De Rerum Natura... e do BLOG do Professor Roberto Romano
domingo, 17 de Janeiro de 2010
Empreendedorismo e recuperação económica
Post convidado de Armando Vieira:
Os números do desemprego não param de aumentar. Nalguns países da Europa a taxa de desemprego aproxima-se dos 20% e em Portugal já ultrapassou a barreira psicológica dos 10%. Para muitos jovens encontrar emprego tornou-se uma missão impossível.
Até agora, os responsáveis políticos têm-se centrado na recuperação da economia, que tem estado em queda livre, impulsionando a procura. Mas há outra forma mais interessante de estimular o crescimento económico e o emprego: incentivar o empreendedorismo. Em vez de manter os empregos de ontem deve-se é criar empregos de amanhã. As palavras de ordem são empreendedorismo, inovação e capital de risco.
Start-ups inovadoras são motores eficientes de criação de emprego e de crescimento económico a longo prazo. Os governos têm desempenhado um papel importante no estímulo ao empreendedorismo criando infra-estruturas vitais para a inovação e investindo no ensino superior. Porém é ao empreendedor que cabe a tarefa de executar a transferência de tecnologia e de assumir riscos, por vezes elevadíssimos, por um projecto em que acredita. Infelizmente o apoio a este nível é escasso e mal gerido pelos poderes políticos.
Um estudo publicado recentemente pelo gabinete de estatística da União Europeia mostra que Portugal é dos países com menor taxa de empreendedorismo europeu. Da, já de si pouca, produção científica desenvolvida, é ainda mais escassa a que passa as fronteiras do mundo académico e é transferida para o sector produtivo através de projectos de start-ups.
Embora existam alguns programas de capital de risco, os valores envolvidos são insignificantes e o processo tão burocrático e moroso que raras vezes compensa o esforço. Raras são as universidades que dispõem de eficazes gabinetes de transferência de tecnologia. Business Angels, embora já existam em Portugal, são regulados por um quadro legislativo muito restritivo e os projectos apoiados são mínimos.
É altura de fazer muito mais pelo empreendedorismo em Portugal. Tome-se o caso de Israel. No ano passado, Israel, um país de pouco mais de 7 milhões de pessoas, tem mais empresas de capital de risco do que a França e a Alemanha juntas. Israel tem mais start-ups per capita do que qualquer outro país (um total de 3 850, ou um para cada 1 844 israelitas), e mais companhias listadas na bolsa NASDAQ do que a China e a Índia juntas!
Bastava canalizar uma fracção das verbas que são desbaratas em obras faraónicas, muitas de rentabilidade duvidosa, para fundos de capital de risco, ágeis e eficazes no apoio aos inúmeros empreendedores nacionais que são forçados a sair do país para fazer crescer os seus projectos, que dificilmente voltaríamos a ter problema com o desemprego.
Armando Vieira
Professor Coordenador no ISEP e CEO da Sairmais.com
domingo, 17 de Janeiro de 2010
Empreendedorismo e recuperação económica
Post convidado de Armando Vieira:
Os números do desemprego não param de aumentar. Nalguns países da Europa a taxa de desemprego aproxima-se dos 20% e em Portugal já ultrapassou a barreira psicológica dos 10%. Para muitos jovens encontrar emprego tornou-se uma missão impossível.
Até agora, os responsáveis políticos têm-se centrado na recuperação da economia, que tem estado em queda livre, impulsionando a procura. Mas há outra forma mais interessante de estimular o crescimento económico e o emprego: incentivar o empreendedorismo. Em vez de manter os empregos de ontem deve-se é criar empregos de amanhã. As palavras de ordem são empreendedorismo, inovação e capital de risco.
Start-ups inovadoras são motores eficientes de criação de emprego e de crescimento económico a longo prazo. Os governos têm desempenhado um papel importante no estímulo ao empreendedorismo criando infra-estruturas vitais para a inovação e investindo no ensino superior. Porém é ao empreendedor que cabe a tarefa de executar a transferência de tecnologia e de assumir riscos, por vezes elevadíssimos, por um projecto em que acredita. Infelizmente o apoio a este nível é escasso e mal gerido pelos poderes políticos.
Um estudo publicado recentemente pelo gabinete de estatística da União Europeia mostra que Portugal é dos países com menor taxa de empreendedorismo europeu. Da, já de si pouca, produção científica desenvolvida, é ainda mais escassa a que passa as fronteiras do mundo académico e é transferida para o sector produtivo através de projectos de start-ups.
Embora existam alguns programas de capital de risco, os valores envolvidos são insignificantes e o processo tão burocrático e moroso que raras vezes compensa o esforço. Raras são as universidades que dispõem de eficazes gabinetes de transferência de tecnologia. Business Angels, embora já existam em Portugal, são regulados por um quadro legislativo muito restritivo e os projectos apoiados são mínimos.
É altura de fazer muito mais pelo empreendedorismo em Portugal. Tome-se o caso de Israel. No ano passado, Israel, um país de pouco mais de 7 milhões de pessoas, tem mais empresas de capital de risco do que a França e a Alemanha juntas. Israel tem mais start-ups per capita do que qualquer outro país (um total de 3 850, ou um para cada 1 844 israelitas), e mais companhias listadas na bolsa NASDAQ do que a China e a Índia juntas!
Bastava canalizar uma fracção das verbas que são desbaratas em obras faraónicas, muitas de rentabilidade duvidosa, para fundos de capital de risco, ágeis e eficazes no apoio aos inúmeros empreendedores nacionais que são forçados a sair do país para fazer crescer os seus projectos, que dificilmente voltaríamos a ter problema com o desemprego.
Armando Vieira
Professor Coordenador no ISEP e CEO da Sairmais.com
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