Por Míriam Leitão
A estranha entrevista da governadora Ana Julia Carepa (foto) é o retrato da ambigüidade comum no Brasil e que tem incentivado a destruição da Floresta Amazônica. “A atividade madeireira ilegal representa R$ 2 bilhões ao ano, 7% do PIB do Pará”, disse ela; para depois acrescentar: “Não posso perder R$ 2 bilhões.” E mais adiante: “Não queremos destruir a economia do estado.”
Ana Julia contabiliza como parte do PIB um crime e diz que não pode abrir mão dessa receita e desta “atividade econômica”. Um estado não pode viver de uma atividade criminosa. Depois, garante que combaterá o crime e que retirará a madeira protegida pela sublevação incentivada pelas madeireiras em Tailândia, nem que leve “20, 30, 50 dias”, disse ela ao GLOBO.
Ou bem a governadora acha que o desmatamento é criminoso e ela, como representante maior do Estado do Pará, quer combatê-lo a qualquer preço; ou acha que é uma “atividade econômica” que representa 7% do PIB do estado e cuja extinção provocará perdas.Essa dubiedade com que o ato criminoso é aceito não é apenas paraense. Se a ação que começou ontem no Pará e seguirá para Mato Grosso e Rondônia for para valer, outros setores irão reclamar com os mesmos argumentos: perda de PIB, atividade econômica, emprego, arrecadação, porque legalidade e ilegalidade se misturam. O desmatamento é apenas o crime em que isso fica mais explícito. O presidente Lula também tem sido ambíguo em suas declarações, como agora, quando praticamente absolveu o desmatamento dos assentamentos. O governador Blairo Maggi, que salta na frente dos seus colegas de ofício para absolver a todos e acusar a ministra Marina Silva e o Inpe, também tem sido ambíguo.
O prefeito de Marcelândia, Adalberto Diamante, é madeireiro e é prefeito na cidade campeã da motosserra. Começou sua atividade política no PPS e foi para o PR, a mesma trajetória do governador Blairo Maggi. (leia mais aqui)
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Comentário: e a governadora parece que bebe. Fala cada coisa. Meu Deus, é o estudo que faz falta a essa gente ou é falta de caráter? Volte para casa, Dona Ana!
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