Eu tenho um vício. Confesso. Fico olhando as pessoas e tentando ler seus gestos, seu corpo, suas palavras. Eu me delicio vendo a dicotomia entre ser - representar da nossa espécie Homo sapiens demens.
Tive um aluno que queria ser o bom entre seus colegas. Era mesmo bom escrevente. Provas bem escritas. Postava-se diante dos colegas e de mim com seu corpo franzino, pequeno, olhos pequeninos como os de uma raposinha e um leve sorriso de escárnio. Um Monalisa. Nunca entendi o porquê de sua tanta insegurança. Mas eu sou professora, não psicanalista.
Mesmo assim, continuo analisando as filigranas dos gestos. Há alguns anos uma colega tornou-se coordenadora de um pós-graduação. No dia seguinte ela andava com um peito de pombo, falando alto e em bom som pelos corredores. Eu, hein?! Cheguei a ter pena. Cromossomos inseguros e arrogantes.
Um colega desligou o telefone na minha cara e me disse - cara a cara, depois que fui vê-lo ao vivo e a cores - que bateu o dedo no fone. Até me mostrou como seu dedinho bateu na teclinha de desligar seu foninho. Olhei bem para as mãos dele, seu dedinho trêmulo e vi um menininho pregando mentirinha para a mamãe. Ui, que pena dele. Claro, a pena como "cer umano"; como político de uma universidade me deu vontade de jogá-lo janela abaixo. Mas, a janela era pequena.
Um colega professor me deu um "pito", me chamou de deselegante quando mencionei a palavra puteiro como metáfora para designar a instituição de outra pessoa. Nofa! sai de fininho. Seus gestos iam partir para a ação! Nofa! que colega conservador! Cromossomos antigos!
Quanta bobagem para um feriado! Sorry!
Nenhum comentário:
Postar um comentário