Quem viajou mais: Jaime Lerner ou Roberto Requião? Por Dante Mendonça, no Blog do Solda
Este é o palpitante debate que se trava na Assembléia Legislativa do Paraná, com conseqüentes comparações. Que outros governadores viajaram mais: Alvaro Dias ou José Richa? Paulo Pimentel ou Haroldo Leon Perez? Ney Braga ou Bento Munhoz da Rocha? Manoel Ribas ou Moisés Lupion?
José Richa gostava muito de viajar para Londrina. Além do farnel de comida árabe, fazia questão de levar na comitiva um baralho e mais três bons amigos para um carteado dentro do avião. Alvaro Dias viajava muito a São Paulo para consultar as bases capilares. Paulo Pimentel veio a conhecer Curitiba quando assumiu a Secretaria de Agricultura e, aproveitando uma liquidação do Hermes Macedo, comprou um terno para se eleger governador. Haroldo Leon Perez, o breve, viajou na maionese ao pedir carona no Boeing de Cecílio Rego Almeida. Ney Braga só embarcava no avião para assistir de camarote às estréias da atriz Tônia Carrero no Rio de Janeiro. Com dona Nice a bordo, senhores maledicentes!
Para comparar as viagens de Roberto Requião com as de Manoel Ribas, o Maneco Facão, os senhores deputados devem levar em consideração que as carroças do Palácio Iguaçu levavam, naquela época, três dias para chegar a Ponta Grossa. Não havia cartões corporativos. A diária de viagem era pão com lingüiça.
Para Maneco Facão, não carecia viajar à capital federal, então nas águas da Guanabara, de tanto que Getúlio Vargas vinha ao Paraná. GV adorava fazer um aperitivo na sacada do Braz Hotel, onde hoje, em boa homenagem, temos o Bar Getúlio, um dos melhores happy hours de Curitiba.
Quando não estava no Cassino Ahú, Moisés Lupion viajava muito para administrar suas fazendas pelos sertões afora. Era o seu estilo, governava o Paraná como se fosse uma próspera propriedade agrícola - e nisso ele pode ser comparado a Roberto Requião, que faz do Estado sua fazenda modelo. De porteiras fechadas.
Jaime Lerner vivia num mundo sem porteiras. “Vou aí e já volto!”, dizia o arquiteto, num final de tarde. Na manhã seguinte, ele telefonava de Paris: “Manda passar uma máquina de terraplenagem naquele terreno em São José dos Pinhais, avisa para a Copel ligar a luz, a Sanepar botar água, a Secretaria da Fazenda abrir a torneira, pois estou voltando com uma fábrica de automóveis na frasqueira da Fani".
Isso no primeiro governo. No segundo, quando Lerner dizia “Vou aí em Nova York e já volto!”, o secretariado aprontava as malas para arriscar a sorte nas roletas do Paraguai.O mais fascinante turista foi Bento Munhoz da Rocha. Com toda sua bagagem intelectual, o criador do Teatro Guaíra viajava pela história, literatura, filosofia, sociologia, antropologia, na geografia de sua biblioteca. Como viajava! Numa semana estava na Grécia - mergulhado nas obras de Sócrates, Platão e Aristóteles -, na outra semana podia ser encontrado na Inglaterra - citando Shakespeare na livraria do José Ghignone.
Bento também viajava muito pelo Brasil, nas asas de João Guimarães Rosa.De todos os governantes do Paraná, méritos para Alfredo Maria Adriano D’Escragnole Taunay. Nomeado presidente da Província do Paraná, em 1885, Visconde Taunay aqui fixou milhares de colonos europeus. Graças a esse engenheiro militar que deixou para a história suas narrativas de viagem, hoje podemos conhecer o mundo sem sair do Paraná.
Dante Mendonça [19/10/2007]O Estado do Paraná.
Dante Mendonça [19/10/2007]O Estado do Paraná.
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