Do Blog de Rerum natura, Portugal
Erotismo
Já tinha sido afixada aqui esta crónica do psiquiatra José Pio de Abreu (autor de "Quem nos Faz como Somos"), mas foi retirada uma vez que ainda não tinha saído no jornal "Destak".
Erotismo
Já tinha sido afixada aqui esta crónica do psiquiatra José Pio de Abreu (autor de "Quem nos Faz como Somos"), mas foi retirada uma vez que ainda não tinha saído no jornal "Destak".
Saiu hoje e damos-lhe maior destaque publicando-a também aqui: Segundo vários especialistas, o que faz o erotismo é a transgressão. O segredo erótico da moda feminina é ocultar e simultaneamente sugerir o que é proibido. Fruto proibido é o mais desejado.
Se a teoria estiver certa, Portugal é o país mais erótico do mundo. Há leis e proibições para todos os gostos, que toda a gente se entretém a transgredir com gozo e alarde. O fenómeno generalizou-se tanto que ficou sem graça: todos se orgulhavam de fugir aos impostos, de não pagar aos credores, de faltar ao trabalho, de chegar com atraso. Era preciso acabar com isto.
À falta de melhor, o último reduto do erotismo é a estrada.
Sabe-se que as grandes velocidades são tão orgásticas quanto perigosas, mas o erotismo inofensivo pode-se cultivar a velocidades menores.
Quem é que dispensa o pequeno prazer de andar a 70 à hora quando o limite é 60? Ainda por cima é inofensivo.Claro que as autoridades já toparam o esquema. Aliás, elas também têm direito ao seu pequeno gozo erótico, em geral mais virado para a variante sádica.
Assim, quando devem colocar o limite de 60, elas põem uma placa de 50. E, já se sabe, os automobilistas, que também topam as autoridades, transgridem, mas não andam a mais de 60 quilómetros. De um lado e doutro, todos ficam felizes com a sua pequena dose de perversão. O pior é para aqueles para quem a rodovia não tem nada a ver com a sexualidade.
J.L. Pio Abreu
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