Do Blog de Josias
Um dos mais sólidos consensos produzidos pela crise aérea é a convicção, hoje generalizada, de que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) é ineficiente. Governo e oposição, unidos no coro que pede a renúncia dos gestores da agência, são parceiros na articulação que conduziu à inoperância. Em esforço conjunto, acomodaram na agência pessoas que não tinham nenhuma afinidade com o setor aéreo.
O caso mais eloqüente é o de Milton Zuanazzi, o presidente da Anac. Embora petista, ele foi indicado por um ministro do PTB, Walfrido dos Mares Guia (à época, Turismo; hoje, Relações Institucionais). Lula enviou o nome ao Senado. Ali, o processo de nomeação foi submetido à comissão de Infra-estrutura. Obteve o referendo de um relator tucano –Leonel Pavan (PSDB-SC)—e foi aprovado em sessão presidida por um “demo” –Heráclito Fortes (DEM-PI).
Havia 17 senadores presentes. Pela lei, deveriam ter crivado Zuanazzi de perguntas. Não houve, porém, um mísero questionamento. O nome foi aprovado em votação secreta – 15 votos a favor, um contra e uma abstenção. Nada fazia crer que Zuanazzi, engenheiro-mecânico pós-graduado em sociologia, seria um bom gestor da Anac.
Ainda assim, o relator Pavan, hoje vice-governador de Santa Catarina, recomendou-o efusivamente: “A análise curricular do indicado demonstra que ele atende plenamente as disposições [...] da lei, que define os atributos requeridos para os diretores da Anac.” O currículo indicava coisa bem diferente. Antes de assessorar Mares Guia na pasta do Turismo, Zuanazzi fora secretario do governo gaúcho, vereador e suplente de deputado federal.
Durante a sessão, o futuro presidente da Anac falou aos senadores sobre seus planos. Primeiro Zuanazzi definiu a Anac de modo um tanto acaciano: “Entendo que estamos aqui tratando de uma Agência Nacional de Aviação Civil, portanto, de uma agência de aviões que deve transportar civis”. Depois, pontificou sobre “o problema do setor aéreo brasileiro”. Disse que os aviões deveriam voar, “de preferência, cheios”. E vaticinou: “Quando resolvermos o problema dos aviões não-cheios, estará resolvido todo o problema da aviação nacional”.
O nome de Zuanazzi foi referendado pela comissão de Infra-estrutura do Senado em 12 de dezembro de 2005. Era o último dia de “trabalho” no Congresso, antes do recesso de final de ano. Na mesma sessão, foram aprovados, a toque de caixa, outros três diretores: o ex-deputado Leur Lomanto (PMDB-BA), uma indicação partidária endossada por Renan Calheiros; o coronel-aviador Jorge Luiz Veloso, sobrevivente do extinto DAC (Departamento de Aviação Civil); e Denise Abreu, afilhada do deputado cassado José Dirceu.
A ata da sessão encontra-se disponível no portal do Senado. Pressionando aqui, você será conduzido a um arquivo que contém a íntegra do texto. Traz os nomes dos senadores presentes. A leitura é tão enfadonha quanto obrigatória. O texto oferece ao (e)leitor uma experiência desalentadora. Os senadores escreveram nos anais do Senado as páginas de um descalabro anunciado. Sabatina não houve. Mas ouviram-se elogios até, veja você, à Infraero de Carlos Wilson (PT-SP), hoje investigada por duas CPIs, TCU, CGU, Polícia Federal e Ministério Público.
Embora todos tentem tirar o corpo fora, a alardeada incompetência da Anac é obra suprapartidária. O alicerce é governista, mas a oposição também sujou a mão na massa. Depois de consagrados na comissão de Infra-estrutura, os dirigentes da Anac foram aprovados, em 2006, pelo plenário do Senado. De novo, em votação secreta.
