Roberto Romano: 'Saída não resolve crise, mas ajuda CPMF'
ESTADO DE SÃO PAULO
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Roberto Romano: 'Saída não resolve crise, mas ajuda CPMF'Para professor da Unicamp, licença de Renan deixa explícito que 'a ética no Senado está sendo negociada'
Gisele Silva, do estadao.com.br, SÃO PAULO -
A crise do Senado não se resolve com o afastamento do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), por 45 dias. A licença, no entanto, é decisiva para o governo conseguir a aprovação da CPMF. A avaliação é do professor titular de ética e filosofia política da Unicamp, Roberto Romano.
Caso o acordo para a saída de cena de Renan envolva o compromisso do PT e do governo para evitar a cassação do senador - que responde a outras quatro acusações -, Romano alerta que a operação é "muito arriscada". Mas uma possível cassação de Renan tornará a crise mais ampla, segundo sua análise, o que não interessa ao governo.Uma cassação de Renan, segundo ele, pode trazer um trauma muito grande no relacionamento do PMDB com o governo, sobretudo o "PMDB ligado a Renan". E citou a "rebelião" peemedebista no Senado que derrubou a secretaria de Mangabeira Unger e deu um susto no Planalto."Se essa engenharia toda fosse feita há um mês e meio, as conseqüências não seriam tão dolorosas. Fica muito explícito que há um compromisso até a aprovação da CPMF. Fica explícito que a ética no Senado está sendo negociada, que o Conselho de Ética está sendo rifado", avalia.
Romano acredita que CPMF será aprovada com a saída de Renan e diz que o mandato tampão de Tião Viana - 1º vice-presidente que assumirá durante a licença do senador - "dará tempo inclusive para o PMDB se rearticular e estabelecer estratégias para a retomada da presidência do Senado".Segundo o professor da Unicamp, o governo calculou mal o risco da permanência de Renan no comando do Senado. "O cálculo inicial do governo foi que mantido Renan haveria condições de aprovar a CPMF. Ficou evidente que não. Renan vai muito além do tratado com o governo", afirma. E citou como "desastre" o episódio da saída de Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Pedro Simon (PMDB-RS) da Comissão de Constituição e Justiça: "Ele foi muito além".
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