A normalização do indivíduo
Rui Herbon do Blog JUGULAR, Portugal AQUI
A diversidade cultural é um tema pitoresco. E de modo especial quando se impõe sob a forma de código laboral. Reparem que existe pouca diferença entre um empregado do banco UBS, a quem a normativa interna aconselha que use roupa interior de boa qualidade e facilmente lavável, e um funcionário do Ministério de Culturas da Bolívia, obrigado a vestir roupa tradicional todas as segundas-feiras. O próprio vice-ministro da interculturalidade aproveita o primeiro dia útil da semana para enfiar na cabeça uma espécie de chapéu em forma de cauda de pavão, a fim de despachar com autoridade multicultural a agenda do dia. Em nome do excitado orgulho pátrio humilha-se os funcionários, que têm que atender o telefone ou o público ou redigir relatórios vestidos como figurantes de um qualquer carnaval. Ao mesmo tempo, na encantadora Suíça, a visão do mundo higieniza-se. O banco UBS decidiu que os seus empregados devem impressionar o cliente, ainda que os seus responsáveis também se confessem aterrados por os trabalhadores temporários – cada vez mais numerosos – se parecerem com o que na verdade são: temporários. Sem a habitual frieza ou arrogância dos fixos: eles, alheios aos fatos de bom corte; elas, com as unhas pintadas de preto ou decoradas artisticamente por manicuras. Enfim, incapazes de inspirar a mesma confiança daqueles que, através do seu adequado corte de cabelo – sem tingir, especificam –, infundem credibilidade aos caprichosos investidores. Por isso, aplicaram uma norma sobre a vestimenta e o asseio pessoal, num exercício de intromissão na privacidade que ultrapassa o que é razoável.
Rui Herbon do Blog JUGULAR, Portugal AQUI
A diversidade cultural é um tema pitoresco. E de modo especial quando se impõe sob a forma de código laboral. Reparem que existe pouca diferença entre um empregado do banco UBS, a quem a normativa interna aconselha que use roupa interior de boa qualidade e facilmente lavável, e um funcionário do Ministério de Culturas da Bolívia, obrigado a vestir roupa tradicional todas as segundas-feiras. O próprio vice-ministro da interculturalidade aproveita o primeiro dia útil da semana para enfiar na cabeça uma espécie de chapéu em forma de cauda de pavão, a fim de despachar com autoridade multicultural a agenda do dia. Em nome do excitado orgulho pátrio humilha-se os funcionários, que têm que atender o telefone ou o público ou redigir relatórios vestidos como figurantes de um qualquer carnaval. Ao mesmo tempo, na encantadora Suíça, a visão do mundo higieniza-se. O banco UBS decidiu que os seus empregados devem impressionar o cliente, ainda que os seus responsáveis também se confessem aterrados por os trabalhadores temporários – cada vez mais numerosos – se parecerem com o que na verdade são: temporários. Sem a habitual frieza ou arrogância dos fixos: eles, alheios aos fatos de bom corte; elas, com as unhas pintadas de preto ou decoradas artisticamente por manicuras. Enfim, incapazes de inspirar a mesma confiança daqueles que, através do seu adequado corte de cabelo – sem tingir, especificam –, infundem credibilidade aos caprichosos investidores. Por isso, aplicaram uma norma sobre a vestimenta e o asseio pessoal, num exercício de intromissão na privacidade que ultrapassa o que é razoável.
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