A senadora Ideli Salvatti (SC), líder do PT, torce o nariz para a idéia de instalar no Senado uma CPI destinada a varejar as ONGs que recebem dinheiro do governo. Na última quarta-feira (26), o partido de Heráclito Fortes (DEM-PI), autor do pedido de investigação, deu um ultimato ao consórcio de partidos governistas. Ou a CPI saía ou a oposição continuaria boicotando as votações no Senado.
Interessado em fazer a fila de projetos andar, Romero Jucá (PMDB-RR), líder de Lula no Senado, arrancou dos demais líderes governistas, a contragosto de Ideli, um compromisso de instalar na próxima semana a CPI de Heráclito. Acordou-se que será presidida por um oposicionista e relatada por um governista. Em sua última edição, que começou a circular neste sábado (29), a revista Veja (só assinantes) publica reportagem que ajuda a compreender a má vontade de Ideli com a nova comissão. Foi escrita pelos repórteres Ricardo Brito e Otavio Cabral.
O texto trata de uma investigação aberta pela Polícia Federal em Santa Catarina, o estado da líder do PT. Envolve a Fetraf-Sul (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul. Recebeu do governo, por meio de convênios, R$ 5,2 milhões. Destinavam-se à promoção de cursos.
Diz a reportagem, a certa altura: “Parte do dinheiro, já se sabe, foi parar na campanha política de um deputado do PT. Para justificar os gastos, os dirigentes da federação falsificaram planilhas e criaram alunos-fantasma. O que mais chama atenção no caso, porém, é o eixo entre os principais envolvidos na fraude. Todos são correligionários, amigos ou assessores da senadora Ideli Salvatti”.
Criada em 2001 por petistas ligados à senadora Ideli, a Fetraf-Sul viu crescer a coleta de verbas federais sob Lula. Firmou 18 convênios com o governo. Um deles, de 2003, já esquadrinhado pela PF, resultou em liberação de R$ 1 milhão. Coordenava a entidade na ocasião Dirceu Dresch, petista do grupo político de Ideli.
O objeto do convênio era o treinamento de 2.000 trabalhadores rurais do município catarinense de Chapecó. “A maioria, descobriu-se agora, era fantasma”, anota a reportagem. “Para fazer de conta que o curso existiu, a Fetraf apresentou uma lista de estudantes, com nome, CPF e endereço dos alunos. A polícia foi checar e descobriu que muitos não existiam, outros nunca ouviram falar do curso, alguns nem sequer moravam na região e os poucos que disseram ter freqüentado aulas – pessoas ligadas à federação, é claro – assinavam a mesma lista de presença várias vezes.”
A PF estima que algo como 60% dos R$ 5,2 milhões obtidos pela Fetraf junto ao governo foram borrifados em campanhas políticas. Dirceu Dresch, por exemplo, elegeu-se deputado estadual pelo PT. Antes, ele atuara como coordenador das campanhas de Ideli. É co-responsável, junto com a líder do PT, pela nomeação do delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Santa Catarina, Jurandi Teodoro Gugel. Deixou o cargo em julho deste ano. Àquela altura, já havia aposto o seu jamegão em 12 convênios de repasses de verbas à Fetraf.
Parte do dinheiro transferido à federação tem origem em emendas injetadas no Orçamento da União por congressistas. Entre eles Ideli. Procurada, a líder do PT optou pelo silêncio. Valendo-se da assessoria, mandou dizer que não mantém relações formais nem com a Fetraf nem com Dresch. Informou, de resto, que as emendas de sua responsabilidade destinaram-se a beneficiar a agricultura familiar.
Se for de fato instalada, como prometido, a CPI das ONGs terá diante de si farta matéria-prima para uma boa investigação. Estima-se que, nos últimos oito anos, o governo tenha repassado a essas entidades R$ 33 bilhões. Há muita ONG que cumpre à risca o seu papel social. Mas há também grossa picaretagem no setor. A julgar pelos achados da PF, a Fetraf pende para o segundo grupo.
Interessado em fazer a fila de projetos andar, Romero Jucá (PMDB-RR), líder de Lula no Senado, arrancou dos demais líderes governistas, a contragosto de Ideli, um compromisso de instalar na próxima semana a CPI de Heráclito. Acordou-se que será presidida por um oposicionista e relatada por um governista. Em sua última edição, que começou a circular neste sábado (29), a revista Veja (só assinantes) publica reportagem que ajuda a compreender a má vontade de Ideli com a nova comissão. Foi escrita pelos repórteres Ricardo Brito e Otavio Cabral.
O texto trata de uma investigação aberta pela Polícia Federal em Santa Catarina, o estado da líder do PT. Envolve a Fetraf-Sul (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul. Recebeu do governo, por meio de convênios, R$ 5,2 milhões. Destinavam-se à promoção de cursos.
Diz a reportagem, a certa altura: “Parte do dinheiro, já se sabe, foi parar na campanha política de um deputado do PT. Para justificar os gastos, os dirigentes da federação falsificaram planilhas e criaram alunos-fantasma. O que mais chama atenção no caso, porém, é o eixo entre os principais envolvidos na fraude. Todos são correligionários, amigos ou assessores da senadora Ideli Salvatti”.
Criada em 2001 por petistas ligados à senadora Ideli, a Fetraf-Sul viu crescer a coleta de verbas federais sob Lula. Firmou 18 convênios com o governo. Um deles, de 2003, já esquadrinhado pela PF, resultou em liberação de R$ 1 milhão. Coordenava a entidade na ocasião Dirceu Dresch, petista do grupo político de Ideli.
O objeto do convênio era o treinamento de 2.000 trabalhadores rurais do município catarinense de Chapecó. “A maioria, descobriu-se agora, era fantasma”, anota a reportagem. “Para fazer de conta que o curso existiu, a Fetraf apresentou uma lista de estudantes, com nome, CPF e endereço dos alunos. A polícia foi checar e descobriu que muitos não existiam, outros nunca ouviram falar do curso, alguns nem sequer moravam na região e os poucos que disseram ter freqüentado aulas – pessoas ligadas à federação, é claro – assinavam a mesma lista de presença várias vezes.”
A PF estima que algo como 60% dos R$ 5,2 milhões obtidos pela Fetraf junto ao governo foram borrifados em campanhas políticas. Dirceu Dresch, por exemplo, elegeu-se deputado estadual pelo PT. Antes, ele atuara como coordenador das campanhas de Ideli. É co-responsável, junto com a líder do PT, pela nomeação do delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário em Santa Catarina, Jurandi Teodoro Gugel. Deixou o cargo em julho deste ano. Àquela altura, já havia aposto o seu jamegão em 12 convênios de repasses de verbas à Fetraf.
Parte do dinheiro transferido à federação tem origem em emendas injetadas no Orçamento da União por congressistas. Entre eles Ideli. Procurada, a líder do PT optou pelo silêncio. Valendo-se da assessoria, mandou dizer que não mantém relações formais nem com a Fetraf nem com Dresch. Informou, de resto, que as emendas de sua responsabilidade destinaram-se a beneficiar a agricultura familiar.
Se for de fato instalada, como prometido, a CPI das ONGs terá diante de si farta matéria-prima para uma boa investigação. Estima-se que, nos últimos oito anos, o governo tenha repassado a essas entidades R$ 33 bilhões. Há muita ONG que cumpre à risca o seu papel social. Mas há também grossa picaretagem no setor. A julgar pelos achados da PF, a Fetraf pende para o segundo grupo.
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