Folha de S. Paulo, 11.5.10
Que polícia é essa?
Que polícia é essa?
"Eles ficaram batendo nele meia hora e depois o enforcaram na minha frente". "Podiam ter prendido por desacato, mas não precisavam matar. Ele comprou a moto com tanto sacrifício e ia emplacar na terça-feira". "Eu tentava segurar a mão do policial e pedia pelo amor de Deus para que parasse". "Diziam que meu filho era vagabundo, e que eles podiam fazer o que quisessem porque eram policiais".
Ao ver o filho inerte, "eu ainda tinha esperança de que tinham dado alguma injeção, mas depois vi o pescoço mole, a baba escorrendo, a poça de sangue crescendo".
São trechos do relato de Maria Aparecida Menezes. Ela viu o filho Alexandre dos Santos, de 25 anos, ser espancado até a morte por policiais na porta de sua casa, em Cidade Ademar, região pobre no extremo sul paulistano. Hoje, o filho deveria estar emplacando a moto que havia comprado "com tanto sacrifício". Mas ele foi enterrado anteontem, no Dia das Mães.
Alexandre trabalhava como entregador de pizza. Era casado e tinha um filho de 3 anos. A polícia diz que ele trafegava na contramão e não parou ao ser abordado, na madrugada de sábado. Diz também que no hospital foi encontrada uma arma na sua cintura. Soa como uma impostura grosseira para atenuar as circunstâncias boçais do crime.
Um comentário:
Olá Marta!
A Piaui publicou uma belíssima reportagem sobre pessoas que vivem em situação de rua no bairro Ipanema, Rio de Janeiro, capa deste mês. Há depoimento intrigantes destas pessoas, assim como de representantes do poder público, da assistência social, associação do bairro e do próprio prefeito. A reportagem nos faz refletir e não expõe conclusões, como característica da revista. Nos faz refletir sobre as diferentes situações das pessoas que vivem nas ruas para que não aceitemos atitudes como essa, apresentada no texto postado aqui. A denúncia é importante! (Isso me fez lembrar de Bronowski, hoje mesmo eu o li, quando elogia a democracia na Islândia com o exemplo da condenação de um fazendeiro por matar um escravo).
Lamentável!!!
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