Vejo pela TV os milhares de pobres e centenas de ricos assombrados diante das mortes nessas chuvas no Brasil. Rio de Janeiro, lindo estado. Minas Gerais, idem. São Paulo. Vejo centenas desempregados, crianças de classe média, pedreiros, velhos ajudando os bombeiros. E os bombeiros ajudando-os. Sublime brasileiros. A generosidade prevalece. Do outro lado, lá pelas bandas de Brasília, o silêncio de deputados e senadores que elevaram seus salários para 62%. Mais os funções gratificadas como auxílio aluguel, terno, passaportes diplomáticos. Se o Havaí não for aqui, é lá onde é.
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Este silêncio é o mesmo dos prefeitos, governadores... Por que os pobres acordam com suas casas inundadas? Fizeram-nas com seu parco dinheiro residenciais em Fundos de Vale. As vezes, fundos "doados" generosamente pelos vereadores que garrotam os votantes, as vezes, pela "generosidade" dos imobiliaristas. O fato é que essa população varrida para as moradias nos Fundos de Vale tornam-se os anfibios da gula política.
Mesmo em uma cidade plana como a Má-ringa, os mais desfavorecidos moram em Fundos de Vale. A dissertação de Valter Dubiela, do Programa de Mestrado de Geografia da Universidade Estadual de Maringá mostra as "leis" locais e seus desdobramentos politiqueiros. Há outra dissertação de mestrado do Programa de Filosofia da UNESP, Universidade Estadual de São Paulo, de Marília que mostra a vida anfíbia da favela Risca Faca da cidade de Marília. Homens, mulheres e crianças jogados nos fundos da cidade, geograficamente chamados Fundos de Vale.
Vale a pena lembrar que nesses lugares, de geografia mais baixa, os políticos escondem os pobres. Ninguém os vê. É a parte invisível da cidade. Que se torna visível quando chove. Porque lá é lugar de sapos, rãs, peixes e ofídios. Não é lugar de gente.
REPITO: ENQUANTO ISSO AS VERBAS PARA MODERNIZAR AS VILAS DOS POBRES VAI PARA EMPRESAS "EXPERTAS" E PARA OS SALÁRIOS DOS DEPUTADOS E SENADORES.
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