TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

sábado, 29 de setembro de 2007

Deus na escola! Não ou Sim? Blog de Roberto Romano




TENDÊNCIAS/DEBATES na Folha de São Paulo

O projeto "Deus na escola" deve ser sancionado?NÃO

Vetar, pela cidadania!ROSELI FISCHMANN

O GOVERNADOR José Serra deve vetar o projeto de lei "Deus na escola" porque é inconstitucional, violando direitos humanos: contraria o princípio da laicidade do Estado, viola o direito à igualdade e à liberdade de consciência e de crença, dos alunos e dos grupos religiosos. Em que pesem os propósitos proclamados no projeto, a mera oferta do ensino religioso como "conteúdo homogêneo para todas as crenças" a crianças de seis anos, idade em que iniciam o ensino fundamental, seria uma forma de discriminação e opressão. Seria violação da dignidade, da liberdade e do respeito a que toda criança tem direito, como expresso no artigo 227 da Constituição Federal, pelo tipo de constrangimento e conflito a que submeteria os alunos.Um dos direitos humanos é que aos pais cabe prioritariamente a escolha do gênero de educação a dar aos filhos -o que inclui educação religiosa e o grupo do qual participará. Como poderia uma criança conviver sem conflito com um conteúdo que, ao oficialmente "homogeneizar" a diversidade, seria diferente do que lhe é dado por sua família e comunidade religiosa?Os alunos do ensino fundamental são consciências tenras, mais vulneráveis a atos que, sob o manto da boa intenção, podem promover danos de longa duração. Implantar a divindade como "matéria" escolar, mediante o conceito de que seria possível homogeneizar as religiões e espiritualidades como ato de Estado, pode desenvolver nos alunos disposição psicológica para discriminar e excluir todos os que não se submetem a semelhante padrão homogêneo, levando à perda da capacidade crítica (que a educação deve promover) de identificar o que é proposto como tirania, ao arrepio do pluralismo e da democracia.Autores, como Allport, Adorno e Kelman, indicam que a rejeição da pluralidade leva a uma disposição psicológica para o totalitarismo e o autoritarismo, com repercussões profundas sobre o individual e o coletivo. Mesmo propondo o ensino religioso como facultativo, o projeto é inconstitucional, ao estabelecer que o Estado abandone a posição imparcial que deve ter por ser laico para assumir o papel de doutrinador do tema religioso. O projeto viola o direito à liberdade das organizações religiosas, interferindo de forma inconstitucional na esfera que lhes é privada. Isso porque estabelece o Estado como responsável pela definição de qual é a divindade -nome, atributos e desígnios- a ser sancionada como oficial e estatal e, assim, ensinada às crianças de todas as crenças.Como se pode esperar que as religiões aceitem placidamente que seus conteúdos sejam violados em sua integridade e singularidade para compor um conteúdo homogêneo? Mesmo quem pouco conheça de religiões entenderá o absurdo de tentar propor uma única divindade, em um quadro em que mesmo as religiões monoteístas, de tradição abraâmica, não têm unanimidade teológica; ficaria aqui a pergunta sobre qual monoteísmo seria escolhido, no que parece ser a proposta do projeto de lei.Pois, ao escolher assim, o projeto desconsidera o politeísmo, desrespeitando parcelas da população que praticam religiões de matriz africana; ignora crenças que não se referem à divindade, como o budismo. Reforça a inaceitável estigmatização de ateus e o desconhecimento sobre agnósticos, violando o direito de todos esses cidadãos de serem reconhecidos da forma como são e como crêem ou não crêem, sem o risco de serem banidos da esfera pública.Pois não cabe ao Estado laico fazer escolhas e definições religiosas, mas proteger igualmente a escolha de consciência e de crença de todos os cidadãos e cidadãs.Já os artífices dessa criação do Criador, segundo o projeto, seriam um grupo de escolhidos (ou "ungidos"?), que teriam, assim, uma cidadania mais reconhecida que a dos demais, gesto que seria repetido por cada conselho de escola e cada professor, ao sabor de sua interpretação.Observe-se que o artigo 19 da Constituição veda à União, aos Estados e aos municípios tanto estabelecer cultos religiosos ou igrejas e subvencioná-los quanto criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. É dessa armadilha que o governador deve escapar, vetando o projeto de lei.

