Enviado por Crozny, do Blog do Ricardo Noblat - 27.8.2007 - 9h08m
Quem julgará o Senado por quebra de decoro?
Há assuntos de mais e disposição de menos para aborrecê-los. Então iremos de quê hoje?
De Renan, às vésperas de se dar mal no Conselho de Ética e bem plenário do Senado?
Ou de Anac, a Agência Nacional de Aviação Civil, responsável em grande parte pela tragédia de Congonhas onde morreram 199 pessoas?
É verdade que temos em curso o julgamento do mensalão na corte dos ministros internautas.
Sim, e temos Lula. Sempre teremos - quando nada até 31 de dezembro de 2010. O que seria de mim e de vocês se Lula não existisse para ser malhado?
Governo tem de sofrer - decretou um baiano que se mudou para a Paraíba nos anos 70. Falarei sobre ele outro dia.
Que tal nos determos na escolha do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)? Ali tem uma vaga desde que se aposentou Sepúlveda Pertence. A sair em novembro quando completará 70 anos de idade, ele resolveu sair logo, perdendo o mais importante julgamento da história do STF. E por quê? Para ser substituído pelo jurista Carlos Alberto Menezes Direito.
Se Direito não for nomeado rapidinho por Lula, aprovado rapidinho pelo Senado e empossado rapidinho, tchau e benção. Fará 65 anos no próximo dia oito. A lei proíbe a nomeação para o STF de maiores de 65 anos.
Direito é carioca, ligado a organizações católicas ultra-conservadoras, ao PMDB e ao ministro da Defesa Nelson Jobim. Lula prometeu ao governador Sérgio Cabral que o futuro ministro do STF será um carioca. E alguns ministros do STF, cabos eleitorais de Direito, parecem dispostos a levar em conta os interesses do governo no julgamento dos mensaleiros. Em troca, esperam celebrar a vitória do seu candidato à vaga de Pertence.
Eles também são filhos de Deus, gente. E se Lula pode continuar dizendo que não sabe o que deveria saber por que ministro do STF é obrigado a saber de tudo?
Para variar não seria melhor irmos de Lula? Não se passa um dia sem que ele ofereça motivos para ser atacado pela mídia dita fascista.
Na semana passada, por exemplo, bateu nos jornalistas que se julgam donos da verdade e dizem o que querem na televisão. Ninguém respondeu. Ele então voltou criticar as elites, suspeitas de apostaram no fracasso do seu governo. Foi ignorado.
À falta do que fazer deu mais uma estocada no seu antecessor. Prometeu que não irá estudar em Paris quando terminar seu mandato. Deveria ir, sim. Paris é melhor do que São Bernardo e vale muito mais do que um curso.
Mas deixemos Lula em paz - por enquanto.
E a diretoria da Anac, heim?
Em dezembro último, técnicos da agência discutiram o risco iminente de um avião “varar” a pista de Congonhas. Em meados deste ano, a Anac entregou à Justiça documento onde condicionava pousos em Congonhas ao pleno uso dos reversores. Foi sob tal condição que a Justiça liberou a pista.
Viu-se depois que o documento era apócrifo. Vou repetir: era apócrifo. Atenção servos fiéis do governo: querem que eu desenhe?
No dia 16 de julho, 11 aviões pousaram com dificuldade na pista ensaboada. Aí, no dia 17, o Airbus da TAM, com um reversor a menos, tentou pousar...
Forçar a demissão da diretoria da Anac a essa altura? É pouco. É quase nada. Ela deveria ir para a cadeia.
Quanto a Renan, talvez seja um exagero sugerir que acabe preso – se bem que Al Capone foi preso porque enganou o Tesouro, não porque tenha mandado matar ninguém.
Renan enganou o Tesouro com bois voadores, sociedade secreta para a compra de um jornal e de duas emissoras de rádio, e a obtenção de empréstimos não contabilizados. Enganou a mulher (problema dela). Mas temos de admitir que não se possa acusá-lo de enganar os colegas.
Não há idiotas no Senado. Há quem se valha de notas fiscais frias para embolsar a verba indenizatória, uma espécie de segundo salário. É Renan que autoriza os pagamentos.
Há quem empregue parentes e amantes nos gabinetes.
Há pelo menos um senador que seduziu uma sobrinha menor de idade. E há outro que deve ao ministro da Justiça o favor de ter livrado o filho de uma encrenca com a polícia. Na época, o ministro era Renan.
Enfim, há cumplicidade e medo. E por falar nisso, cadê Jefferson Perez? Pediu a renúncia de Renan quando ninguém pedia. Bravo!!! Desapareceu depois. Vexame!!!
Quem julgará o Senado por quebra de decoro quando ele absolver o indecoroso Renan, pobre vítima de uma aventureira gananciosa e sem escrúpulos, de iracundos desafetos políticos provincianos e de uma mídia irresponsável e com os reversores pinados?
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