Por Elio Gaspari: Folha de São paulo 2/9/07
URTICÁRIA
A edição do livro "Direito à Memória e à Verdade", da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, é um excelente contraponto para outra publicação do governo de Nosso Guia, os 15 volumes de "1964 - 31 de março", editados em 2003. Eles reúnem 250 entrevistas de admiradores da ditadura (exceção para José Genoino).
As vozes militares vêm de 216 oficiais, quase todos da reserva. Deles, pelo menos 60 passaram pelo aparelho de segurança e informações do regime militar e oito serviram nos DOI-Codi. Publicada pela Biblioteca do Exército, a obra foi concebida no governo de FFHH.Tem coisas assim: "Acabamos com o terrorismo no Brasil, doa a quem doer.
Por isso eles vivem falando em torturas (...)" (tenente coronel Orestes da Rocha Cavalcanti). Ou ainda: "A "canalha", caluniando e mentindo, vai passando às novas gerações a imagem de que houve uma "ditadura militar" (...) O atual governo (FFHH) comunga com a "canalha'" (general Anápio Gomes Filho.)
"Direito à Memória" atualiza a documentação publicada em 1999, em "Os Filhos deste Solo". Cada um dos 339 mortos ou desaparecidos é lembrado com uma curta biografia e o resumo dos argumentos de suas famílias na busca de reparações. É matéria para pesquisadores e, felizmente, seu conteúdo irá para a internet.Como os companheiros não foram capazes de achar nos arquivos do governo nem sequer papéis que já são públicos, acessíveis no CPDOC, acrescentou-se pouco à busca da verdade. "Direito à Verdade" provocou alguns acessos de urticária. São produto da saudade da anarquia militar e da ditadura.
Um comentário:
ISTO É MUITO BOM.
Postar um comentário