CINISMO UNIVERSITÁRIO
Enviado pelo Raymundo de Lima, professor da Universidade Estadual de Maringá
A denúncia do Fantástico da TV-Globo sobre três alunas, de classe média alta, estarem usufruindo de bolsas do ProUni (Programa Universidade para Todos), e recebendo R$300,00 como ajuda de custo, programa este destinado aos alunos carentes, causou comentários nas escolas e universidades.
O âncora do Jornal da Band, Boris Casoy diria “Isso é uma vergonha” para a cidade, que foi noticia ruim em rede nacional. Mas esse não é o sentimento dos envolvidos no escândalo. Aliás, diria o filósofo, que vergonha e culpa são dois sentimentos indicadores de princípios éticos e morais. Mas, responderia o psicanalista: perversos e cínicos não sabem o que é isso. Daí a frieza dos crimes dos perversos e as justificativas furadas dos cínicos.
Os comentários dos alunos indignados colhidos para a continuação da reportagem sobre o ruidoso fato é insuficiente, tendo em vista a gravidade da denúncia. Mal comparando com o alvoroço desnecessário do vestido rosachoque da Gleyce, da Uniban, em São Paulo, a fraude do ProUni merece protesto público nas ruas. Crimes deste tipo deveriam despertar na sociedade brasileira uma reação organizada e pacífica, tanto para expressar indignação como para pedir punição aos responsáveis e envolvidos.
Longe de serem ingênuas, as universitárias entrevistadas devem ser responsabilizadas ética e criminalmente pela apropriação do dinheiro público do ProUni. O cinismo delas sugere que algo está errado na base, ou seja, na formação de sua personalidade. Falta-lhes espírito de cidadania e autocrítica. Afinal, esse cinismo imoral foi produzido dentro da sua família ou nos estabelecimentos de ensino? Seus pais e parentes sabiam do ilícito ou foram coniventes?
Parece que elas entendem ser “normal” usufruir de uma bolsa destinada para alunos pobres. Uma disse que até deixou de ir pra praia no ano passado (grande sacrifício!), outra ganhou um carro zero do pai para ir à faculdade (seria prêmio porque passou no vestibular de Medicina ou porque estava fazendo o curso de graça numa faculdade particular?). Alguns pais hoje fazem qualquer negócio, até ilícitos, para os filhos se darem bem na vida: verem eles/elas vestidos de branco é um gozo familiar.
Provalvelmente, os mesmos pais que se indignam diante da roubalheira da Assembléia Legislativa do Paraná, do governo Arruda em Brasília e dos mensalões não enxergam a fraude de suas filhas. O ponto-cego da ética desses pais os impedem de olhar o próprio rabo, digo, atos.
Cabe ainda perguntar: como é ministrada as disciplina ética médica ou deontologia nos cursos superiores, principalmente de Medicina? Ou sua formação profissional se restringe as teorias e técnicas próprias da área?
Ainda, imagino a vergonha dos professores deste estabelecimento, alguns meus conhecidos, com boa formação, competência e seriedade no seu trabalho docente, terem alunos – e gestores - tão cínicos se passando por boas pessoas. Imagino como eles estão sendo olhados e tratados depois da denúncia na imprensa. Imagino a revolta e vergonha dos alunos carentes que foram passados pra trás nos seus pedidos de bolsa do ProUni. Imagino os demais que se obrigam freqüentar faculdades que pouco se lixam pro ensino e a pesquisa, porque o negócio dos donos é só faturar. Aliás, o caro curso de Medicina dessa instituição, desde sua implantação só causou problemas, processos administrativos e judiciários de várias partes, com resistências dos seus donos sobre o descredencialmento do MEC, conforme publica o jornalista Fábio Linjardi (O Diário, 14/04/2010). Realmente, é uma vergonha para os maringaenses que ainda sentem vergonha.
Enviado pelo Raymundo de Lima, professor da Universidade Estadual de Maringá
A denúncia do Fantástico da TV-Globo sobre três alunas, de classe média alta, estarem usufruindo de bolsas do ProUni (Programa Universidade para Todos), e recebendo R$300,00 como ajuda de custo, programa este destinado aos alunos carentes, causou comentários nas escolas e universidades.
O âncora do Jornal da Band, Boris Casoy diria “Isso é uma vergonha” para a cidade, que foi noticia ruim em rede nacional. Mas esse não é o sentimento dos envolvidos no escândalo. Aliás, diria o filósofo, que vergonha e culpa são dois sentimentos indicadores de princípios éticos e morais. Mas, responderia o psicanalista: perversos e cínicos não sabem o que é isso. Daí a frieza dos crimes dos perversos e as justificativas furadas dos cínicos.
Os comentários dos alunos indignados colhidos para a continuação da reportagem sobre o ruidoso fato é insuficiente, tendo em vista a gravidade da denúncia. Mal comparando com o alvoroço desnecessário do vestido rosachoque da Gleyce, da Uniban, em São Paulo, a fraude do ProUni merece protesto público nas ruas. Crimes deste tipo deveriam despertar na sociedade brasileira uma reação organizada e pacífica, tanto para expressar indignação como para pedir punição aos responsáveis e envolvidos.
Longe de serem ingênuas, as universitárias entrevistadas devem ser responsabilizadas ética e criminalmente pela apropriação do dinheiro público do ProUni. O cinismo delas sugere que algo está errado na base, ou seja, na formação de sua personalidade. Falta-lhes espírito de cidadania e autocrítica. Afinal, esse cinismo imoral foi produzido dentro da sua família ou nos estabelecimentos de ensino? Seus pais e parentes sabiam do ilícito ou foram coniventes?
Parece que elas entendem ser “normal” usufruir de uma bolsa destinada para alunos pobres. Uma disse que até deixou de ir pra praia no ano passado (grande sacrifício!), outra ganhou um carro zero do pai para ir à faculdade (seria prêmio porque passou no vestibular de Medicina ou porque estava fazendo o curso de graça numa faculdade particular?). Alguns pais hoje fazem qualquer negócio, até ilícitos, para os filhos se darem bem na vida: verem eles/elas vestidos de branco é um gozo familiar.
Provalvelmente, os mesmos pais que se indignam diante da roubalheira da Assembléia Legislativa do Paraná, do governo Arruda em Brasília e dos mensalões não enxergam a fraude de suas filhas. O ponto-cego da ética desses pais os impedem de olhar o próprio rabo, digo, atos.
Cabe ainda perguntar: como é ministrada as disciplina ética médica ou deontologia nos cursos superiores, principalmente de Medicina? Ou sua formação profissional se restringe as teorias e técnicas próprias da área?
Ainda, imagino a vergonha dos professores deste estabelecimento, alguns meus conhecidos, com boa formação, competência e seriedade no seu trabalho docente, terem alunos – e gestores - tão cínicos se passando por boas pessoas. Imagino como eles estão sendo olhados e tratados depois da denúncia na imprensa. Imagino a revolta e vergonha dos alunos carentes que foram passados pra trás nos seus pedidos de bolsa do ProUni. Imagino os demais que se obrigam freqüentar faculdades que pouco se lixam pro ensino e a pesquisa, porque o negócio dos donos é só faturar. Aliás, o caro curso de Medicina dessa instituição, desde sua implantação só causou problemas, processos administrativos e judiciários de várias partes, com resistências dos seus donos sobre o descredencialmento do MEC, conforme publica o jornalista Fábio Linjardi (O Diário, 14/04/2010). Realmente, é uma vergonha para os maringaenses que ainda sentem vergonha.
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