Uma análise filosófica do Cântico dos Cânticos- Roberto Romano
O Sol Negro da Noite.
Uma análise filosófica do Cântico dos Cânticos
Roberto Romano/Unicamp
No mundo de hoje o religioso bate em retirada diante das ciências e das técnicas, o universo indica soluções imanentes para sua gênese e desenvolvimento, dispensando, como disse um dia Laplace a Napoleão, a “hipótese Deus”. Isto, no plano dos cientistas. Na vida cotidiana, o sagrado se comercializa nas televisões, vende milagres sem graça ou beleza, num prosaísmo inaudito. Entre os físicos e pastores eletrônicos, resta pouco espaço para o exercício filosófico e sua irmã gêmea mas rival, a poesia. Unir, como se anunciou, os cantares de Salomão, um sábio poeta, e filosofia, parece tarefa desprovida de sentido.
Quero centrar minha fala no seguinte problema : o que significa “ler” um poema bíblico ? Como este labor foi realizado na vida cristã, enquanto herança do mundo judaico ? Em primeiro lugar, evocarei algumas formas de exegese que enlaçam filosofia e poesia bíblica. Depois, indicarei a técnica de leitura mais prestigiosa na vida eclesiástica, desde o catolicismo até a experiência protestante. Terminarei indicando o rompimento com este método, no pensamento filosófico moderno, especialmente em Spinoza .
Antes, indico a dificuldade de todos os que desejam abarcar sinóticamente, nas obras capitais da humanidade, como os escritos bíblicos, os versos homéricos, as fantasias dantescas, o elemento filosófico, o religioso, o poético. Luciano, o grande satírico sírio, dizia ter inventado um gênero sério-cômico, e que este, para o leitor desavisado, poderia parecer um monstro.
Unir o diverso é dificil para todo intelecto que deseja pensar a vida humana, mistura complexa do Mesmo e do Outro, de harmonia e guerra dos opostos. Bem diz Holderlin, poeta e filósofo translúcido : “Como o canto do rouxinol no escuro, o concerto do mundo só é ouvido divinamente na dor mais profunda”. Ou seja, palintonos harmonie, na frase de outro poeta e filósofo, Heráclito de Éfeso, tensa concórdia do pensamento. Quem observa as várias formas do ser humano, afirma ainda Hölderlin, “só encontra dissonâncias, música demasiado surda, barulhenta, salvo na ingênua limitação infantil, cujas melodias ainda permanecem totalmente puras”.
O Sol Negro da Noite.
Uma análise filosófica do Cântico dos Cânticos
Roberto Romano/Unicamp
No mundo de hoje o religioso bate em retirada diante das ciências e das técnicas, o universo indica soluções imanentes para sua gênese e desenvolvimento, dispensando, como disse um dia Laplace a Napoleão, a “hipótese Deus”. Isto, no plano dos cientistas. Na vida cotidiana, o sagrado se comercializa nas televisões, vende milagres sem graça ou beleza, num prosaísmo inaudito. Entre os físicos e pastores eletrônicos, resta pouco espaço para o exercício filosófico e sua irmã gêmea mas rival, a poesia. Unir, como se anunciou, os cantares de Salomão, um sábio poeta, e filosofia, parece tarefa desprovida de sentido.
Quero centrar minha fala no seguinte problema : o que significa “ler” um poema bíblico ? Como este labor foi realizado na vida cristã, enquanto herança do mundo judaico ? Em primeiro lugar, evocarei algumas formas de exegese que enlaçam filosofia e poesia bíblica. Depois, indicarei a técnica de leitura mais prestigiosa na vida eclesiástica, desde o catolicismo até a experiência protestante. Terminarei indicando o rompimento com este método, no pensamento filosófico moderno, especialmente em Spinoza .
Antes, indico a dificuldade de todos os que desejam abarcar sinóticamente, nas obras capitais da humanidade, como os escritos bíblicos, os versos homéricos, as fantasias dantescas, o elemento filosófico, o religioso, o poético. Luciano, o grande satírico sírio, dizia ter inventado um gênero sério-cômico, e que este, para o leitor desavisado, poderia parecer um monstro.
Unir o diverso é dificil para todo intelecto que deseja pensar a vida humana, mistura complexa do Mesmo e do Outro, de harmonia e guerra dos opostos. Bem diz Holderlin, poeta e filósofo translúcido : “Como o canto do rouxinol no escuro, o concerto do mundo só é ouvido divinamente na dor mais profunda”. Ou seja, palintonos harmonie, na frase de outro poeta e filósofo, Heráclito de Éfeso, tensa concórdia do pensamento. Quem observa as várias formas do ser humano, afirma ainda Hölderlin, “só encontra dissonâncias, música demasiado surda, barulhenta, salvo na ingênua limitação infantil, cujas melodias ainda permanecem totalmente puras”.
Continuem a ler no Blog do Professor Roberto Romano
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LINDO TEXTO, PROFESSOR ROMANO. POR E-MAIL ENVIEI AOS MEUS AMIGOS!
ABRAÇOS!
MARTA
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