TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A cidade é dos empresários! Viva la plata!


Enviado pela minha querida amiga Marta Jupe, de São Paulo


Conpresp vai votar revisão de áreas tombadas após lobby de construtoras
Empreiteiras têm projetos congelados em regiões próximas do Parque da Aclimação e dos galpões da Mooca
Diego Zanchetta e Sérgio Duran
Menos de seis meses após a aprovação de tombamentos que impedem a construção de edifícios com mais de 10 andares nas áreas de entorno ao Parque da Aclimação e ao conjunto de sete galpões centenários da Mooca, o Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico de São Paulo (Conpresp) decidiu pôr em votação a revisão de parte dessas medidas, o que atende aos interesses das empreiteiras.
No caso da região próxima aos bens tombados da Mooca, na zona leste, cuja regra em vigor impede construções com altura superior a 30 metros (oito andares), uma proposta de revisão foi aprovada pelo Conpresp no dia 18 de dezembro e será votada em 45 dias, segundo o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH). Duas construtoras com interesse em investir na área próxima aos galpões, a Magik e a Yuny, fizeram pedidos de revisão das regras junto à Prefeitura, no final do ano passado. Na Aclimação, região central, a construtora Santa Luzia também apresentou requerimento para alterar a regra que impede edificações com mais de 10 metros de altura, o equivalente a três andares. A empresa pretendia construir um edifício na Rua Safira. Outro prédio, da Camargo Côrrea, na Rua Muniz de Souza, está embargado por estar em área tombada.
"Os empreendedores não podem ser prejudicados, pois já tinham investido nessas áreas antes do tombamento. A cidade não pode ficar engessada com regras duras para as construtoras", defende o vereador Toninho Paiva (PR), representante do Legislativo no Conpresp. "Vamos revisar o tombamento da Aclimação. A empresa Santa Luzia foi muito prejudicada."O Conpresp admite a pressão das construtoras para alterar as regras. "O pedido de revisão é algo que não foge à normalidade. É natural que haja pedidos de revisão, mas nós ainda não aprovamos nenhuma mudança", pondera José Eduardo de Assis Lefèvre, presidente do ConprespWalter Pires, diretor do DPH, argumenta que a revisão das regras para a construção de novos prédios será votada apenas para a Mooca e não implicará mudança na área onde estão os bens tombados. Ele admite, porém, que alterações em estudo para a região envoltória aos galpões poderão permitir edifícios com mais de 30 metros no entorno dos galpões.
"O departamento está reestudando as regras, mas só para a área envoltória. Temos de ver em que tipo de situação o gabarito da resolução do tombamento pode ser modificado", afirma o diretor. "Estão valendo as regras da resolução de 2007, que impede prédios com mais de 30 metros. As mudanças ou a manutenção das regras serão colocadas em votação em 45 dias."A Promotoria do Meio Ambiente da capital considera que o entorno de bens tombados deve ter um raio mínimo de 300 metros de proteção contra edificações que resultem "na obstrução visual do patrimônio histórico". Para a promotora Mariza Tucunduva, somente o órgão que autorizou o tombamento poderá permitir a construção de um edifício em área próxima.O presidente do Sindicato da Habitação em São Paulo (Secovi-SP), José Crestana, comemorou a possibilidade de revisões. "A Lei de Zoneamento não pode ser alterada por uma resolução de um conselho. Sou favorável ao tombamento de bens históricos. Mas quem decide sobre prédios em volta dos galpões é a legislação em vigor, não duas ou três pessoas do Conpresp." A Santa Luzia e as outras empreiteiras não se pronunciaram. Na Mooca, o conjunto tombado é formado pelos galpões do Moinho Gamba, ou Santo Antonio, que datam de 1909 a 1938; os armazéns da antiga São Paulo Railway (1898 a 1900); os galpões da cooperativa do Banco do Brasil; os galpões da antiga oficina Casa Vanorden; e o conjunto de imóveis que pertenceu ao conde Francisco Matarazzo.

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