A Liberdade Segundo Jonathan Franzen por Maurício Santoro AQUI
Os Berglunds eram a família modelo num pacato subúrbio residencial do estado de Minnesota, sempre dispostos a ajudar os vizinhos e com dois filhos inteligentes e saudáveis. É certo que havia alguns questionamentos – por que Patty, a esposa,nunca visitava seus pais em Nova York? – mas eram questões menores. De repente, não mais do que de repente, as coisas saíram de controle. Talvez o 11 de setembro possa ser o marco, mas os atentados dificilmente explicam a saída de casa do filho caçula, Joey, ou a freqüência com que Patty passou a beber. E o que diabos representa para a família o músico-alternativo-que-virou-superstar, Richard Katz, o grande amigo de juventude de Walter, o marido? A mudança dos Berglund para Washington, DC, foi o prelúdio do desastre, mas ainda assim ninguém entendeu o perfil que o New York Times publicou do gentil Walter, associando-o à devastação do carvão e chamando-o de “notório arrogante.”
“Freedom”, de Jonathan Franzen, é um romance sobre excessos – de liberdade, de dinheiro, de opções e como todas essas possibilidades acabam fazendo com que as pessoas se percam em meio às dificuldades da vida contemporânea nos Estados Unidos. Como seu best seller anterior, “As Correções”, é também uma crônica das desventuras de um casal de classe média por sua crise de meia idade. A novidade é que Franzen está mais político, satirizando o clima de “o vencedor leva tudo” que tomou conta da sociedade americana, e elaborando tramas a partir das negociatas no Iraque. Eu havia gostado das “Correções”, e “Freedom” é ainda melhor.
A trama acompanha a trajetória de quatro personagens: Walter, Patty, Joey e Richard, com olhares momentâneos sobre seus vizinhos, amigos, amantes, parentes e fãs. O que os quatro têm em comum é o desejo de mudar de vida, mas a permanente insatisfação com as escolhas que realizam. Walter abandona a empresa na qual trabalhou por muitos anos para tocar uma fundação filantrópica ambiental, de credenciais questionáveis. Patty se sente frustrada com sua rotina de dona de casa e lamenta os erros que cometeu. Joey vive as ansiedades da adolescência e do início da vida adulta, principalmente as tentações do dinheiro, ao ser apresentado à milionária família de seu colega de quarto. O personagem mais interessante, sem dúvida, é Richard. Sua carreira boêmia e errática sofre um baque violento quando ele se torna um sucesso de público. Mas talvez ser bem-sucedido não seja o que ele procure.
O romance consegue ser engraçado e amargo ao mesmo tempo, com passagens inesquecíveis, como Richard criticando a pose dos roqueiros, Joey refletindo sobre a importância da música em sua vida ou a relação de amizade, carinho, rivalidade e ressentimento que une e separa Richard e Walter, desde os dias da faculdade. Há também problemas, em especial uma certa agressividade que com freqüência aparece nas descrições dos personagens femininos. Mas é muito bom encontrar um romance que me emocione e me faça pensar.
Os Berglunds eram a família modelo num pacato subúrbio residencial do estado de Minnesota, sempre dispostos a ajudar os vizinhos e com dois filhos inteligentes e saudáveis. É certo que havia alguns questionamentos – por que Patty, a esposa,nunca visitava seus pais em Nova York? – mas eram questões menores. De repente, não mais do que de repente, as coisas saíram de controle. Talvez o 11 de setembro possa ser o marco, mas os atentados dificilmente explicam a saída de casa do filho caçula, Joey, ou a freqüência com que Patty passou a beber. E o que diabos representa para a família o músico-alternativo-que-virou-superstar, Richard Katz, o grande amigo de juventude de Walter, o marido? A mudança dos Berglund para Washington, DC, foi o prelúdio do desastre, mas ainda assim ninguém entendeu o perfil que o New York Times publicou do gentil Walter, associando-o à devastação do carvão e chamando-o de “notório arrogante.”
“Freedom”, de Jonathan Franzen, é um romance sobre excessos – de liberdade, de dinheiro, de opções e como todas essas possibilidades acabam fazendo com que as pessoas se percam em meio às dificuldades da vida contemporânea nos Estados Unidos. Como seu best seller anterior, “As Correções”, é também uma crônica das desventuras de um casal de classe média por sua crise de meia idade. A novidade é que Franzen está mais político, satirizando o clima de “o vencedor leva tudo” que tomou conta da sociedade americana, e elaborando tramas a partir das negociatas no Iraque. Eu havia gostado das “Correções”, e “Freedom” é ainda melhor.
A trama acompanha a trajetória de quatro personagens: Walter, Patty, Joey e Richard, com olhares momentâneos sobre seus vizinhos, amigos, amantes, parentes e fãs. O que os quatro têm em comum é o desejo de mudar de vida, mas a permanente insatisfação com as escolhas que realizam. Walter abandona a empresa na qual trabalhou por muitos anos para tocar uma fundação filantrópica ambiental, de credenciais questionáveis. Patty se sente frustrada com sua rotina de dona de casa e lamenta os erros que cometeu. Joey vive as ansiedades da adolescência e do início da vida adulta, principalmente as tentações do dinheiro, ao ser apresentado à milionária família de seu colega de quarto. O personagem mais interessante, sem dúvida, é Richard. Sua carreira boêmia e errática sofre um baque violento quando ele se torna um sucesso de público. Mas talvez ser bem-sucedido não seja o que ele procure.
O romance consegue ser engraçado e amargo ao mesmo tempo, com passagens inesquecíveis, como Richard criticando a pose dos roqueiros, Joey refletindo sobre a importância da música em sua vida ou a relação de amizade, carinho, rivalidade e ressentimento que une e separa Richard e Walter, desde os dias da faculdade. Há também problemas, em especial uma certa agressividade que com freqüência aparece nas descrições dos personagens femininos. Mas é muito bom encontrar um romance que me emocione e me faça pensar.
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