A música na Terra é, por excelência, a arte divina.
Egberto Gismonti
Fiquei uma parte de meu almoço com minha filha Juju procurando músicas para um vídeo. Reencontrei Egberto Gismonti. Terráqueo divino. Brasileiro. Ele fez a música do filme Chico Xavier. Assisti ao filme. Imagens e música dão o tom aéreo, leve, solto do filme. Quisera eu ser uma pessoa religiosa. Mas, não sou. Pensando nisso lembrei-me de minha mãe. Na minha infância, no quarto de minha mãe, havia uma "cômoda" e uma "penteadeira". Na Penteadeira estavam os batons, pó-de-arroz, perfume, pentes, grampos.... na cômoda um monte de santos. Nossa Senhora de Aparecida; bem no centro do móvel. Santo Antonio, Santo Inácio, Santa Luzia, Santa Margarida, flores de plástico e velas, muitas velas. Minha mãe queimou sua cômoda de tanto acender velas. Pedia aos santos para toda a família. Para meu pai. Namorador compulsivo. Para minhas irmãs Marilza, Teresa e Maria Helena que ficaram doentes, de doenças misteriosas na época. Ia à igreja com minha mãe. Mais santos. Ia nas festas juninas. Mais santos. Minha avó italiana fez uma promessa (nem sei para quê) e eu fui pagar em nome dela (fui um "anjo" em procissão). Minha avó, Benedita, a portuguesa, fez promessa para Santa Luzia, a santa dos olhos. Ficou cega ainda jovem. A minha avó.
Cresci rodeada de santos. Quando adolescente, cerquei-me de Fridas, de Rosas Luxemburgos, de Machado de Assis, de Eça de Queiroz, de livros, muito livros.... de personagens endemoniados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário