Da Folha de SÃO PAULO, 24 de junho de 2011
JOSÉ SARNEY
O colapso das cidades
Sempre que encontrávamos um engarrafamento de trânsito em qualquer lugar do Brasil, vinha logo a resposta de "parece que estamos em São Paulo", onde há muitos anos o problema de tráfego parece ser insolúvel. (Senador, ... para os governos vale mais transportes individuais, do que metrô, mais ônibus...).
Hoje, várias capitais brasileiras transformaram-se em São Paulo, com o aumento de automóveis e caminhões. Em qualquer lugar, a qualquer hora, ninguém pode andar.( não só nas capitais, qualquer cidade tem mais carros do que....)
Pior ainda, esse engarrafamento se transfere também para os aeroportos, com gente, e portos, com navios que aguardam em longa fila de espera. O Brasil sofre as dores do crescimento rápido sem poder fazer crescer no mesmo ritmo a infraestrutura. (é aeroportos e navios... sem contar falta de transportes coletivos...).
Mas problema maior é o que está atrás disso tudo. É que o homem, que vivia sempre na terra toda, criou a civilização das cidades. Cerca de 50% da humanidade vive em cidades; em 2050, serão 75%. (o homem criou a civilização ... e os políticos a regeência das civilizações...)
Mais preocupante é que nas cidades se produz 80% da riqueza total da humanidade. O problema demográfico está voltando à ordem do dia, sem o mundo saber como vai alimentar não os 9 bilhões de seres humanos previstos até o ano 2050, quando a população começaria a declinar, mas os 10 bilhões no final deste século, na revisão dos cálculos.
Em outubro deste ano chegaremos a 7 bilhões (sem transportes coletivos....). A grande interrogação é saber onde vamos colocar tanta gente nas cidades. E ainda mais que, segundo os planejadores do futuro, serão cidades de velhos.
O problema de obrigar famílias a ter um só filho, como na China, ou mandar esterilizar mulheres, como se fez e se faz na Índia, não resolve. Quanto mais gente, mesmo sendo menor a reprodução, será cada vez maior o crescimento(da pobreza, é claro).
Na próxima década, 3 bilhões de pessoas abandonarão o campo para morar nas cidades. É preciso fazer com que as cidades produzam alimentos. Já se sonha com edifícios com plantações nos tetos ou mesmo inteiramente destinados à agricultura. (já se sonha...)
Sempre que falo com os ecologistas, lembro que não se pode discutir questões ambientais sem falar em demografia. Conserva-se a Terra e desaparece o homem, preso entre blocos de cimento e janelas de grades.
O economista John Kenneth Galbraith dizia que este tipo de civilização industrial somente duraria mais 500 anos.
Se sabe que a Terra tem tempo marcado para morrer, desaparecendo quando o Sol transformar-se numa estrela gigante vermelha, daqui a alguns bilhões de anos. Mas até quando o homem vai sobreviver?
A explosão demográfica continua e, com ela, a explosão do automóvel nas ruas. Há pílulas para mulheres, mas impossíveis para os carros. E nós não sabemos ainda como construir as cidades. As que fizemos estão chegando ao caos e os governos estão acuados nessa tragédia (não sabemos como construir casas?!. Leia a arquiteta Anne Whiston Spirn, Cidade de granito, década de 1990).
--------------------------------------------------------------------------------
JOSÉ SARNEY escreve às sextas-feiras nesta coluna.
jose-sarney@uol.com.br
O colapso das cidades
Sempre que encontrávamos um engarrafamento de trânsito em qualquer lugar do Brasil, vinha logo a resposta de "parece que estamos em São Paulo", onde há muitos anos o problema de tráfego parece ser insolúvel. (Senador, ... para os governos vale mais transportes individuais, do que metrô, mais ônibus...).
Hoje, várias capitais brasileiras transformaram-se em São Paulo, com o aumento de automóveis e caminhões. Em qualquer lugar, a qualquer hora, ninguém pode andar.( não só nas capitais, qualquer cidade tem mais carros do que....)
Pior ainda, esse engarrafamento se transfere também para os aeroportos, com gente, e portos, com navios que aguardam em longa fila de espera. O Brasil sofre as dores do crescimento rápido sem poder fazer crescer no mesmo ritmo a infraestrutura. (é aeroportos e navios... sem contar falta de transportes coletivos...).
Mas problema maior é o que está atrás disso tudo. É que o homem, que vivia sempre na terra toda, criou a civilização das cidades. Cerca de 50% da humanidade vive em cidades; em 2050, serão 75%. (o homem criou a civilização ... e os políticos a regeência das civilizações...)
Mais preocupante é que nas cidades se produz 80% da riqueza total da humanidade. O problema demográfico está voltando à ordem do dia, sem o mundo saber como vai alimentar não os 9 bilhões de seres humanos previstos até o ano 2050, quando a população começaria a declinar, mas os 10 bilhões no final deste século, na revisão dos cálculos.
Em outubro deste ano chegaremos a 7 bilhões (sem transportes coletivos....). A grande interrogação é saber onde vamos colocar tanta gente nas cidades. E ainda mais que, segundo os planejadores do futuro, serão cidades de velhos.
O problema de obrigar famílias a ter um só filho, como na China, ou mandar esterilizar mulheres, como se fez e se faz na Índia, não resolve. Quanto mais gente, mesmo sendo menor a reprodução, será cada vez maior o crescimento(da pobreza, é claro).
Na próxima década, 3 bilhões de pessoas abandonarão o campo para morar nas cidades. É preciso fazer com que as cidades produzam alimentos. Já se sonha com edifícios com plantações nos tetos ou mesmo inteiramente destinados à agricultura. (já se sonha...)
Sempre que falo com os ecologistas, lembro que não se pode discutir questões ambientais sem falar em demografia. Conserva-se a Terra e desaparece o homem, preso entre blocos de cimento e janelas de grades.
O economista John Kenneth Galbraith dizia que este tipo de civilização industrial somente duraria mais 500 anos.
Se sabe que a Terra tem tempo marcado para morrer, desaparecendo quando o Sol transformar-se numa estrela gigante vermelha, daqui a alguns bilhões de anos. Mas até quando o homem vai sobreviver?
A explosão demográfica continua e, com ela, a explosão do automóvel nas ruas. Há pílulas para mulheres, mas impossíveis para os carros. E nós não sabemos ainda como construir as cidades. As que fizemos estão chegando ao caos e os governos estão acuados nessa tragédia (não sabemos como construir casas?!. Leia a arquiteta Anne Whiston Spirn, Cidade de granito, década de 1990).
--------------------------------------------------------------------------------
JOSÉ SARNEY escreve às sextas-feiras nesta coluna.
jose-sarney@uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário