Lula transforma Alencar em ponta-de-lança do assédio a senadores oposicionistas
Na boca do palco, Lula costuma fazer defesas enfáticas da reforma política. Seu ministro da Justiça, Tarso Genro, é simpático a um modelo que tem na fidelidade partidária um dos pilares. Nos bastidores, porém, o Planalto assedia, com sofreguidão, pelo menos oito senadores filiados a legendas oposicionistas. Tenta convencê-los a trocar de camisa, migrando para um dos onze partidos associados ao consórcio governista.
Encampado por Lula, o cerco tem na figura bonachona do vice-presidente José Alencar o seu principal ponta-de-lança. Flerta-se sobretudo senadores do DEM, a legenda mais anti-governista do Senado. O Planalto cobiça, nos subterrâneos, sete “demos”: César Borges (BA), Adelmir Santana (DF), Maria do Carmo Alves (SE), Kátia Abreu (TO), Romeu Tuma (SP), Edison Lobão (MA) e Demóstenes Torres (GO). Do PSDB, corteja-se, nos subterrâneos, Lúcia Vânia (GO).
Por trás das “cantadas” esconde-se uma preocupação com a fragilidade política do governo no Senado. Ali, diferentemente do que ocorre na Câmara, a maioria governista é tênue. Tão frágil que o governo passou a recear pelo futuro da CPMF. Não teme propriamente a rejeição da prorrogação do imposto do cheque.
Preocupa-se com a hipótese de ter de fazer concessões: a redução da alíquota de 0,38% para 0,20% e a divisão dos cerca e R$ 36 bilhões anuais que lhe rende a CPMF com governadores (20%) e prefeitos (10%). Impostas inicialmente pelo PSDB, tais condições começam a ganhar adeptos em outros partidos, mesmo naqueles consorciados com o Planalto.
Para renovar a CPMF até 2011, Lula precisa dos votos de 49 senadores. Por ora, dispõe, com absoluta segurança, de 44. Daí o esforço para passar a lábia em adversários. Deu-se no último dia 8 de agosto o lance mais ousado da empreitada. Lula estava fora do país. No exercício da presidência, Alencar pediu à secretária que telefonasse para o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Convidou-o para uma conversa no Planalto. Ao pôr os pés no gabinete presidencial, momentaneamente ocupado pelo vice, Demóstenes teve uma surpresa. Deu de cara com outros dois senadores “demos”: Romeu Tuma (SP) e Edison Lobão (MA). Ao lado do senador Marcelo Crivella (RJ), manda-chuva do PRB, Alencar não fez rodeios.
Primeiro, esclareceu que Lula via com bons olhos o encontro. Depois, convidou Demóstenes, Tuma e Lobão a ingressar no PRB. Escolhera os interlocutores com esmero. Pareceu familiarizado com as agruras enfrentadas pelos três no DEM. E disse que, mudando-se para o PRB, teriam total liberdade para organizar como bem entendessem seus respectivos projetos nos Estados.
Demóstenes deseja renovar o mandato de senador em 2010. Mas disputa a vaga com outros dois “demos”: o deputado Ronaldo Caiado e o ex-deputado Vilmar Faria, que conta com o apoio explícito do morubixaba Jorge Bornhausen (DEM-SC). Tuma também quer se recandidatar. Mas Bornhausen costura em São Paulo o apoio a outro “demo”: Guilherme Afif Domingos. Quanto a Lobão, há muito se encontra desconfortável no DEM, cuja cúpula o vê como um quinta-coluna a serviço dos interesses do governo.
A conversa resultou conclusiva. Mas, exceto por Demóstenes, que declara, em timbre peremptório, que não arredará pé do DEM, os outros dois deixaram a porta entreaberta para o entendimento. Também César Borges (DEM-BA), asfixiado na Bahia pelo ex-governador Paulo Souto, hoje o principal expoente dos “demos” no Estado, revela, em privado, uma propensão à composição. A direção do DEM, em estado de alerta, ergue barricadas. Afaga os assediados. Tenta acomodar os interesses. Mas não dispõe do mesmo poder de sedução do Planalto, traduzido na forma de cargos, verbas orçamentárias e oportunidades que só o governo pode proporcionar.
Escrito por Josias de Souza às 03h29
Na boca do palco, Lula costuma fazer defesas enfáticas da reforma política. Seu ministro da Justiça, Tarso Genro, é simpático a um modelo que tem na fidelidade partidária um dos pilares. Nos bastidores, porém, o Planalto assedia, com sofreguidão, pelo menos oito senadores filiados a legendas oposicionistas. Tenta convencê-los a trocar de camisa, migrando para um dos onze partidos associados ao consórcio governista.
Encampado por Lula, o cerco tem na figura bonachona do vice-presidente José Alencar o seu principal ponta-de-lança. Flerta-se sobretudo senadores do DEM, a legenda mais anti-governista do Senado. O Planalto cobiça, nos subterrâneos, sete “demos”: César Borges (BA), Adelmir Santana (DF), Maria do Carmo Alves (SE), Kátia Abreu (TO), Romeu Tuma (SP), Edison Lobão (MA) e Demóstenes Torres (GO). Do PSDB, corteja-se, nos subterrâneos, Lúcia Vânia (GO).
Por trás das “cantadas” esconde-se uma preocupação com a fragilidade política do governo no Senado. Ali, diferentemente do que ocorre na Câmara, a maioria governista é tênue. Tão frágil que o governo passou a recear pelo futuro da CPMF. Não teme propriamente a rejeição da prorrogação do imposto do cheque.
Preocupa-se com a hipótese de ter de fazer concessões: a redução da alíquota de 0,38% para 0,20% e a divisão dos cerca e R$ 36 bilhões anuais que lhe rende a CPMF com governadores (20%) e prefeitos (10%). Impostas inicialmente pelo PSDB, tais condições começam a ganhar adeptos em outros partidos, mesmo naqueles consorciados com o Planalto.
Para renovar a CPMF até 2011, Lula precisa dos votos de 49 senadores. Por ora, dispõe, com absoluta segurança, de 44. Daí o esforço para passar a lábia em adversários. Deu-se no último dia 8 de agosto o lance mais ousado da empreitada. Lula estava fora do país. No exercício da presidência, Alencar pediu à secretária que telefonasse para o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Convidou-o para uma conversa no Planalto. Ao pôr os pés no gabinete presidencial, momentaneamente ocupado pelo vice, Demóstenes teve uma surpresa. Deu de cara com outros dois senadores “demos”: Romeu Tuma (SP) e Edison Lobão (MA). Ao lado do senador Marcelo Crivella (RJ), manda-chuva do PRB, Alencar não fez rodeios.
Primeiro, esclareceu que Lula via com bons olhos o encontro. Depois, convidou Demóstenes, Tuma e Lobão a ingressar no PRB. Escolhera os interlocutores com esmero. Pareceu familiarizado com as agruras enfrentadas pelos três no DEM. E disse que, mudando-se para o PRB, teriam total liberdade para organizar como bem entendessem seus respectivos projetos nos Estados.
Demóstenes deseja renovar o mandato de senador em 2010. Mas disputa a vaga com outros dois “demos”: o deputado Ronaldo Caiado e o ex-deputado Vilmar Faria, que conta com o apoio explícito do morubixaba Jorge Bornhausen (DEM-SC). Tuma também quer se recandidatar. Mas Bornhausen costura em São Paulo o apoio a outro “demo”: Guilherme Afif Domingos. Quanto a Lobão, há muito se encontra desconfortável no DEM, cuja cúpula o vê como um quinta-coluna a serviço dos interesses do governo.
A conversa resultou conclusiva. Mas, exceto por Demóstenes, que declara, em timbre peremptório, que não arredará pé do DEM, os outros dois deixaram a porta entreaberta para o entendimento. Também César Borges (DEM-BA), asfixiado na Bahia pelo ex-governador Paulo Souto, hoje o principal expoente dos “demos” no Estado, revela, em privado, uma propensão à composição. A direção do DEM, em estado de alerta, ergue barricadas. Afaga os assediados. Tenta acomodar os interesses. Mas não dispõe do mesmo poder de sedução do Planalto, traduzido na forma de cargos, verbas orçamentárias e oportunidades que só o governo pode proporcionar.
Escrito por Josias de Souza às 03h29
2 comentários:
QUER MANTER A TODO CUSTO O SISTEMA, É UM REDUTOR, UMA GRANDE FARÇA, E O NOJO QUE TENHO É QUE AINDA EXISTEM PETISTAS QUE SE DIZEM HOMENS DE BEM QUE APOIAM ISTO(PARA LEVAREM VANTAGENS É CLARO) EM MARINGÁ, PARANÁ E BRASIL, COMO ROSINHA, SUPLICI...
Quer dizer que agora o chefe dos barros o Ricardão caiu na laia do Lula.
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