Fotografia de Ashley Gilbertson/VII Network para o The New York Times in The New York Times Magazine, 17 de outubro de 2010. No dia 21 de setembro, Ashley Gilbertson documentou um dia na vida do presidente Barack Obama na Casa Branca. Esta fotografia está em página inteira da revista dominical do The New York Times, na reportagem primorosa de Peter Baker chamada “Education of a President” [“A Educação de um Presidente”], sobre o balanço de dois anos de seu governo. A matéria é capa da revista.
Peter Baker conta um pequeno detalhe sobre Barack Obama que revela muito sobre o ódio imenso que Obama desperta em boa parte dos Estados Unidos. Obama redecorou o Salão Oval da Casa Branca e, nesse trabalho, ele substituiu o busto de Winston Churchill pelo de Martin Luther King Jr. Sensacional. Mas, para um psicanalista, tão importante quanto aquilo que um sujeito faz é o que ele não faz. Por exemplo, na maravilhosa fotografia de Ashley Gilbertson, há, à direita do presidente, a enorme escultura de um cowboy tentando domar um cavalo selvagem. Simbolicamente, no quadro acima desta escultura, um pedaço da estátua da Liberdade, a lembrar que um cavalo totalmente amestrado já não é mais um cavalo livre. Porém, e aqui arrisco uma hipótese não esclarecida na brilhante reportagem de Peter Baker, se Obama não mudou esta estátua herdada das presidências anteriores, quem sabe uma escolha do próprio Bush filho – e aqui vai um desafio para os conhecedores da Casa Branca, quem foi afinal de contas o presidente que escolheu esta estátua do cowboy? – então, é porque agora o cowboy é ele, uma imensa transgressão no imaginário norte-americano em que o lugar do negro jamais seria o de protagonista da história, mas sim o de assistente do cowboy, quando não simplesmente escravo. Esse foi o sonho de Martin Luther King Jr. – um John Wayne negro. Para Obama, seu maior problema é que o fascínora [referência ao imortal “O Homem que Matou o Fascínora”, do outro John, o Ford] a ser morto não é apenas o fascista George W. Bush filho, mas se encarna em milhões de pessoas que pensam como Bush, que agem como Bush, que fazem mal como Bush. Como matar uma América fascista, racista, atrasada, perigosa, fundamentalista e terrorista? Uma das grandes ironias de John Ford foi ter chamado o terrível pistoleiro de Liberty, liberdade. Para um homem educado pelo ideal da Liberdade, matar esses Liberties não é tarefa fácil – e eu só desejo a Obama nesta hora que não faça aqui a política do neurótico, ou seja, a de dar um tiro no próprio pé, sacrificar sua diferença enquanto os Liberty Valance vão tomar chá [referência ao movimento nefasto Tea Party]. Não foi para ficar parecido com esses brancos que ele está ali.
Peter Baker conta um pequeno detalhe sobre Barack Obama que revela muito sobre o ódio imenso que Obama desperta em boa parte dos Estados Unidos. Obama redecorou o Salão Oval da Casa Branca e, nesse trabalho, ele substituiu o busto de Winston Churchill pelo de Martin Luther King Jr. Sensacional. Mas, para um psicanalista, tão importante quanto aquilo que um sujeito faz é o que ele não faz. Por exemplo, na maravilhosa fotografia de Ashley Gilbertson, há, à direita do presidente, a enorme escultura de um cowboy tentando domar um cavalo selvagem. Simbolicamente, no quadro acima desta escultura, um pedaço da estátua da Liberdade, a lembrar que um cavalo totalmente amestrado já não é mais um cavalo livre. Porém, e aqui arrisco uma hipótese não esclarecida na brilhante reportagem de Peter Baker, se Obama não mudou esta estátua herdada das presidências anteriores, quem sabe uma escolha do próprio Bush filho – e aqui vai um desafio para os conhecedores da Casa Branca, quem foi afinal de contas o presidente que escolheu esta estátua do cowboy? – então, é porque agora o cowboy é ele, uma imensa transgressão no imaginário norte-americano em que o lugar do negro jamais seria o de protagonista da história, mas sim o de assistente do cowboy, quando não simplesmente escravo. Esse foi o sonho de Martin Luther King Jr. – um John Wayne negro. Para Obama, seu maior problema é que o fascínora [referência ao imortal “O Homem que Matou o Fascínora”, do outro John, o Ford] a ser morto não é apenas o fascista George W. Bush filho, mas se encarna em milhões de pessoas que pensam como Bush, que agem como Bush, que fazem mal como Bush. Como matar uma América fascista, racista, atrasada, perigosa, fundamentalista e terrorista? Uma das grandes ironias de John Ford foi ter chamado o terrível pistoleiro de Liberty, liberdade. Para um homem educado pelo ideal da Liberdade, matar esses Liberties não é tarefa fácil – e eu só desejo a Obama nesta hora que não faça aqui a política do neurótico, ou seja, a de dar um tiro no próprio pé, sacrificar sua diferença enquanto os Liberty Valance vão tomar chá [referência ao movimento nefasto Tea Party]. Não foi para ficar parecido com esses brancos que ele está ali.
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