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ROSELI FISCHMANN, 54, doutora e livre-docente, é professora do programa de pós-graduação em educação da USP e expert da Unesco para a Coalizão de Cidades contra o Racismo, a Discriminação e a Xenofobia. Integrou a Comissão Especial de Ensino Religioso do Governo do Estado de São Paulo (1995-1996).

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O projeto "Deus na escola" deve ser sancionado?SIM

Uma boa influênciaMARIA LÚCIA AMARY

ALUNOS AMEAÇAM professores, professores assassinados na porta da escola, estudantes levam armas e drogas para a sala de aula... Esse tipo de acontecimento se repete com uma freqüência preocupante, principalmente nas periferias, e muitas vezes foge ao controle de pais, mestres e autoridades.Numa sociedade cujos valores se invertem e na qual o respeito é assunto desconhecido, o que fazer? Atitudes positivas para restabelecer a ordem e apaziguar os ânimos são bem-vindas. A responsabilidade e o problema são de quem? De qualquer cidadão que entenda que não é possível sentar e assistir à desestruturação de gerações como mero espectadores.Nem que seja pelo fato egoísta de um dia não querer ser vítima desses jovens que se perdem na desesperança, é preciso tomar uma atitude. Percebi preocupada que o fato de criar um projeto para instituir a entrada de "Deus" nas escolas estaduais de São Paulo entre os alunos do ensino fundamental gerou polêmica, quando não revolta.

De um lado, o apoio de quem entende que não se trata de imposição, mas sim da oportunidade de oferecer conceitos de respeito, esperança, fé e amor a uma geração amedrontada pela violência e pela impunidade. Do outro, pais preocupados com "o que os filhos vão ouvir sobre Deus?Será que vão mudar os conceitos que temos sobre a religião que escolhemos?". Ora, seria muita pretensão de qualquer pessoa, ainda mais de um político, escolher uma religião para ser ensinada nas escolas."Deus na escola" não pretende catequizar ninguém. A intenção não é gerar ou estimular conflitos religiosos, muito ao contrário. A justificativa é clara quando estabelece o ensino religioso como área de conhecimento e resgate de princípios éticos e morais, como valorização do ser humano, respeito pela vida, convivência fraterna, democracia e integridade. Isso independe de religião, mas, sem dúvida, está ligado a uma crença de um ser supremo e criador e de um mundo perfeito e harmônico.

Um Estado laico não significa um Estado sem Deus ou anti-religioso.No preâmbulo da Constituição Federal de 1988, está escrito: "promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil."O projeto não mexe de forma nenhuma na grade escolar. Portanto, não é correto afirmar que ele é inconstitucional. Um exemplo de que "Deus na escola" é viável está em Sorocaba, cidade onde meu marido, Renato Amary, foi prefeito por oito anos.Um manual, cuidadosamente elaborado com a participação de representantes de vários seguimentos religiosos, é usado em escolas municipais com êxito e aprovação. Até hoje, felizmente, ninguém se queixou por saber que o filho está "aprendendo" sobre o valor da família e a importância do amor ao próximo.Tentar impedir a entrada de "Deus na escola" é, no mínimo, um ato antidemocrático. Se vivemos a violência e a desestrutura de lares causadas por más influências e descaminhos, por que rejeitar a oportunidade "facultativa" de acesso a Deus?Os pais ateus têm todo o direito de orientar os filhos, se assim o desejarem, a não freqüentar as atividades ligadas ao projeto. Assim como outros pais de qualquer religião o têm.Sinceramente, não acredito em prejuízo algum para a criança, pois, hoje e sempre, Deus significará amor e paz. A correria do dia-a-dia serve de justificativa para muitos pais deixarem de lado o ensino de valores fundamentais às crianças.Acredito em "Deus na escola", assim como acredito numa mudança de atitude dos que, por preconceito, não aceitam a idéia. Acredito também que a nova geração, se bem influenciada, será importante instrumento de modificação da própria família -para o bem, é claro. Afinal, não poderia ser de outra forma, em se tratando de Deus.

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MARIA LÚCIA AMARY, 56, mestre em direito constitucional e administrativo, é deputada estadual pelo PSDB e líder do partido na Assembléia Legislativa de São Paulo. É autora do projeto "Deus na escola".

Um comentário:

Anônimo disse...

MARTA A MELHOR COISA QUE TEM É AMANHECER E AGRADECER A DEUS POR ESSE PAÍS MARAVILHOSO, POR ESTAR VIVO, TRABALHANDO, FAÇA ISTO E VERÁ COMO SUA VIDA VAI MELHORAR.

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