ROBERTO ROMANO: Se existisse nos campi o que os gregos chamam "aidós", não seria preciso código.
Fapesp lança Código para disseminar cultura de integridade ética na ciência
[27/9/2011]
O crescimento da pesquisa e o consequente aparecimento de casos de más condutas nas atividades científicas motivaram a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) a lançar um código para disseminar a cultura de integridade ética na ciência. O Código de Boas Práticas Científicas, lançado pela Fapesp na manhã desta terça-feira (27), estabelece normas e diretrizes no sentido de educar, orientar e, eventualmente, punir pesquisadores, instituições e periódicos científicos que recebam bolsas, auxílios e apoios da Fundação.
O Código é um documento referencial para a ciência brasileira e, certamente, servirá como modelo para outras instituições de fomento à pesquisa, sinalizou Celso Lafer, presidente da Fapesp. “É difícil dizer se este Código é o primeiro ou não no país. Mas sem dúvida nenhuma é o primeiro que terá repercussão e ressonância pela importância que tem a Fapesp como instituição de apoio à pesquisa”, ressalvou.[
Lafer apresentou o documento à imprensa na sede da Fapesp, em São Paulo. Ainda de acordo com ele, o Código foi formulado a partir de diagnóstico da experiência internacional em pesquisa conduzida por Luiz Henrique Lopes dos Santos, membro da diretoria científica da Fundação.
No Estudo, intitulado Sobre a Integridade Ética da Pesquisa, Lopes dos Santos afirma que estatísticas internacionais apontam que 72% de pesquisadores consultados declararam já ter observado a prática de conduta eticamente questionável por seus pares. “2% confessaram já ter praticado má conduta grave e 33% confessaram já ter praticado conduta ao menos eticamente questionável”, escreveu. O levantamento, segundo ele, analisa estatísticas realizadas entre 1987 e 2005.
Com base na experiência internacional, a Fapesp estabeleceu no Código um conjunto de estratégias assentado sobre três pilares, explicou Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor-científico da Fundação. “O primeiro pilar é o da educação, de educar a comunidade científica, especialmente os jovens cientistas. Tem o pilar da prevenção, que é uma atividade relacionada com a orientação aos pesquisadores quando houver dúvida. E tem um terceiro pilar que é o da investigação e sanção justa e rigorosa”, disse.
A Fundação, segundo ele, irá requerer que as instituições de pesquisa organizem, periodicamente, treinamentos e cursos sobre boas práticas nas atividades científicas. E, além disso, criem serviços internos para oferecer orientação em casos de dúvidas sobre a integridade ética de suas atividades.
Exemplares do Código, que pode ser consultado no site da Fapesp, serão encaminhados para pesquisadores, bolsistas e instituições de pesquisa apoiadas pela Fundação. A formulação do documento foi discutida com as Universidades Estaduais Paulistas (Unicamp, USP e Unesp) e avaliada em conjunto com outras instâncias da comunidade científica, como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciência (ABC). “O cientista que quer que a ciência tenha um valor no mundo entenderá o que estamos propondo”, afirmou Brito Cruz.
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Comentário:
Não acredito em iniciativas desse tipo quando sabemos que o mal é outro. Está no modelo fast food que aplicamos. A corrupção dos costumes é tanta que um professor/pesquisador encobre o outro, quando não a própria Universidade encobre tudo.
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