Não adianta reclamar com as elites, partindo de uma posição vitimista, pedindo-lhes que sejam boazinhas conosco (como antigamente?). No Brasil, as elites ainda não perceberam que têm a perder, desrespeitando até mesmo os acordos que sustetam o modo burguês de dominação. Qualquer alteração importante neste estadod e coisas tem que partir de quem se sente prejudicado, mas não necessariamente vitimado; a inveja e o ressentimento, aliados à falta de auto-estima de quem não valoriza o que já conquistou, têm sempre promovido um olhar fascinado e paralisado em direção e "eles", os privilegiados à custa de nossa passividade. Ao meu ver, a herança de nosso passado PIDÃO e CHORÃO às vezes parece sobreviver justamente entre alguns setores de esquerda, que acreditavam na denúncia da maldade das elites como modo de mobilização de consciências. [...]
O narcisismo das elites, como toda formação narcisista, não é algo de que se abra mão voluntariamente, por força do desconforto produzido pela má consciência a que as esquerdas tentam inultimente apelar. Como na teoria freudiana, sabemos que ninguém abre mão de gratificações narcísicas: se o bebê não fosse expulso de sua unidade primária com a mãe, jamais se tornaria sujeito, jamais substituiria as gratificações fáceis do princípio do prazer pelas renúncias do princípio de realidade. Se as elites brasileiras ainda nãpo caíram na real e ainda s eimaginam no colo farto da mãe gentil, é porque de alguma forma nós estamos facilitando as coisas para elas. O narcisismo das elites só vai ser destituído pela maioridade das massas.
Do livro de Maria Rita Kehl, A mínima diferença, Editora Imago, 1996, p. 226 2 227.
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A propósito da manutenção da corrupção de Jaqueline Roriz, da festa do Maluf com a presença do comunista Aldo Rebelo, da convivência amistosa entre a ex-querda com a direita no parlamento, na universidade...
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