Ce nest qu´un début? por Joana Lopes, Entre as brumas da memória, Portugal. AQUI
Continuam em França greves e manifestações mais ou menos espectaculares, e embora o seu motivo imediato possa provocar em nós um sorriso amarelo de inveja (a luta contra a passagem da idade da reforma de 60 para 62 anos…), vale a pena parar e reflectir para além dos títulos dos jornais e da substituição do celebérrimo «métro, boulot, dodo» pelo novo «métro, boulot, caveau».
Polémica à parte sobre o número de manifestantes (ontem, 3.000.000 segundo os sindicatos, 825.000 para a polícia), a mobilização é impressionante pela persistência a que, de resto, os franceses nos habituaram desde sempre. E o que está em causa não é apenas o seu pretexto imediato, mas um protesto global, bem concretizado pela presença em massa de jovens que dizem recusar uma vida pior do que a da geração dos seus pais.
Inevitavelmente, há quem identifique semelhanças com Maio de 68, mas não vou por aí. O que considero significativo é que um país que nem sequer pertence ao famigerado grupo dos PIIG’s venha para a rua com esta virulência. Porque, no meu entender, é agora mais do que evidente que não é dos gabinetes ministeriais nem dos corredores de Bruxelas, muito menos de alternâncias ou consensos (!!!) entre governos mais ou menos clonados ou siameses, que se pode esperar uma solução para ultrapassar a fase trágica em que nos encontramos. É, não só mas certamente também, da rua, com solidariedades e sem barreiras patrióticas, pelo menos do Atlântico aos Urais. Pacificamente, antes que seja demasiado tarde para evitar que a violência tome conta da situação.
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COMENTÁRIO: e pensar que, no Brasil, antes de os candidatos para presidente se pronunciarem já seus economistas se antecipam. Pregam menos gastos públicos (sic), reforma da previdência (mais ainda) e salvem-se os banqueiros de tout le monde! Viva a França!
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