Escrito por Josias de Souza às 01h47
O caso mais eloqüente é o de Milton Zuanazzi, o presidente da Anac. Embora petista, ele foi indicado por um ministro do PTB, Walfrido dos Mares Guia (à época, Turismo; hoje, Relações Institucionais). Lula enviou o nome ao Senado. Ali, o processo de nomeação foi submetido à comissão de Infra-estrutura. Obteve o referendo de um relator tucano –Leonel Pavan (PSDB-SC)—e foi aprovado em sessão presidida por um “demo” –Heráclito Fortes (DEM-PI).
Havia 17 senadores presentes. Pela lei, deveriam ter crivado Zuanazzi de perguntas. Não houve, porém, um mísero questionamento. O nome foi aprovado em votação secreta – 15 votos a favor, um contra e uma abstenção. Nada fazia crer que Zuanazzi, engenheiro-mecânico pós-graduado em sociologia, seria um bom gestor da Anac.
Ainda assim, o relator Pavan, hoje vice-governador de Santa Catarina, recomendou-o efusivamente: “A análise curricular do indicado demonstra que ele atende plenamente as disposições [...] da lei, que define os atributos requeridos para os diretores da Anac.” O currículo indicava coisa bem diferente. Antes de assessorar Mares Guia na pasta do Turismo, Zuanazzi fora secretario do governo gaúcho, vereador e suplente de deputado federal.
Durante a sessão, o futuro presidente da Anac falou aos senadores sobre seus planos. Primeiro Zuanazzi definiu a Anac de modo um tanto acaciano: “Entendo que estamos aqui tratando de uma Agência Nacional de Aviação Civil, portanto, de uma agência de aviões que deve transportar civis”. Depois, pontificou sobre “o problema do setor aéreo brasileiro”. Disse que os aviões deveriam voar, “de preferência, cheios”. E vaticinou: “Quando resolvermos o problema dos aviões não-cheios, estará resolvido todo o problema da aviação nacional”.
O nome de Zuanazzi foi referendado pela comissão de Infra-estrutura do Senado em 12 de dezembro de 2005. Era o último dia de “trabalho” no Congresso, antes do recesso de final de ano. Na mesma sessão, foram aprovados, a toque de caixa, outros três diretores: o ex-deputado Leur Lomanto (PMDB-BA), uma indicação partidária endossada por Renan Calheiros; o coronel-aviador Jorge Luiz Veloso, sobrevivente do extinto DAC (Departamento de Aviação Civil); e Denise Abreu, afilhada do deputado cassado José Dirceu.
A ata da sessão encontra-se disponível no portal do Senado. Pressionando aqui, você será conduzido a um arquivo que contém a íntegra do texto. Traz os nomes dos senadores presentes. A leitura é tão enfadonha quanto obrigatória. O texto oferece ao (e)leitor uma experiência desalentadora. Os senadores escreveram nos anais do Senado as páginas de um descalabro anunciado. Sabatina não houve. Mas ouviram-se elogios até, veja você, à Infraero de Carlos Wilson (PT-SP), hoje investigada por duas CPIs, TCU, CGU, Polícia Federal e Ministério Público.
Embora todos tentem tirar o corpo fora, a alardeada incompetência da Anac é obra suprapartidária. O alicerce é governista, mas a oposição também sujou a mão na massa. Depois de consagrados na comissão de Infra-estrutura, os dirigentes da Anac foram aprovados, em 2006, pelo plenário do Senado. De novo, em votação secreta.
Escrito por Josias de Souza às 01h47
Comentário: INCOMPETENTES!
2 comentários:
DÁ NOJO DE VER A BANDIDAGEM QUE SÃO OS POLÍTICOS ELEITOS PARA O CONGRESSO NACIONAL. OS CARAS SÓ QUEREM A GRANA. ÚNICA E PURAMENTE A GRANA. APROVARAM AÍ DE UMA PENADA SÓ OS MAIORES BANDIDOS DA HISTÓRIA DA AVIAÇÃO BRASILEIRA. E A MAIORIA INDICADA POR OUTROS BANDIDOS DO PORTE DE UM ZÉ DIRCEU.
Sempre quiseram e fomos NÓS que os botamos lá!!! A campanha deveria ser: APRENDA A PENSAR E VOTAR, que se faz aprendendo a LER.
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