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Países devem US$ 41 tri; Equador inspira grupos por auditoria na UE
No Brasil, europeus revelam que, em países com crise de dívida, já se articulam comitês em defesa de auditagem e moratória. 'Equador é exemplo', diz Eric Toussaint, do Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo. Segundo ele, dívida global chega a US$ 158 tri, 25% de governos. Deputada grega diz que mídia esconde experiência equatoriana.
André Barrocal
BRASÍLIA – Países europeus que enfrentam crises da dívida pública, como Grécia, Portugal, Itália, Irlanda e Espanha, já assistem à criação de comitês em defesa de auditagem e moratória dos débitos. Os articuladores buscam inspiração na América do Sul, particularmente no Equador, cujo governo fez uma auditoria e, depois disso, conseguiu elevar os gastos sociais.
“Estamos olhando desde a Europa para o Equador como um exemplo a ser seguido”, disse o presidente do Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, Eric Toussaint, que participou quarta (5) e quinta-feira (6), em Brasília, de dois seminários sobre a crise internacional – um promovido na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), outro na Câmara dos Deputados.
Presente aos mesmos seminários, a deputada socialista grega Sofia Sakorafa, articuladora de um comitê em seu país, também disse que o Equador é fonte de inspiração. Para ela, infelizmente, a imprensa local não informa à população sobre a experiência equatoriana, o que dificultaria a construção de uma alternativa política ao socorro do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ex-ministro no Equador na época da auditoria, Pedro Páez Pérez participou dos seminários e estimulou a reprodução do caminho trilhado naquele país. “Temos uma situação generalizada de insolvência, não se pode apostar em mecanismos de mercado”, disse. Para ele, há um “capitalismo de crises”, operado por banqueiros com “corrupção e incompetência”, que explora as nações.
Apesar de a crise financeira, em sua forma mais aguda, estar localizada nos países ricos, Toussaint não perdeu a chance de defender o cancelamento da dívida externa dos países pobres. Para o belga, ela é pouco representativa, diante das cifras globais. Somaria US$ 1,4 trilhão, menos de 1% de todo o endividamento planetário, que chegaria a US$ 158 trilhões.
Desse total, US$ 41 trilhões (25%) seriam de governos e US$ 117 trilhões, de empresas “Está claro que o problema são as dívidas privadas e as públicas dos países ricos”, disse.
De acordo com o ex-ministro do Equador, o PIB mundial é de US$ 63 trilhões, ou seja, cerca de metade das dívidas. Para ele, isso mostra como há uma grande desproporção entre a economia real e o sistema financeiro.
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