Do Blog Vitória de Samotrácia
HISTORINHA CURTA E MÍTICA SOBRE OS VESTIDOS DA VERDADE
Ninguém ainda viu um dragão voando com as tripas para fora, céu a dentro. Se isso aconteceu foi no tempo da verdade revelada pelo poeta, quando deuses se escondiam atrás das moitas e se transformavam no que bem entendiam.
No tempo em que os bichos falavam, a verdade era um animal selvagem, negociador com as forças da natureza. Depois veio a verdade do guerreiro, compartilhada do mesmo modo como eram compartilhados os despojos de guerra. Todos falavam fingindo se ouvir. Se alguém desconfiava do jogo, fingia não desconfiar.
Ninguém ainda viu um dragão voando com as tripas para fora, céu a dentro. Se isso aconteceu foi no tempo da verdade revelada pelo poeta, quando deuses se escondiam atrás das moitas e se transformavam no que bem entendiam.
No tempo em que os bichos falavam, a verdade era um animal selvagem, negociador com as forças da natureza. Depois veio a verdade do guerreiro, compartilhada do mesmo modo como eram compartilhados os despojos de guerra. Todos falavam fingindo se ouvir. Se alguém desconfiava do jogo, fingia não desconfiar.
O medo tem um corpo de nove metros e é entre os centímetros desse corpo gigantesco que a verdade gosta de se esconder. Os homens de duas cabeças fogem léguas do corpo do medo.
Um dia - dizem - surgiu um homem que disse ser o caminho, a verdade e a vida. Era um corpo pronto, de tamanho normal, sem perigos, sem ameaças. A Verdade-Dragão caiu do céu mortinha na terra. Os homens de duas cabeças invadiram esse corpo e esqueceram nele de todo o medo. Deixaram a coragem nas mãos da lua e ela morreu de insolação lunar. O raciocínio parou na altura dos ombros do mundo. E a verdade morreu crucificada, entre o caminho e a vida.
Aqueles que não entraram no corpo do Verdadeiro Corpo Morto Vivo são sombras amarelo-claras de um incêndio com vida inédita: têm luz própria mas o medo eterno faz com que todos as vejam como fogo-fátuo.
Ninguém quer saber da verdade. A verdade é a sombra branca de um fantasma de luto
Um dia - dizem - surgiu um homem que disse ser o caminho, a verdade e a vida. Era um corpo pronto, de tamanho normal, sem perigos, sem ameaças. A Verdade-Dragão caiu do céu mortinha na terra. Os homens de duas cabeças invadiram esse corpo e esqueceram nele de todo o medo. Deixaram a coragem nas mãos da lua e ela morreu de insolação lunar. O raciocínio parou na altura dos ombros do mundo. E a verdade morreu crucificada, entre o caminho e a vida.
Aqueles que não entraram no corpo do Verdadeiro Corpo Morto Vivo são sombras amarelo-claras de um incêndio com vida inédita: têm luz própria mas o medo eterno faz com que todos as vejam como fogo-fátuo.
Ninguém quer saber da verdade. A verdade é a sombra branca de um fantasma de luto
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