Para além das imagens
Do Blog de Joana Lopes, Entre as brumas da memória AQUI
«Quem disse há poucos anos que "o mundo está perigoso" pecou por apressadinho. Hoje, sim, o mundo está perigoso. Como se mede o perigo tipo agora-é-que-é? É quando vemos ditaduras corruptas a estremecer com multidões na rua e nós a hesitar: vamos lá ver o que vem a seguir... Ontem, estaríamos eufóricos com jasmins nos canos das espingardas, em Tunes, ou com aquele carro policial a meter o seu jacto de água entre as pernas porque um só jovem em larga avenida cairota o defrontou... Agora, fazemos contas. E elas são contas de três complicadas: há os bons, os maus e os péssimos. E estes, não tendo ainda entrado em cena (aparentemente), bem podem ser os vencedores finais. Vejam a muito poderosa Hillary Clinton enredada também ela em contagens múltiplas. Mediu os mesmos manifestantes, com iguais razões de protesto, tunisinos e egípcios, por bitolas diferentes. Aos primeiros, aplaudiu-lhes a coragem, aos segundos, negou-lhes homenagem. Leia-se na diferença só isto: o perigo dos péssimos na Tunísia é menos provável do que no Egipto. Olhem, outra característica do mundo quando fica mesmo, mesmo perigoso: além do preto e branco acrescenta-nos muitos cinzentos. Mas, claro, nem todos vêem isso. Só os que têm um mapa-múndi lá em casa e percebem que o mar Mediterrâneo se chama assim porque não é um grande oceano.»
Ferreira Fernandes no DN. Lutas justas que nos metem medo
Do Blog de Joana Lopes, Entre as brumas da memória AQUI
«Quem disse há poucos anos que "o mundo está perigoso" pecou por apressadinho. Hoje, sim, o mundo está perigoso. Como se mede o perigo tipo agora-é-que-é? É quando vemos ditaduras corruptas a estremecer com multidões na rua e nós a hesitar: vamos lá ver o que vem a seguir... Ontem, estaríamos eufóricos com jasmins nos canos das espingardas, em Tunes, ou com aquele carro policial a meter o seu jacto de água entre as pernas porque um só jovem em larga avenida cairota o defrontou... Agora, fazemos contas. E elas são contas de três complicadas: há os bons, os maus e os péssimos. E estes, não tendo ainda entrado em cena (aparentemente), bem podem ser os vencedores finais. Vejam a muito poderosa Hillary Clinton enredada também ela em contagens múltiplas. Mediu os mesmos manifestantes, com iguais razões de protesto, tunisinos e egípcios, por bitolas diferentes. Aos primeiros, aplaudiu-lhes a coragem, aos segundos, negou-lhes homenagem. Leia-se na diferença só isto: o perigo dos péssimos na Tunísia é menos provável do que no Egipto. Olhem, outra característica do mundo quando fica mesmo, mesmo perigoso: além do preto e branco acrescenta-nos muitos cinzentos. Mas, claro, nem todos vêem isso. Só os que têm um mapa-múndi lá em casa e percebem que o mar Mediterrâneo se chama assim porque não é um grande oceano.»
Ferreira Fernandes no DN. Lutas justas que nos metem medo
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