Do Bruno cava, RJ, Blog Quadrado dos loucos. AQUI
Todo o apoio aos “vândalos”
Estive hoje na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde se concentram os protestos contra a prisão de 439 bombeiros, no sábado passado. Vi um movimento propositivo, alegre, aberto e pacífico. Acamparam na praça e improvisaram um rancho. Havia bombeiros e familiares, e também muitos estudantes, simpatizantes e curiosos. Umas mil pessoas. Do outro lado da avenida, um cordão de policiais do choque, com ar distante.
Minha vontade era pedir a palavra para defender que o inimigo deles não era o bombeiro, — como o do bombeiro não era o policial. Que o inimigo é outro: um governo biopolítico, que controla a cidade para vendê-la o mais caro possível, que submete os pobres a um disciplinamento fascista disfarçado de “interesse público”. Tudo ao sabor de um amontoado de pretensões empresariais, imobiliárias e midiáticas, intimamente associadas ao blocão de poder que agrupa esferas municipal, estadual e federal.
Nesta metrópole, o “público” não passa de superestrutura do privado. As Olimpíadas elevaram o discurso do público a um patamar intocável, a um virtual Olimpo, de onde magnatas, mega-empreendedores e banqueiros redesenham o espaço público. Higienizam, removem populações inteiras, partilham os lucros bilionários e celebram o novo Rio, moderno, global e quadradinho. Nesse contexto, não adianta clamar por mais estado e menos impunidade. O controle dos cidadãos vem estruturado pelo sistema penal e a expropriação, pela prefeitura. É preciso ir além, pensar novos conceitos e novas narrativas, além do público e do privado; além da falsa alternativa: estado ou sociedade. Essas contradições não podem ser sintetizadas ou resolvidas, quando o sistema de exploração funciona precisamente a partir delas. A saída tem que vir de outro lugar. Talvez só deslizando dessa dialética, na práxis, como aconteceu em Tahrir e na Puerta del Sol, imaginando, e muito concretamente, uma outra coisa.
No Rio, vivemos uma situação tão grave que o discurso da ordem social e política está sendo utilizado até contra os agentes do próprio estado. Se militares estaduais são tratados à base de BOPE, imagine o leitor como tratam camelôs, sem tetos, sem terras, favelados e pobres em geral. É a doutrina do choque. Começou como tortura psiquiátrica, depois virou militar, então política, e agora chegou na minha linda e insubmissa cidade, como “choque de ordem”.
Todo o apoio aos “vândalos”
Estive hoje na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde se concentram os protestos contra a prisão de 439 bombeiros, no sábado passado. Vi um movimento propositivo, alegre, aberto e pacífico. Acamparam na praça e improvisaram um rancho. Havia bombeiros e familiares, e também muitos estudantes, simpatizantes e curiosos. Umas mil pessoas. Do outro lado da avenida, um cordão de policiais do choque, com ar distante.
Minha vontade era pedir a palavra para defender que o inimigo deles não era o bombeiro, — como o do bombeiro não era o policial. Que o inimigo é outro: um governo biopolítico, que controla a cidade para vendê-la o mais caro possível, que submete os pobres a um disciplinamento fascista disfarçado de “interesse público”. Tudo ao sabor de um amontoado de pretensões empresariais, imobiliárias e midiáticas, intimamente associadas ao blocão de poder que agrupa esferas municipal, estadual e federal.
Nesta metrópole, o “público” não passa de superestrutura do privado. As Olimpíadas elevaram o discurso do público a um patamar intocável, a um virtual Olimpo, de onde magnatas, mega-empreendedores e banqueiros redesenham o espaço público. Higienizam, removem populações inteiras, partilham os lucros bilionários e celebram o novo Rio, moderno, global e quadradinho. Nesse contexto, não adianta clamar por mais estado e menos impunidade. O controle dos cidadãos vem estruturado pelo sistema penal e a expropriação, pela prefeitura. É preciso ir além, pensar novos conceitos e novas narrativas, além do público e do privado; além da falsa alternativa: estado ou sociedade. Essas contradições não podem ser sintetizadas ou resolvidas, quando o sistema de exploração funciona precisamente a partir delas. A saída tem que vir de outro lugar. Talvez só deslizando dessa dialética, na práxis, como aconteceu em Tahrir e na Puerta del Sol, imaginando, e muito concretamente, uma outra coisa.
No Rio, vivemos uma situação tão grave que o discurso da ordem social e política está sendo utilizado até contra os agentes do próprio estado. Se militares estaduais são tratados à base de BOPE, imagine o leitor como tratam camelôs, sem tetos, sem terras, favelados e pobres em geral. É a doutrina do choque. Começou como tortura psiquiátrica, depois virou militar, então política, e agora chegou na minha linda e insubmissa cidade, como “choque de ordem”.
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