. E aí, no final, faz referência ao que o Fabio Konder Comparato fala. De ajoelhar e pedir desculpa. Diz o Fernando que na China que rolava isso e blá. Todo mundo mostrando sua erudição. E eu perco mesmo a paciência. Por que o embate não é entre a Folha e o FKC, né? O caso é a invenção de um termo. Que o editorial usou para reescrever a história do país nos termos que o tal jornal acha conveniente. As cartas dos professores foram de repúdio ao tal neologismo. E agora o Fernando, de novo, faz esse nhém. De tentar desqualificar a crítica. Apelando para Mao. Para Fidel, óbvio, já tinham apelado. E perde-se o foco. E, claro, parece de propósito. Quantos neurônios serão necessários para entender isso?
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Ditadura, por favor
CERTAMENTE não é a primeira vez que um colunista da casa diverge de uma posição expressa pelo jornal em editorial.Mas é a primeira vez que este colunista se sente compelido a tornar pública sua discordância, inclusive em nome do que aprendeu durante 20 anos nesta Folha.O mundo mudou um bocado, mas "ditabranda" é demais.
O argumento de que, comparada a outras instaladas na América Latina, a ditadura brasileira apresentou "níveis baixos de violência política e institucional" parece servir, hoje, para atenuar a percepção dos danos daquele regime de exceção, e não para compreendê-lo melhor.O que pretende ser um avanço analítico parece, mais do que um erro, um sintoma de regressão.Algumas matam mais, outras menos, mas toda ditadura é igualmente repugnante. Devemos agora contar cadáveres para medir níveis de afabilidade ou criar algum ranking entre regimes bárbaros?Por essa lógica, chega-se à conclusão absurda de que o holocausto nazista não passou de um "genolight" perto do extermínio de 20 milhões promovido por Stálin.Ora, se é verdade que o aparelho repressivo brasileiro produziu menos vítimas do que o chileno ou o argentino, isso se deu porque a esquerda armada daqui era menos organizada e foi mais facilmente dizimada, não porque nossos militares tenham sido "brandos".Quando a tortura se transforma em política de Estado, como de fato ocorreu após o AI-5, o que se tem é a "ditadura escancarada", para falar como Elio Gaspari. Seria um equívoco de mau gosto associar qualquer tipo de "brandura" até mesmo ao que Gaspari chamou de "ditadura envergonhada", quando o regime, entre 64 e 68, ainda convivia com clarões de liberdade, circunscritos à cultura.Brandos ou duros, o fato é que os regimes autoritários só mobilizam a indignação de grande parte da esquerda quando não vêm acompanhados da retórica igualitarista.Muitos intelectuais se assanham agora com a tirania por etapas que Chávez vai impondo à Venezuela sob a gosma ideológica da revolução bolivariana. Isso para não lembrar o fascínio que o regime moribundo mas terrível de Fidel Castro ainda exerce sobre figurões e figurinhas da esquerda nativa.É bem sintomático, aliás, que, ao protestar contra a "ditabranda" em carta à Folha, o professor Fábio Konder Comparato, guardião do "devido respeito à pessoa humana", tenha condenado os autores do neologismo a ficar "de joelhos em praça pública" para "pedir perdão ao povo brasileiro".Que coisa. Era assim, obrigando suas vítimas a ajoelhar em praça pública, submetendo-as à autêntica "tortura chinesa", que a polícia política maoísta punia desvios ideológicos durante a Revolução Cultural. Quem sabe, como a "ditabranda", seja só um palpite infeliz.
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Eu nem falei sobre o comentário de uma linha e meia do ombundman. Em que ele nada fala sobre ditabranda. Diz só que a Folha não teve cortesia com leitores. Assim. Ele claramente estava com o cu na mão. Então. Fica difícil. Vai saber. O quanto essa "resposta" do Fernando também não foi encomendada e blá.
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Uma outra coisa sobre isso de ditadura. Quando eu estava na faculdade, um dos meus professores tinha acabado de defender a tese de doutorado dele. E era sobre a ditadura. E a tese dele dizia que basicamente que Castelo Branco não tinha sido brando. Na aula ele falava muito dos quartéis. Tipo o poder dos quartéis por todo Brasil, principalmente no interior do Brasil. Eu achei tão legal isso porque meu pai contava muitas histórias do período. Uma delas, que eu me lembro agora, é a respeito de um garoto que veio passar carnaval aqui. E rolou uma briga no salão. E o garoto estava metido nela. E foi preso. E meu pai que foi soltá-lo. E não conseguiu. Porque ele tinha brigado com o sobrinho de um tenente daqui. O delegado e o juiz da minha cidade eram engajados na luta contra a ditadura, mas tiveram que se curvar. E acabaram os três (meu pai, juiz e delegado) indo na casa do tenente e explicar e puxar o saco. E depois de uma enormidade de dias é que o garoto foi solto. Meu pai tinha uma série de histórias sobre. E eu tenho uma também. Eu tinha uma poupança no Bradesco quando era criança. Alucinada, todo o dinheiro que eu recebia, ia correndo depositar. Não sei se crianças podem fazer depósito ou se é coisa do interior isso. Sei que eu ia. E eram filas imensas porque nada era informatizado na época. E eu tava na fila. E quase chegando a minha vez. E aí entra no banco o Tenente M. Eu gostava dele porque ele era pai de um menino da minha escola. E de vez em quando aparecia lá pra hastear a bandeira. Foi uma festa na agência e blá. Daí chegou minha vez. E quando eu estava indo pro caixa, senti uma mão me segurando. Era um funcionário do banco. E o tenente M. passou na minha frente. E foi a primeira vez que eu vi isso. De alguém ser mais importante que eu e portanto ter o poder de tomar a minha vez.
Acho que eu já contei essa história aqui mil vezes. Com mais detalhes até, porque meu pai devia estar vivo e blá. A do banco contarei outras mil. Eu sou indignada com ela. É meu exemplo pessoal, né? De Quem você pensa que é? e Você sabe com quem está falando?

2 comentários:

KathY CatherYne disse...

Tem alunos de uma certa universidade particular aqui de Londrina (que começa com U e termina com NOPAR), que ameaçam os professores.,., Se os professores dão nota baixa ou chamam a atenção, eles já ameaçam:Vc sabe com quem está falando??? Meu pai/mãe pode acabar com a sua vida, tá ouvindo! Isso na frente da turma inteira.,., E os professores abaixam a cabeça e ficam quietos.,., Pq esses filhinhos da mamãe e do papai, se acham melhores do q os outros, e, de fato, alguns pais têm grande influência por aqui.,., Ou seja, se o profº não ficar quieto e não der a nota, pode ter, de fato, sua vida arruinada, ser demitido, não conseguir outro emprego.,., Não posso revelar como eu sei disso, mas eu sei. E isso é lamentável.,.,

KthY?

Anônimo disse...

Eo do que dizem que a Dita foi BOA!!!!!!!!!


Trata-se dos que foram nomeados sem concurso e/ou por concurso fajuta como docente das universidades públicas, na e pós didatura de 64.

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Tanto é assim que, que ainda hoje é possível encontrar docente público federal que jura até pelo sagrado que o Regime de 64 era dotado de uma bondade tão extremada pelo nosso educacional, e tão extremada mesmo, ao ponto de o ter nomeado sem concurso apenas por ele ter convencido general avalizador de ficha dos ingressantes de ser o mais competente academicamente possível para o cargo.
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Prof. João Batista do Nascimento- Fac. Mat. UFPa

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