TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Verdade...

Do Blog Vitória de Samotrácia
HISTORINHA CURTA E MÍTICA SOBRE OS VESTIDOS DA VERDADE
Ninguém ainda viu um dragão voando com as tripas para fora, céu a dentro. Se isso aconteceu foi no tempo da verdade revelada pelo poeta, quando deuses se escondiam atrás das moitas e se transformavam no que bem entendiam.
No tempo em que os bichos falavam, a verdade era um animal selvagem, negociador com as forças da natureza. Depois veio a verdade do guerreiro, compartilhada do mesmo modo como eram compartilhados os despojos de guerra. Todos falavam fingindo se ouvir. Se alguém desconfiava do jogo, fingia não desconfiar.
O medo tem um corpo de nove metros e é entre os centímetros desse corpo gigantesco que a verdade gosta de se esconder. Os homens de duas cabeças fogem léguas do corpo do medo.
Um dia - dizem - surgiu um homem que disse ser o caminho, a verdade e a vida. Era um corpo pronto, de tamanho normal, sem perigos, sem ameaças. A Verdade-Dragão caiu do céu mortinha na terra. Os homens de duas cabeças invadiram esse corpo e esqueceram nele de todo o medo. Deixaram a coragem nas mãos da lua e ela morreu de insolação lunar. O raciocínio parou na altura dos ombros do mundo. E a verdade morreu crucificada, entre o caminho e a vida.
Aqueles que não entraram no corpo do Verdadeiro Corpo Morto Vivo são sombras amarelo-claras de um incêndio com vida inédita: têm luz própria mas o medo eterno faz com que todos as vejam como fogo-fátuo.
Ninguém quer saber da verdade. A verdade é a sombra branca de um fantasma de luto

Nenhum comentário:

Braziu!

Braziu!

Arquivo do blog

Marcadores

Eu

Eu

1859-2009

1859-2009
150 anos de A ORIGEM DAS ESPÉCIES

Assim caminha Darwin

Assim caminha Darwin

Esperando

Esperando

Google Analytics