18/11/2010
Da MARY em A feminista AQUI
Daí o médico me deu a licença e eu levei na faculdade. E a moça do RH disse que de jeito nenhum, que ele precisava dizer que tinha feito cirurgia, não bastava colocar o CID. E aí eu fui no médico. E ele tava terminando uma consulta e eu entrei e falei pra ele o problema. Aí ele fez aquela cara de preguiça do mundo. Eu tô gamada nesse médico. Ele dá diagnóstico por exame clínico. E faz uma cara de ai, mas faz um ultrassom também. E ele não erra nada. Saí resultado de exame e ele faz cara de galvão, eu já sabia. Aí ele fez cara de preguiça e me explicou que não pode mais colocar procedimento. Que nem o CID deve ser colocado. Por problemas éticos, claro. Esse papel vai rodar muito, ele me explicou. E todo mundo vai saber que eu não tenho vesícula, eu emendei. E ele disse yeah, veja se tem cabimento. Aí ele falou mais um tempo sobre isso. Eu gosto dele e então adorei que ele curta dar uma filosofada a respeito de, etc. Aí eu fui de novo no RH da faculdade. Ele preencheu pra mim o lance dizendo A PACIENTE FOI SUBMETIDA A UMA CIRURGIA. Era bem o que a moça do RH queria. Aí ela fez uma cara de ufa, até que enfim esses médicos fizeram alguma coisa que preste. E eu fiquei naquela de debato ou não, o assunto. Ela continuava reclamando. Aí ela falou aquilo que seria o fim da discussão. Ela disse: "outro dia apareceu aqui uma professora com um atestado sem CID". Aí eu resolvi contar pra ela. Que não podia mais por CID nem descrever procedimento, que isso estava sendo implementado e estava sendo tolerado, mas que ia desaparecer. Eu falei que era informação privada e que o paciente que decide se divulga ou não suas informações médicas. E ela dizia coisas tipo "mas como eu vou saber o que a pessoa teve?!?" e eu respondia dizendo que pois é, ela não precisava saber. Ela foi ficando bem brava e entrando na vibe isso não é um país sério se eu não posso ter detalhes das intercorrências médicas dos funcionários da faculdade. Nesse exato momento, eu decidi dar um exemplo*. Pra mostrar pra ela. Que isso poderia prejudicar a pessoa. Eu disse assim que o empregador poderia em alguns casos ter preconceito por causa da doença. Tipo que alguém poderia resolver não me contratar ou não me manter no emprego porque eu não tenho vesícula. E que isso poderia prejudicar minha vida. Rapaz. Nesse exato momento ela achou que tinha definitivamente ganhado a discussão. Porque alguém te demitiria por isso? Vesícula não serve pra nada. Ninguém demite ninguém por causa de vesícula. Aí eu falei "que bom", levantei e fui embora. Porque, né?
*Eu pensei em falar de AIDS. Se eu tivesse AIDS e quisesse que não fosse divulgado. Pela vibe eu notei. Que ela ia responder "mas não é AIDS, pelo CID, K80 é vesícula!". Não tinha futuro essa conversa.
Da MARY em A feminista AQUI
Daí o médico me deu a licença e eu levei na faculdade. E a moça do RH disse que de jeito nenhum, que ele precisava dizer que tinha feito cirurgia, não bastava colocar o CID. E aí eu fui no médico. E ele tava terminando uma consulta e eu entrei e falei pra ele o problema. Aí ele fez aquela cara de preguiça do mundo. Eu tô gamada nesse médico. Ele dá diagnóstico por exame clínico. E faz uma cara de ai, mas faz um ultrassom também. E ele não erra nada. Saí resultado de exame e ele faz cara de galvão, eu já sabia. Aí ele fez cara de preguiça e me explicou que não pode mais colocar procedimento. Que nem o CID deve ser colocado. Por problemas éticos, claro. Esse papel vai rodar muito, ele me explicou. E todo mundo vai saber que eu não tenho vesícula, eu emendei. E ele disse yeah, veja se tem cabimento. Aí ele falou mais um tempo sobre isso. Eu gosto dele e então adorei que ele curta dar uma filosofada a respeito de, etc. Aí eu fui de novo no RH da faculdade. Ele preencheu pra mim o lance dizendo A PACIENTE FOI SUBMETIDA A UMA CIRURGIA. Era bem o que a moça do RH queria. Aí ela fez uma cara de ufa, até que enfim esses médicos fizeram alguma coisa que preste. E eu fiquei naquela de debato ou não, o assunto. Ela continuava reclamando. Aí ela falou aquilo que seria o fim da discussão. Ela disse: "outro dia apareceu aqui uma professora com um atestado sem CID". Aí eu resolvi contar pra ela. Que não podia mais por CID nem descrever procedimento, que isso estava sendo implementado e estava sendo tolerado, mas que ia desaparecer. Eu falei que era informação privada e que o paciente que decide se divulga ou não suas informações médicas. E ela dizia coisas tipo "mas como eu vou saber o que a pessoa teve?!?" e eu respondia dizendo que pois é, ela não precisava saber. Ela foi ficando bem brava e entrando na vibe isso não é um país sério se eu não posso ter detalhes das intercorrências médicas dos funcionários da faculdade. Nesse exato momento, eu decidi dar um exemplo*. Pra mostrar pra ela. Que isso poderia prejudicar a pessoa. Eu disse assim que o empregador poderia em alguns casos ter preconceito por causa da doença. Tipo que alguém poderia resolver não me contratar ou não me manter no emprego porque eu não tenho vesícula. E que isso poderia prejudicar minha vida. Rapaz. Nesse exato momento ela achou que tinha definitivamente ganhado a discussão. Porque alguém te demitiria por isso? Vesícula não serve pra nada. Ninguém demite ninguém por causa de vesícula. Aí eu falei "que bom", levantei e fui embora. Porque, né?
*Eu pensei em falar de AIDS. Se eu tivesse AIDS e quisesse que não fosse divulgado. Pela vibe eu notei. Que ela ia responder "mas não é AIDS, pelo CID, K80 é vesícula!". Não tinha futuro essa conversa.
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