Da Joana Lopes, do Blog Entre as brumas da memória, Portugal. AQUI
Circula por aí um e-mail em que tentam convencer-nos a minimizarmos os efeitos da crise comprando, de preferência, produtos portugueses. Não sei com que base científica, diz-se mesmo que «se cada português consumir 150€ de produtos nacionais por ano, a economia cresce acima de todas as estimativas e, ainda por cima, cria postos de trabalho».
São dadas dezenas de exemplos: «[O Zé] depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA ) na sua torradeira (Made in Germany ) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain ), pegou na máquina de calcular (Made in Korea ) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Thailand ) para ver as previsões meteorológicas.» Etc., etc.
Esta cruzada reaparece ciclicamente (lembro-me bem dela na década de 80) e não sei se o Orçamento do dr. Teixeira dos Santos já contou, nas suas percentagens, com estas almas de boa vontade que o querem ajudar na sua tarefa mais ou menos suicida. Serão as mesmas que terão seguido o conselho do nosso PR e que, por zelo patriótico, não puseram certamente um pé fora do país no Verão passado.
Há várias razões pelas quais abomino este tipo de atitude.
Em primeiro lugar, pelo paroquialismo: apregoamos que a vida e a crise são globais, mas queremos proteger o nosso cantinho e o resto do mundo que se cuide. Desde que não deixe de contribuir para o aumento das nossas exportações, é claro, e continue a usar rolhas de cortiça e a beber Mateus Rosé!
Depois, no exacto momento em que o poder de compra leva uma gigantesca machadada, ainda se pede que renunciemos a escolher a melhor relação preço / qualidade como critério fundamental, só porque laranjas ou chávenas vêm de Espanha e não de Alguidares de Baixo.
Finalmente, no estado actual das coisas, esforços inúteis como este fazem-me lembrar a criancinha que, com uma caneca na mão, explicava a Santo Agostinho que ia pôr toda a água do mar dentro de um buraco feito na areia…
São dadas dezenas de exemplos: «[O Zé] depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA ) na sua torradeira (Made in Germany ) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain ), pegou na máquina de calcular (Made in Korea ) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Thailand ) para ver as previsões meteorológicas.» Etc., etc.
Esta cruzada reaparece ciclicamente (lembro-me bem dela na década de 80) e não sei se o Orçamento do dr. Teixeira dos Santos já contou, nas suas percentagens, com estas almas de boa vontade que o querem ajudar na sua tarefa mais ou menos suicida. Serão as mesmas que terão seguido o conselho do nosso PR e que, por zelo patriótico, não puseram certamente um pé fora do país no Verão passado.
Há várias razões pelas quais abomino este tipo de atitude.
Em primeiro lugar, pelo paroquialismo: apregoamos que a vida e a crise são globais, mas queremos proteger o nosso cantinho e o resto do mundo que se cuide. Desde que não deixe de contribuir para o aumento das nossas exportações, é claro, e continue a usar rolhas de cortiça e a beber Mateus Rosé!
Depois, no exacto momento em que o poder de compra leva uma gigantesca machadada, ainda se pede que renunciemos a escolher a melhor relação preço / qualidade como critério fundamental, só porque laranjas ou chávenas vêm de Espanha e não de Alguidares de Baixo.
Finalmente, no estado actual das coisas, esforços inúteis como este fazem-me lembrar a criancinha que, com uma caneca na mão, explicava a Santo Agostinho que ia pôr toda a água do mar dentro de um buraco feito na areia…
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