Grécia não quis mas Itália quer: Berlusconi vende ilhas
por Margarida Videira da Costa, AQUI
Croda Rossa, uma parte das montanhas Dolomite no Sul dos Alpes, foi cenário para um filme de James Bond nos anos 80. Está à venda por 3,6 milhões de euros D. R. 1/1 + fotogalería .São mais de 9 mil bens ao dispor de quem possa desembolsar alguns milhões de euros para ter um pedaço de Itália. A ideia partiu do partido separatista italiano Liga Norte e foi recebida com agrado pelo governo de Berlusconi, que se vê a braços com a maior dívida pública da sua história - mais de 1,8 biliões de euros (dados de Janeiro de 2010).
Os pequenos e grandes tesouros nacionais passarão das mãos da Agenzia del Demanio para as autoridades locais e regionais, que a partir daí os porão à venda no mercado internacional. Setenta e cinco por cento do valor arrecadado será utilizado para pagar as dívidas locais e o restante é directamente aplicado na redução do défice nacional. A lista provisória conta com importantes edifícios históricos como o antigo palácio real em Palermo, com mais de 900 anos, ou a Villa Giugla, construída no século XVI, em Roma, cidade onde poderão ser comprados também parte de um mercado e um cinema.
A completar a lista que atinge os 3 mil milhões de euros estão locais e paisagens emblemáticos do país e ilhas ao longo da costa. Na lagoa de Veneza, será posto à venda todo o território da ilha de Sant'Angelo della Polvere de 0,53 hectares e partes de outras ilhas que incluem um campo de golfe na ilha de Albarella, um forte arruinado na ilha de Sant'Erasmo e o Farol de Spignon que controlava a entrada de embarcações na lagoa.
Quem sempre sonhou ser dono de uma ilha deserta, pode optar por adquirir a ilha de Santo Stefano, no mar Tirreno. Se preferir vizinhança, há ainda a possibilidade de comprar uma praia no Lago Como, onde personalidades como Madonna e George Clooney têm casa. A esta venda em grande escala não escapa a região da Sardenha, onde a paradisíaca praia de Caprera também tem preço.
Muitos destes locais são importantes reservas naturais onde, por lei, é impossível construir. Ambientalistas preocupam-se agora com o atropelamento desta lei em nome da valorização dos terrenos. "Quando alguém paga mais de um milhão de euros por uma ilha, quer lá construir uma grande casa", disse Farhad Vladi, agente imobiliário especialista em ilhas privadas ao "The Sunday Times".
A iniciativa do governo italiano parece partir dos rumores que se criaram em torno do caso da Grécia. O governo grego desmentiu imediatamente a notícia dada em Junho pelo "The Guardian" que punha a hipótese de o país vender algumas ilhas como medida de combate à divida soberana.
A possibilidade levantada na imprensa valeram a indignação dos gregos e o porta-voz do governo helénico considerou-as "um insulto". Em causa estava património de natureza protegida, semelhante ao que agora é posto a venda por Berlusconi. Jorge Messias, jornalista grego e colunista do i, chamou a atenção para questões legais que a situação levanta: "O que está protegido por lei, não se vende." Quando isto acontece é importante que se esclareça que o Estado continua soberano, defende o jornalista. "Uma coisa é a propriedade e outra a soberania nacional" e os territórios vendidos são territórios nacionais "com todas as relações jurídicas que isso implica", garante.
Em 2002, o então ministro italiano da Defesa, Antonio Martino, referiu-se ao património cultural e natural como "o petróleo de Itália" por onde poderia passar a resolução da já então grande dívida pública. Mas garantia: "Não se trata de vender o Coliseu ou a Fonte de Trevi, mas de rentabilizar o imenso património imobiliário actualmente improdutivo." Oito anos depois, o governo leva a cabo a maior operação deste género na história de Itália.
Os pequenos e grandes tesouros nacionais passarão das mãos da Agenzia del Demanio para as autoridades locais e regionais, que a partir daí os porão à venda no mercado internacional. Setenta e cinco por cento do valor arrecadado será utilizado para pagar as dívidas locais e o restante é directamente aplicado na redução do défice nacional. A lista provisória conta com importantes edifícios históricos como o antigo palácio real em Palermo, com mais de 900 anos, ou a Villa Giugla, construída no século XVI, em Roma, cidade onde poderão ser comprados também parte de um mercado e um cinema.
A completar a lista que atinge os 3 mil milhões de euros estão locais e paisagens emblemáticos do país e ilhas ao longo da costa. Na lagoa de Veneza, será posto à venda todo o território da ilha de Sant'Angelo della Polvere de 0,53 hectares e partes de outras ilhas que incluem um campo de golfe na ilha de Albarella, um forte arruinado na ilha de Sant'Erasmo e o Farol de Spignon que controlava a entrada de embarcações na lagoa.
Quem sempre sonhou ser dono de uma ilha deserta, pode optar por adquirir a ilha de Santo Stefano, no mar Tirreno. Se preferir vizinhança, há ainda a possibilidade de comprar uma praia no Lago Como, onde personalidades como Madonna e George Clooney têm casa. A esta venda em grande escala não escapa a região da Sardenha, onde a paradisíaca praia de Caprera também tem preço.
Muitos destes locais são importantes reservas naturais onde, por lei, é impossível construir. Ambientalistas preocupam-se agora com o atropelamento desta lei em nome da valorização dos terrenos. "Quando alguém paga mais de um milhão de euros por uma ilha, quer lá construir uma grande casa", disse Farhad Vladi, agente imobiliário especialista em ilhas privadas ao "The Sunday Times".
A iniciativa do governo italiano parece partir dos rumores que se criaram em torno do caso da Grécia. O governo grego desmentiu imediatamente a notícia dada em Junho pelo "The Guardian" que punha a hipótese de o país vender algumas ilhas como medida de combate à divida soberana.
A possibilidade levantada na imprensa valeram a indignação dos gregos e o porta-voz do governo helénico considerou-as "um insulto". Em causa estava património de natureza protegida, semelhante ao que agora é posto a venda por Berlusconi. Jorge Messias, jornalista grego e colunista do i, chamou a atenção para questões legais que a situação levanta: "O que está protegido por lei, não se vende." Quando isto acontece é importante que se esclareça que o Estado continua soberano, defende o jornalista. "Uma coisa é a propriedade e outra a soberania nacional" e os territórios vendidos são territórios nacionais "com todas as relações jurídicas que isso implica", garante.
Em 2002, o então ministro italiano da Defesa, Antonio Martino, referiu-se ao património cultural e natural como "o petróleo de Itália" por onde poderia passar a resolução da já então grande dívida pública. Mas garantia: "Não se trata de vender o Coliseu ou a Fonte de Trevi, mas de rentabilizar o imenso património imobiliário actualmente improdutivo." Oito anos depois, o governo leva a cabo a maior operação deste género na história de Itália.
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