TUCA PUC 1977
EU QUASE QUE NADA SEI. MAS DESCONFIO DE MUITA COISA. GUIMARÃES ROSA.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

E no paraná

Do Blog do Solda, por Fabio Campana Charge de Tiago Recchia
Já disse e vou repetir. Sou, em princípio, contra toda e qualquer restrição à livre expressão de opinião. Fiz uma opção e me pauto por ela. Prefiro a liberdade.
Neste caso em que a Justiça impede Requião de usar a TVE para fazer autopromoção e achincalhar os desafetos, é natural que se levante a idéia de que a liberdade de expressão de Requião está sendo usurpada.
Situação que constrange a todos os libertários.Mas é necessário entender que a liberdade a ser respeitada acima de tudo não é apenas e unicamente a do Requião. Quando a liberdade está em jogo, trata-se da liberdade de todos.
A liberdade de Requião só é real e justa se for a de todos os cidadãos, o que só é possível quando a máquina do Estado é usada pelo governante transitório de forma republicana. Ou seja, com respeito às leis que determinam o seu uso por quem quer que seja.
Instituições políticas bem equilibradas e firmes são necessárias porque os chefes de governo não podem ser sempre invariavelmente bons, competentes e justos. Na verdade, a democracia não pretende garantir a escolha invariável de bons governantes; ela apenas torna os maus menos desastrosos e fornece à sociedade os meios para defender-se eficazmente deles.
Eis aí, num Paraná como o nosso, o que devia bastar para fazer burgueses, operários, intelectuais, padres, jornalistas, juízes e políticos pensarem duas vezes, em vez de não pensarem nenhuma.
Quando Requião usa a TV Educativa, um instrumento do Estado, para subordinar e desmoralizar as demais instituições democráticas, ele destrói pressupostos fundamentais para a sobrevivência de condições mínimas de vida democrática.
Quando Requião usa a TV Educativa como instrumento pessoal para atacar, denegrir, destruir a respeitabilidade alheia, restringe a liberdade de todos.
Não se pode, afinal, em nome da liberdade do déspota, cassar a liberdade de todos e permitir que ele diminua a liberdade que é o bem mais importante.
Uma inapreciável vantagem da democracia é a sua capacidade de proteger o governo de si próprio e a sociedade dos governos que podem lhe causar prejuízos. Pressões, impulsos cesaristas e, até, eventuais instabilidades emocionais do chefe, tudo isso deve esbarrar no anteparo das instituições, prender-se em suas malhas e acabar suscitando forças contrárias que tendem a devolver algum equilíbrio à nau do estado.
É o que a Justiça fez neste caso em que impede Requião de usar a TV Educativa para atentar contra as instituições democráticas. De resto, Requião não está sob censura. Continua em liberdade para dizer o que quiser. Só não pode usar o Estado, o erário e seus meios para a sua guerra pessoal contra a democracia.
Fábio Campana (23/1/2008) OEstado do Paraná.

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