TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Zoológicos dos espíritos


Hegel chamava a Universidade de zoológico dos espíritos. E é!!!

Ontem recebi e-mail de Fernando Mayer Pelicice, ex-aluno do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Águas Continentais da Universidade Estadual de Maringá. FOI um dos mais brilhantes alunos. Incansável pesquisador das águas de rios, lia sobre Filosofia da Ciência, aventurava por caminhos inusitados. Com Fernando Pelicice ( e graças ao Fernando) e Ana Petry, outra ex-aluna das boas elaboramos um livro sobre História do Pensamento Ecológico, aceito pela Comissão Interna da Editora da Universidade Estadual de Maringá e, agora, nas mãos de pareceristas externos. O Fernando passou no Concurso Público na Universidade Federal de Tocantins. Na época pensei: para a Federal de Tocantins. Ruim para nós que ficamos sem este "menino" de ouro. POIS não é que o Zoológico apareceu! Fernando me escreveu:
[...]
Acho que não estão sabendo do meu drama aqui em Porto Nacional, não? Bem, no final de 2007 prestei para professor adjunto na UFT, por sugestão do Ângelo, que via uma boa união entre as muitas oportunidades de pesquisa na região e minha intensa atividade cientifica nos últimos anos. Muito bem, estudei e me empenhei. Passei em 1º lugar, tomei posse e comecei a trabalhar (maio/2008).

Foi então que o segundo colocado entrou com processo civil pedindo a anulação do concurso, alegando que eu tinha estreita relação profissional com uma pessoa da banca examinadora, no caso, o Carlos Sergio Agostinho (irmão do Ângelo). A lei prescreve que não é permitido que exista contato intimo profissional ou de amizade entre as pessoas. O juiz então, liminarmente, deferiu o pedido; fui suspenso, o processo ainda segue, e corro risco real de exoneração. No momento estou correndo com meu advogado, por meus direito legitimos e decentemente conquistados.

O que tenho com CS Agostinho é 1 artigo cientifico e 1 resumo em co-autoria, mas, no caso, o convite, contato e colaboração nas obras ocorreu estritamente com o Angelo, como sempre. NUNCA mantive qualquer contato com CS Agostinho, nem com qualquer outro irmão do Angelo. Destaco que, entre as minhas 37 obras até o momento (de artigo a resumo em evento), compartilho autoria com mais 47 pesquisadores (de 9 estados brasileiros), o que resulta num total de 104 nomes em co-autoria. Ou seja, basta-se ter uma atividade de pesquisa intensa que, naturalmente, o rol de colaboradores se amplia geometricamente. No entanto, isso quer dizer que tenho vínculos profissionais estreitos com cada um dos 48 co-autores? Lógico que não, vocês sabem como funciona a ciência! Muitos eu nem conheço, caso inclusive de CS Agostinho. E, por ironia, meu karma maior é o Ângelo, que tem um mundo de colaboradores pelo Brasil!!!

A parte da minha situação, que é absurda, considere que eu não sou o único caso na UFT: existem outros casos semelhantes, desse mesmo concurso, nos quais os juizes estão deferindo liminares!

Mas ai eu pergunto: enumere concursos em que candidato e banca são absolutamente desconhecidos entre si? É virtualmente impossível, nós conhecemos a realidade dos concursos no país. Isso não é defeito, longe disso; reflete algo natural, visto que especialistas devem avaliar especialistas. A existência de pessoas conhecidas nas bancas (que, por ironia, nem meu caso é; mas remete a idéia) é conseqüência natural do progresso da ciência. Nós, como pesquisadores, sabemos o quão importante é o contato entre instituições. E nós, como pesquisadores, sabemos que os pesquisadores, entre e dentro de suas áreas, se conhecem e, se não se conhecem, COMETEM GRAVE ERRO!! A ciência de qualidade precisa do contato! Quantos casos vocês devem conhecer de orientadores que sugerem ao aluno que preste determinado concurso, pelo conhecimento dos pesquisadores da instituição. Impedir esse contato freqüente seria o fim da ciência!!! Se o contato é uma realidade inquestionável, quem avaliará os concursos, senão aqueles que dominam a área?

Vale lembrar ainda o que acontece no caso de professores colaboradores que prestam concurso para efetivação na mesma instituição: o candidato necessariamente conhece as pessoas da banca, e por vezes tem relação profissional direta (o que a lei não permite)!

Mas pelo contato prévio entre candidato e banca, significa que a lisura do concurso foi manchada? Lógico que não, são cientistas-professores que avaliam os candidatos, pessoas com nome, reputação e futuro a zelar! Nós sabemos disso. Não são brincalhões jogando um jogo de política qualquer. Existe seriedade, idoneidade e lisura no nosso meio, e o que os juizes estão fazendo, ao deferir liminares, é justamente colocar em xeque um estandarte que poucos movimentos sociais possuem. Nessa situação, a integridade da comunidade científica como um todo está sendo maculada.

E considere também que, uma vez questionada essa realidade, abre-se um precedente histórico, imenso e absurdo no país: todos os concursos do passado, em todas as universidades, deveriam ser revistos. E qualquer concurso do futuro, que exista um ínfimo contato entre partes, abre a oportunidade de processo jurídico pelos demais concorrentes. Como ficarão os concursos do país nesse novo cenário? E a comunidade científica, que mostrou-se sem credibilidade perante a sociedade? E a soberania das universidades, vergonhosamente questionada?

Vocês conhecem a lisura de pessoas como o Ângelo, que jamais daria um passo antes de perguntar se é ético. E a comunidade científica, como um todo, é repleta de pessoas assim; nós sabemos disso. Os incidentes relatados representam um duro golpe a um passado de correção e integridade ética.


...

Um comentário:

Daliana Antonio disse...

Nossa, que situação triste!!!

Eu sempre defendi muitas seleções criticadas pela possibilidade de indicações. Mesmo que haja um QI, é somente um comentário e, quando muito aproximada tal indicação, ela será avaliada, não somente por uma pessoa (como nos casos de cargos de confiança), mas por outros integrantes de uma banca.

Sempre discuti sobre os trabalhos científicos que devem ser apresentados e, assim, nos eventos, os contatos e trocas de trabalhos são intensos, quando não muito, interesseiros. Mas, o interesse é na possibilidade de novas produções, de novas publicações, e, é claro, de muita disputa nas seleções.

Pasmem!!




P.S.: visite meu blog! usosdainternet.blogspot.com

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