TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Opera pump









Da Rita Ferro, Portugal AQUI

Antes de se enervarem com a frivolidade do tópico que aqui trago, encarem-no como uma contribuição sociológica para o entendimento das espécies - pode ser?

Acreditem ou não, existe uma «alta sociedade» europeia que resiste, surda e intacta, a tudo o que acontece no Mundo, sem a menor apetência para renunciar aos seus códigos.

Atenção, falo sem ressaibo: a atitude, em si, é comum a todas as tribos. Nesta, especificamente, conservadora e com particular expressão nalguma Europa - não confundir com «famílias conhecidas», «jet set» ou «gente bem», designações que se distinguem umas das outras por diferenças subtis ou abissais - as novidades surgem, quando muito, de cinquenta em cinquenta anos.

Em 2010 - mais ano menos ano - esta família humana, habitualmente sóbria, repescou uma moda antiga que, num fósforo, se espalhou nos mais privados e elitistas salões da alta roda. Trata-se dos «opera pumps» (na foto), uns sapatos delicados, chamemos-lhe assim, usados em festas onde o smoking (ou black tie) é dress code obrigatório.

Ninguém me disse, mas fui reparando: primeiro, vi-os nos pés do Príncipe Carlos, depois nos do marido da Carolina do Mónaco, e começo, só agora, a descobri-los em Portugal, calçados pelo Pedro Lafões ou pelo Miguel Horta e Costa - em francês têm outro nome, mas eu, para facilitar, chamo-lhes «sabrinas».

Ora bem: ontem fui a uma festa de smoking em que o português mais bonito e elegante que lá estava calçava uns sapatos destes, os quais, segundo me disseram, exigem a um cavalheiro - habituado a formas folgadas e ortopédicas - um esforço equivalente, nas mulheres, à tortura medieval da depilação.

Ficou sentado à minha direita, tem um apelido longo, joga golfe, é casado com uma Domecq - só isto? - e vive entre Madrid, Londres e o Estoril para me dizer coisas destas:

- Sabe que, no século XVI, os japoneses não entendiam a expressão «obrigada»?

- Não?

- Repare: os superiores jamais agradeciam aos inferiores, e estes, por sua vez, não tinham direito a réplica...

- Interessante.


Bom, já não sei o que dizia. Minto: falava dos «opera pump». Estou inquieta, pronto. Se a moda se democratiza, alastra, vira epidémica e chega à pastorícia? Não é prático. Pior: se o Primeiro Ministro, que é betinho a vestir-se e, como todo o bom socialista, imita os tiques da Direita, sabe disto?

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