por Leonardo Ferrari, psicanalista, Curitiba
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“Je vous attends” [Eu espero por você], 1934 de Yves Tanguy no Los Angeles County Museum fo Art. Fotografia de Pamela Schreckengost, quando de sua visita ao museu em 28/8/2006.
Um museu de Nova Iorque epifaneou. Não é fácil epifanear. É para quem pode. Pois o Katonah Museum of Art decidiu contar uma linda história de amor. Ele reúne até 18 de setembro as obras de um casal, o pintor francês Yves Tanguy e a pintora norte-americana Kay Sage, ambos surrealistas. Karen Rosenberg contou no The New York Times alguns detalhes preciosos dessa maravilhosa não-relação sexual. Ela estava, um dia, em 1936, passeando em Londres por uma mostra de pintores surrealistas quando, subitamente, foi fisgada, foi presa, foi puxada, foi amada ali, naquele instante, do modo mais lindo, do modo mais intenso, pelo título, pelas letras, pelo nome de uma tela chamada “Je vous attends” [Estou esperando você]. Que coisa mais linda! Kay Sage, que tem sálvia no nome, floresceu, desabrochou, se abriu toda, exalou seu perfume tanto, mas tanto que, dois anos depois, em Paris, foi Yves Tanguy quem aspirou esse cheiro em suas obras, ficou apatetado, perdido, atarantado, no início não sabia se era obra de um homem ou de uma mulher, mas só sabia que tinha sido tocado, tinha sido feito o contato, ele agora estava ligado, estava atado pelo hálito dela, pelo sabor dela, pelos cachinhos dela. Apresentados por amigos, eles se casaram, é claro, eles fugiram da guerra, lógico, eles foram viver em Nova Iorque até que a morte os separou. Por um momento. Ele foi primeiro, de uma hemorragia cerebral. Cinco anos depois, ainda de luto e parcialmente cega, ela se matou com um tiro no coração. Em uma nota deixada para trás, ela diz: “The first painting by Yves that I saw, before I knew him, was called ‘I’m Waiting for You.’ I’ve come. Now he’s waiting for me again — I’m on my way.” [A primeira pintura que eu vi de Yves, antes de conhecê-lo, foi “Eu estou esperando por você”. Eu vim. Agora, ele está esperando por mim novamente – estou indo”]
Um museu de Nova Iorque epifaneou. Não é fácil epifanear. É para quem pode. Pois o Katonah Museum of Art decidiu contar uma linda história de amor. Ele reúne até 18 de setembro as obras de um casal, o pintor francês Yves Tanguy e a pintora norte-americana Kay Sage, ambos surrealistas. Karen Rosenberg contou no The New York Times alguns detalhes preciosos dessa maravilhosa não-relação sexual. Ela estava, um dia, em 1936, passeando em Londres por uma mostra de pintores surrealistas quando, subitamente, foi fisgada, foi presa, foi puxada, foi amada ali, naquele instante, do modo mais lindo, do modo mais intenso, pelo título, pelas letras, pelo nome de uma tela chamada “Je vous attends” [Estou esperando você]. Que coisa mais linda! Kay Sage, que tem sálvia no nome, floresceu, desabrochou, se abriu toda, exalou seu perfume tanto, mas tanto que, dois anos depois, em Paris, foi Yves Tanguy quem aspirou esse cheiro em suas obras, ficou apatetado, perdido, atarantado, no início não sabia se era obra de um homem ou de uma mulher, mas só sabia que tinha sido tocado, tinha sido feito o contato, ele agora estava ligado, estava atado pelo hálito dela, pelo sabor dela, pelos cachinhos dela. Apresentados por amigos, eles se casaram, é claro, eles fugiram da guerra, lógico, eles foram viver em Nova Iorque até que a morte os separou. Por um momento. Ele foi primeiro, de uma hemorragia cerebral. Cinco anos depois, ainda de luto e parcialmente cega, ela se matou com um tiro no coração. Em uma nota deixada para trás, ela diz: “The first painting by Yves that I saw, before I knew him, was called ‘I’m Waiting for You.’ I’ve come. Now he’s waiting for me again — I’m on my way.” [A primeira pintura que eu vi de Yves, antes de conhecê-lo, foi “Eu estou esperando por você”. Eu vim. Agora, ele está esperando por mim novamente – estou indo”]
(fonte: Karen Rosenberg in Surrealist Partners in Painting, but Don’t Call Them a Team, The New York Times, 9/6/2011).
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