O Brasil, as eleições presidenciais e a crise nos EUA.
O texto está na Revista Acim. A revista de negócios do Paraná. Autoria de Sidnei J. Munhoz e Guilherme Tadeu de Paula (bolsista Pibic e estudante o curso de Ciências Sociais) , foi publicado na sessão Penso Assim, p. 46 (última página) do n. 481, outubro de 2008.
Independente do resultado das eleições para a Casa Branca, não haverá alterações profundas na política externa dos EUA voltada à America Latina. Diferente do Brasil, onde as ações governamentais são de curta duração, por lá, desde a década de 1890, as políticas de Estado são longevas e sem rupturas marcantes. Assim, Carter, Reagan, Clinton, ou Bush, com posicionamentos ora mais, ora menos “progressistas” mantiveram as linhas gerais da política externa dos EUA. O mesmo deverá ocorrer com McCain ou Obama.
Isso não implica homogeneidade programática entre republicanos e democratas. Destaca-se que, desde o início do século XX, a política doméstica republicana baseia-se na redução de impostos, cortes nos gastos sociais e menor intervenção do Estado na economia. Já os democratas, evitam cortes tributários, sustentam políticas sociais mais amplas e maior participação do Estado na economia. No governo, ambos são protecionistas, uma vez que os EUA praticam a diplomacia de negócios – o que confronta abstrações (neo)liberais simplistas. Porém, os democratas acentuam o protecionismo, pois sua base trabalhista exige a garantia de postos de trabalho e salários. Contudo, situações específicas podem levar a alterações. Exemplo disso é o governo George W. Bush, que face à baixa popularidade e sob pressão, adotou conduta mais agressiva e protecionista. No atual contexto dos EUA, mais importante do que as eleições, são os resultados da pujante intervenção do Estado na economia, com o objetivo de estancar a crise desencadeada pela ausência de mecanismos regulatórios de mercado e pela excessiva financeirização da economia, e evitar que ela se torne sistêmica.
Para se compreender a dinâmica política estadunidense, é vital interpretar de forma crítica o atual processo histórico. Para tanto, há que se romper com a sedução dos discursos midiáticos, que, por vezes, reféns de agências internacionais, são porta-vozes de interesses de grupos. Assim, tornam-se inimigos da objetividade e funcionários da desinformação. É necessário compreender que os EUA são, de um lado, o maior parceiro do Brasil e, de outro, um rival. Os interesses ora se aproximam, ora se distanciam ou se tornam conflituosos. Estrategicamente, as relações com os EUA devem ser aprofundadas com independência e autonomia, reconhecendo-se interesses comuns e divergências. Para tanto, são necessárias políticas de Estado baseadas na diversificação e na ampliação das relações com comunidade das nações. Assim, é basilar fortalecer o Mercosul e as parcerias com o Pacto Andino, expandir as relações com a Comunidade Européia, consolidar a cooperação com o Japão e com os BRICs e retomar o espaço perdido na África. Isso não é “receita”, mas condição para o Brasil tornar-se global player, ampliar a margem de manobra nas relações com os EUA e ter voz no conturbado cenário político internacional, em que se delineia a expansão de conflitos políticos, comerciais e bélicos.
Independente do resultado das eleições para a Casa Branca, não haverá alterações profundas na política externa dos EUA voltada à America Latina. Diferente do Brasil, onde as ações governamentais são de curta duração, por lá, desde a década de 1890, as políticas de Estado são longevas e sem rupturas marcantes. Assim, Carter, Reagan, Clinton, ou Bush, com posicionamentos ora mais, ora menos “progressistas” mantiveram as linhas gerais da política externa dos EUA. O mesmo deverá ocorrer com McCain ou Obama.
Isso não implica homogeneidade programática entre republicanos e democratas. Destaca-se que, desde o início do século XX, a política doméstica republicana baseia-se na redução de impostos, cortes nos gastos sociais e menor intervenção do Estado na economia. Já os democratas, evitam cortes tributários, sustentam políticas sociais mais amplas e maior participação do Estado na economia. No governo, ambos são protecionistas, uma vez que os EUA praticam a diplomacia de negócios – o que confronta abstrações (neo)liberais simplistas. Porém, os democratas acentuam o protecionismo, pois sua base trabalhista exige a garantia de postos de trabalho e salários. Contudo, situações específicas podem levar a alterações. Exemplo disso é o governo George W. Bush, que face à baixa popularidade e sob pressão, adotou conduta mais agressiva e protecionista. No atual contexto dos EUA, mais importante do que as eleições, são os resultados da pujante intervenção do Estado na economia, com o objetivo de estancar a crise desencadeada pela ausência de mecanismos regulatórios de mercado e pela excessiva financeirização da economia, e evitar que ela se torne sistêmica.
Para se compreender a dinâmica política estadunidense, é vital interpretar de forma crítica o atual processo histórico. Para tanto, há que se romper com a sedução dos discursos midiáticos, que, por vezes, reféns de agências internacionais, são porta-vozes de interesses de grupos. Assim, tornam-se inimigos da objetividade e funcionários da desinformação. É necessário compreender que os EUA são, de um lado, o maior parceiro do Brasil e, de outro, um rival. Os interesses ora se aproximam, ora se distanciam ou se tornam conflituosos. Estrategicamente, as relações com os EUA devem ser aprofundadas com independência e autonomia, reconhecendo-se interesses comuns e divergências. Para tanto, são necessárias políticas de Estado baseadas na diversificação e na ampliação das relações com comunidade das nações. Assim, é basilar fortalecer o Mercosul e as parcerias com o Pacto Andino, expandir as relações com a Comunidade Européia, consolidar a cooperação com o Japão e com os BRICs e retomar o espaço perdido na África. Isso não é “receita”, mas condição para o Brasil tornar-se global player, ampliar a margem de manobra nas relações com os EUA e ter voz no conturbado cenário político internacional, em que se delineia a expansão de conflitos políticos, comerciais e bélicos.
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